...Sophie Salles:...
Após um longo dia de trabalho, gradualmente os clientes foram saindo e, por fim, fechamos o restaurante.
"Você fez um bom trabalho para uma iniciante", comentou Enrico, me observando de cima a baixo. "Acho que vou te dar uma oportunidade. Pode retornar amanhã cedo."
"Obrigada, senhor. Estarei aqui", afirmei, me esforçando para parecer confiante.
Enquanto me preparava para sair, refleti sobre como o dia tinha sido pesado; meus pés estavam cheios de calos, o que dificultou minha caminhada até o ponto de ônibus. Estava exausta, mas sentindo uma mistura de satisfação e determinação por finalmente conquistar algo.
Enquanto aguardava a chegada do meu ônibus, notei um carro preto passando devagar ao meu lado. O motorista continuou um pouco mais e, então, parou o veículo. Senti nervosismo, mas percebi que meu ônibus estava se aproximando e entrei rapidamente.
Será que é o mesmo carro da última vez?
Após alguns minutos, finalmente cheguei em casa. Contei para Bianca e tia Casilda sobre o meu novo emprego, o que as deixou super felizes e animadas. Eu também estava empolgada, porém, o cansaço acabou vencendo.
Decidi tomar um banho e, ao concluir, Bianca me chamou para comer. É quase um hábito esquecer das refeições, e hoje, por exemplo, acabei não comendo, apesar de estar rodeada de comida o dia todo. Agradeci e me deliciei com a refeição maravilhosa.
Após comer, caminhei até o quarto e me deitei para tentar descansar e dormir um pouco. Contudo, essa tentativa foi em vão. Quando começo a pensar em tudo o que aconteceu, a sensação de não conseguir lembrar do roubo me sufoca.
Fui até a delegacia na tentativa de descrever o bandido, mas como posso falar sobre algo que minha memória não consegue resgatar? Ela permanece envolta em incertezas, uma neblina que não cessa.
A autocrítica é implacável, me culpa e martela na minha mente. Pensava que a raiva se sobressaía, mas a verdade é que o medo se enraizou em mim, um medo incessante de perder meu avô da mesma maneira que perdi minha avó e minha mãe. Mesmo com a presença do Karl, há uma sensação de que, caso meu avô parta,não vai me restar nada,a minha vida vai ser um completo...vazio.
Abandonei a ideia de dormir junto com todos os meus pensamentos e me dirigi à sala onde tia Casilda e estavam assistindo TV.
"O que estão assistindo?", perguntei, me aproximando delas, que estavam no sofá.
"Nada. Só tem fofocas de famosos, a novela que é bom ainda não começou", Resmungou tia Casilda, aparentemente impaciente pela demora.
"Acabamos de trazer uma notícia fresquinha para vocês, telespectadores", anunciou a apresentadora do programa, capturando nossa atenção para a tela. "Foi confirmado o relacionamento homoafetivo entre Gael Mancini, herdeiro das empresas Mancini, e Ryan Grayson,seu atual secretário", disse com um sorriso contagiante, enquanto a pequena plateia ao vivo aplaudia e fazia alguns ruídos peculiares. "Para quem não está por dentro do caso, fiquem comigo, que eu explico tudo após os comerciais"
Tia Casilda trocou de canal.
"Eu não entendo o porquê de tanto alvoroço. Por que não deixam esses homens namorarem em paz e liberam logo a minha novela?", Reclamou tia Casilda, visivelmente irritada pela espera.
"Não, mãe!", Interviu Bianca. "Deixa lá,a fofoca estava interessante e a sua novela está prestes a começar. A senhora vai acabar perdendo o início"
Enquanto elas debatiam sobre qual programa assistir, peguei meu celular e retornei ao quarto, onde liguei diversas vezes para o telefone de Karl, que sempre estava desligado. Depois da milésima tentativa, desisti, mas a preocupação ainda persistia. Ele desapareceu tão repentinamente.
Enquanto segurava o telefone, percebi que o dono do restaurante evitou discutir sobre o salário e a formalização do meu emprego. A recepcionista do banco indicou que esses detalhes são cruciais para obter um empréstimo, já que é necessário comprovar a renda.
Bianca entrou no quarto.
"Você parece pensativa. Não está feliz com o trabalho?", se sentou ao meu lado na cama.
"Na verdade, estou. Quer dizer, estou um pouco... É que ainda não conversei com o dono do restaurante sobre assinar minha carteira ou sequer mencionei o salário", expliquei, desviando o olhar para meus pés.
"Sophie!", reclamou. "Essa é a primeira coisa que você deveria ter discutido. Mesmo que não tenha mencionado, está claro que você está exausta. Como vai saber se o salário compensará todo o esforço?"
"Eu estava tão concentrada em conseguir o emprego que não dei muita importância naquele momento", respondi. "Mas não se preocupe, amanhã vou buscar todas as respostas", prometi.
"É bom mesmo", concordou.
"Quem ganhou? Você com suas fofocas ou a tia Casilda com a novela?" brinquei.
"E nem me fale, a novela estava no mesmo canal. Mamãe foi quem insistiu", respondeu. "Eu só queria ver o maravilhoso Gael. Ainda não consigo acreditar que ele é gay de verdade. Você acha isso possível?" perguntou, com tristeza na voz.
"Não tenho certeza,já que nem sei quem é", comentei rindo de sua expressão triste.
"Às vezes, acho que no futuro não restarão homens para nós", fez drama fingindo um desmaio na cama.
Rimos juntas e, em seguida, ela foi tomar banho, enquanto eu me acomodei na rede, finalmente conseguindo dormir.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
F Valeria Feliciano
karl não vai lhe atender é nunca!! ja q te roubou 40 mil
2025-03-26
0
Jaqueline Silva
tem dois Fernando .o avô dele .e o avô de Gael.
2025-03-18
0
Maria Helena Morais
Será que o Gael é parente do médico que atendeu ela, ambos tem o sobrenome Mancini
2024-09-05
0