...Sophie Salles:...
(Obs: Bambina é menina ou garota na língua italiana).
Acordei com o som estridente do alarme, me avisando que eu teria uma longo dia de trabalho pela frente. Me levantei, estiquei-me e peguei minha toalha, indo em direção ao banheiro, onde tomei um banho rápido e escovei os dentes.
Como tia Casilda e Bianca ainda dormiam, tomei cuidado para não acordá-las. Fui em direção à cozinha para fazer o café da manhã. Quando terminei de prepará-lo, peguei torradas e passei geleia de morango, logo já havia terminado de comer.
Peguei as chaves reserva que tia Casilda me entregou desde que passei a morar aqui e me preparei para sair. Após alguns minutos, já havia chegado na frente do restaurante.
"Bom dia, senhor Enrico", o cumprimentei adentrando o restaurante.
"Você está atrasada bambina", disse.
"Ainda são sete horas, como me atrasei se o senhor abre ao meio-dia?", perguntei verificando o horário no relógio que estava no meu pulso.
"Você deve chegar às seis, temos muita coisa pra limpar e organizar. Venha", chamou caminhando até cozinha, "veja, por exemplo, esta cozinha...isso está imundo", indicou o fogão com cara de nojo.
A cozinha realmente parecia ter criado uma crosta de sujeira, especialmente o fogão que estava coberto por molhos.
"Senhor, antes de começar, tenho que perguntar algumas coisas sobre o trabalho e o salário",falei, lembrando que ainda não havíamos conversado sobre isso.
"Não se preocupe com pequenos detalhes, Sofia. No final do expediente, vamos acertar tudo. Mas, por enquanto, limpe essa cozinha. Vou precisar sair agora, mas retorno em duas horas para te ajudar",respondeu, colocando um chapéu marrom e saindo do restaurante.
"É Sophie...", corrigi observando ele sair do restaurante, provavelmente nem ouviu.
Nem preciso dizer que o trabalho era gigante, não é? O que deixava tudo pior era a falta de produtos para limpar. Procurei por todos os lados, mas não encontrei. Fiquei me perguntando se tinha acabado ou se ele simplesmente não compra. Foi muito difícil limpar a cozinha só com água, sabão e um pano encardido, mas foi o que fiz.
Três horas depois, Enrico voltou e eu ainda estava finalizando a limpeza da cozinha.
"Ainda não terminou, bambina?", perguntou, entrando na cozinha.
"Terminei agora",respondi, colocando a vassoura, ainda envolta em um pano, em um canto da cozinha.
"Vou fazer o preparo de algumas refeições. Tem alguns folhetos do restaurante em cima da mesinha. Pegue e entregue para as pessoas que passarem aí na frente",mandou, revirando algumas panelas que estavam no armário.
Nessa hora, senti uma raiva subir e cheguei até mesmo a me imaginar acertando alguma das panelas em sua cabeça. Sacudi a minha cabeça, me livrando dessas ideias.
"Sim, senhor", rosnei tentando disfarçar minha irritação, em seguida peguei os folhetos e comecei entregá-los na frente do restaurante. Minhas pernas estavam até mesmo formigando pelo tempo que passei em pé.
Após uma hora entregando folhetos, abrimos o restaurante. Foi da mesma forma que da última vez: Enrico virou a placa de 'off' para 'on', entreguei o 'cardápio' para os clientes que entravam, em seguida anotava seus pedidos e depois levava os pratos. Parei alguns minutos para passar um pano no balcão, e foi aí que minha atenção se voltou para a porta, por onde passava uma mulher que parecia ter saído de um filme de Paris. Ela tinha um grande chapéu vermelho que combinava com seu vestido e batom. Ela usava óculos pretos também.
"Olá",disse, me despertando, nem havia percebido que estava encarando-a até que ela falasse comigo.
"Seja bem vinda,você quer pedir algo do cardápio?",perguntei gentil, estendendo um dos folhetos para ela.
"Não me leve a mal, docinho, mas não eu comeria algo aqui nem que me pagasse", respondeu, se sentando em uma das cadeiras que ficava de frente para o balcão.
Não a julgo, pois eu também não consigo comer sabendo das condições que meu chefe prepara a comida e a sua higiene duvidosa.
"Eu posso te ajudar em algo, então?", perguntei, confusa.
"É Claro que pode", deu uma risada. "Sente-se querida, vamos conversar"
"Eu não posso, estou no meu horário de trabalho ", Enrico já havia me advertido sobre isso.
"Não se preocupe, vai ser rápido"
Relutante me sentei ao seu lado.
"Como posso ajudá-la?"
"Na verdade, acredito que no fim das contas sou eu quem vai te ajudar", disse com um sorriso gentil. Franzi o cenho confusa e ela continuou. "Ops, fui muito direta? É que eu tentei falar com você antes, mas sempre parecia com pressa...", a interrompi.
"Como assim?"
"Tenho quase certeza que se assustou com meu carro", murmurou para si mesma, culpada.
"O carro que estava me seguindo outro dia era..."
"Era meu, admito"
"Me desculpe, mas porque estava me seguindo?", perguntei confusa.
"Não se desculpe, eu entendo que te assustei...",falou parecendo me observar minuciosamente através dos óculos escuros, "Você não teria interesse em trabalhar comigo?".
A minha intenção era fazer perguntas sobre o trabalho, como qual seria a minha função e o meu salário,mas, na verdade qualquer emprego parecia melhor do que continuar aqui.
"Eu..."
"SOFIA!", Enrico gritou meu nome errado da cozinha, nos assustando.
"Vejo que o seu nome é..."
"Sophie", corrigi o que ela provavelmente entendeu errado por conta do grito do meu chefe.
"Eu sou... na verdade, pode me chamar de madame G", se apresentou, estendendo a mão, que apertei de forma firme, "Eu não costumo buscar meninas para o trabalho, elas me procuram, mas confesso que, por algum motivo...gostei de você",disse, "podemos nos encontrar mais tarde?"
"SOFIA, TEM CLIENTES ESPERANDO!", gritou Enrico novamente.
"Podemos sim",falei para ela, que me entregou um cartão dourado como o nome de outro restaurante.
"Peço que me encontre nesse restaurante à noite. Sete horas está bom para você?", perguntou de maneira sugestiva.
"Está ótimo", respondi, determinada a encontrá-la e conseguir esse emprego.
"Até mais tarde, Sophie", falou, saindo do restaurante.
Após ela sair, Enrico veio em minha direção, claramente irritado.
"Não era hora para conversas, já avisei que isso é proibido durante o expediente!", berrou, visivelmente aborrecido.
"Eu não estava em uma conversa casual, apenas estava atendendo bem uma cliente", eu respondi.
"Se não está comprando, não é cliente", rebateu, "Vamos encerrar. E você, vá lavar as louças", mandou.
Decidi não discutir, seguindo diretamente para a cozinha onde me deparei com uma pilha de pratos sujos. Após cuidar dos pratos e limpar as mesas, me dirigi a Enrico para perguntar sobre o salário.
"Outra vez com esse mesmo assunto?", estava irritado novamente.
"É algo que preciso saber. Como posso trabalhar aqui sem saber se você vai assinar minha carteira?",respondi, me irritando também.
"Assinar a carteira?",deu uma risada alta. "Hoje em dia, não se faz mais isso!"
Com essas palavras, ele deixou claro que não tinha intenção de me contratar oficialmente,e eu não poderia continuar trabalhando aqui,sem a carteira assinada ou um bom salário não tenho como pedir o empréstimo que preciso para pagar a cirurgia do vovô.
"Não vou trabalhar como uma escrava por nada", cuspi as palavras retirando o avental.
"O que quer dizer?"
"Estou me demitindo, senhor Enrico", respondi, firme. "Espero que saiba que é desrespeitoso. E espero que me pague pelos dois dias em que trabalhei como uma condenada", descontei um pouco de minha raiva. Ele se aproximou e segurou minhas mãos com força.
"Garota estúpida!", berrou irritado. "Fui gentil com você e é assim que me trata?", seu rosto estava vermelho como um tomate.
"Gentil?", rebati, ainda mais irritada pelo aperto forte em meus pulsos. "Apenas pague pelo trabalho que já fiz", exigi.
"Eu vou pagar, Sofia", começou a puxar sua camisa de dentro da calça com dificuldade, "Do meu jeito", disse, enquanto ainda segurava meus braços.
Quando percebi o que ele estava prestes a fazer, o chutei no meio das pernas, fazendo com que ele me soltasse rapidamente. Em seguida, acertei um soco em seu rosto e dei uma rasteira nele. Me lembro de ter aprendido essas técnicas em um curso de defesa pessoal que fiz com Bianca, nunca imaginando que precisaria usá-las de fato.
Com Enrico curvado no chão, peguei minha mochila e joguei o avental em seu rosto.
"Porco!",gritei, saindo do restaurante.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Bete Oliveira Rodrigues
deveria ter ido ao caixa e ter pegado seus dias trabalhardos!
2024-09-12
2
marluce afleite
Isso mesmo Sophia!! cai fora desse lugar!
2024-07-17
0
Dagmar Oliveira
Adorei !!! Essa menina não vai engolir o que o irmão fez!!
2024-07-03
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