CAPÍTULO 10

...Sophie Salles:...

Karl acenou com a cabeça e retirou o smartphone do bolso.

"Vou me arrumar para ir ao hospital, já são 7h30, o vovô já pode receber visitas," comentei, pegando minha toalha que estava pendurada na porta e tirando algumas roupas da mochila.

"Você vai com ela, meu filho?", perguntou tia Casilda para Karl.

"Agora não vai dar, meu amigo teve um problema no carro, vou precisar ir ajudar. Vocês sabem né, eu estou na casa dele de favor, não posso negar," Karl guardou o celular no bolso, "vou voltar umas duas horas pra te ajudar por aqui," disse ele saindo do quarto.

Tomei um banho rápido, escovei os dentes e, em seguida, vesti uma calça jeans e uma blusa ombro a ombro azul turquesa. Arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo.

Caminhei até a cozinha, peguei uma pera da fruteira e fui surpreendida por tia Casilda, que adentrou o ambiente com Bianca.

"A senhorita não vai sair sem tomar um bom café, pode sentar, mocinha", disse tia Casilda.

Agradeci e me acomodei, enquanto ela servia um pedaço generoso de bolo no meu prato. Tentei recusar, dizendo que não conseguiria comer tudo aquilo, mas ela insistiu:

"Vai sim. Você está muito magrinha, quero ver minhas meninas fortes e saudáveis."

Bianca e eu rimos, fazendo gestos de mostrar músculos que não tínhamos. Após suas palavras, senti uma obrigação de comer tudo, e foi o que fiz. Aliás, não existe bolo de cenoura que supere esse.

Tia Casilda sempre esteve presente em minha vida. Quando nos mudamos para cá, ela morava em uma casa que ficava uma rua antes da nossa. Depois, se mudou para o lado e oficialmente virou nossa vizinha. Tenho um grande carinho por ela, pois sempre me tratou como uma filha. Assim como Bianca, que sempre foi como uma irmã para mim. Nos tornamos melhores amigas quando começamos a estudar juntas. Ela, Cassie e eu somos o típico trio inseparável, embora, devido ao trabalho de ambas, seja um pouco difícil sair com as duas ao mesmo tempo. Ainda assim, buscamos nos encontrar sempre que possível.

Depois da refeição, segui até o hospital e repeti o mesmo percurso da primeira vez, indo primeiro ao médico, que me explicou como meu avô estava e como passou a noite, e finalmente pude vê-lo.

"Oi vovô, tenho algumas coisas para dizer ao senhor, uma delas é que Karl voltou", comecei, falando baixinho somente para ele. O médico me disse que, embora não parecesse, ele poderia me escutar, então decidi que é melhor falar e incentivá-lo a melhorar do que ficar desacreditada e chorando pelos cantos.

"Eu sei que ele não saiu de casa nas melhores condições, mas ele mostrou que está diferente, eu vou acreditar nele vô, é meu irmão," respirei fundo antes de falar novamente, "outra coisa que eu queria dizer é que o senhor vai passar por uma cirurgia, eu sei que você detesta essas coisas e eu também não gosto, mas dessa vez é realmente necessário."

Preferi não mencionar a venda da casa, porque se ele realmente pode me ouvir, jamais deixaria eu fazer algo assim por ele. Embora não possa dizer nada agora, tenho medo que isso prejudique a saúde dele. "Era isso que eu queria dizer, quero que saiba também que estou bem, tia Casilda e Bianca também. A propósito, elas falaram que é pra você ficar bom logo," ele estava menos pálido do que da última vez, isso me deixou mais feliz.

Percebi também que o cabelo dele estava menor, o médico me falou que a enfermeira cortou enquanto dava um banho a seco nele. Eles tratam os pacientes com tanto carinho e isso me emocionou, saber que durante o tempo que não estou aqui, meu avô é tratado com tanto amor e cuidado.

"Senhorita... o tempo de visita acabou," disse uma das enfermeiras se aproximando.

"tudo bem", a acompanhei em direção ao 'quase banheiro'. Lá, descartei a toca e as luvas, e ela me orientou a lavar as mãos novamente. Em seguida, me conduziu até a recepção e retornou para a sala do médico.