CAPÍTULO 8 - Você de novo...

...Gael Mancini:...

Eu falei que iria me acalmar, certo?

Bem, isso não deu muito certo quando uma mulher praticamente se jogou na frente do meu carro.

Tirei o pé do acelerador e pressionei o pedal do freio rapidamente, evitando o acidente. Saí do carro para ver se ela estava bem, mas a preocupação foi embora e a raiva voltou quando percebi que outro dia quase bati nessa mesma mulher quando estava voltando para casa, por algum motivo isso só me deixou ainda mais irritado.

"Você de novo...", murmurei. "Por acaso é cega ou só tem problemas para reconhecer sinalização?", perguntei, deixando transparecer minha irritação ao reconhecer o rosto dela.

"Não, eu não sou cega", se levantou do chão e começou a limpar sua roupa, "Me desculpe, reconheço que agi errado", parecia envergonhada com a situação.

O único problema é que deixei o que restou da minha paciência com o meu avô na empresa.

"Ótimo, agora sai da frente", mandei, enquanto adentráva meu carro. Percebi que ela não se moveu e ficou apenas me fuzilando com os olhos, então comecei a apertar a buzina várias vezes e ela saiu.

Até pensei em ser mais educado e perguntar se ela estava bem ou precisava de um médico, por isso diminuí a velocidade do veículo ao passar do lado dela, mas a mulher ficou me encarando igual a uma...

"IDIOTA!", gritou, tirando as palavras do meu pensamento.

Senti uma vontade irresistível de confrontá-la sobre quem seria o mestre na arte da idiotice. Porém, ao dar ré no carro, ela desatou a correr como se fosse uma maratonista profissional.

Do jeito que estava correndo, provavelmente nem de carro eu conseguiria alcançá-la. Decidi deixar isso para lá e ir para casa.

Após vinte minutos, eu já havia chegado em casa, coloquei meu carro na garagem e, em questão de segundos, Miguel veio correndo me abraçar, com a empregada Maria correndo atrás dele. Peguei-o e o coloquei no meu colo.

"Como foi o dia de vocês?", perguntei, alternando o olhar entre eles.

"Um pouco difícil, senhor, mas crianças de cinco anos normalmente são assim", respondeu, ainda recuperando o ar perdido por correr atrás dele.

"Pela forma que ela falou, tenho certeza de que você aprontou muito, não foi?", perguntei a ele, que acenou que sim lentamente com a cabeça."Me desculpe, Maria, acho que você já está tendo trabalho demais cuidando da casa e ainda tendo que cuidar do Miguel. Prometo que vou contratar uma babá logo, e assim você ficará livre para cuidar apenas da casa".

"Vai ser ótimo, senhor. Sinto que já estou ficando velha para correr", deu uma gargalhada sincera.

"Agora vamos entrar, mocinho", falei, entrando com ele ainda nos meus braços em casa.

Como a garagem fica bem ao lado da casa, apenas dei alguns passos e entramos.

"Preparei um jantar maravilhoso para vocês. Só deixa eu ver se já está pronto", Maria foi em direção à cozinha.

"O que ela preparou?", perguntei a Miguel, mostrando curiosidade enquanto nós sentávamos no sofá, e ele fez um gesto com as mãos indicando que não sabia. "Você precisa prestar mais atenção nas mulheres, como passou o dia com ela e não sabe?", fingi estar surpreendido.

"O jantar está pronto, senhor Gael", disse Maria, se aproximando de nós.

"Vou só tomar um banho e já volto", disse enquanto subia as escadas em direção ao meu quarto, que fica ao lado do quarto de Miguel.

Após um banho rápido, desci as escadas com um conjunto de moletom e me sentei na cabeceira da mesa. Logo, Maria colocou um prato na minha frente, e pude reconhecer que o jantar seria sua espetacular Lasanha de cenoura e couve-flor, um prato que todos nós adoramos. Comecei a comer imediatamente, "Está delicioso, Maria", falei para ela.

Miguel não perdeu tempo e colocou uma grande colher da comida na boca, com um sorriso de aprovação. "E você com certeza tem a mesma opinião", brinquei, apontando meu garfo para ele enquanto pegava um pedaço e colocava na boca. Ele apenas sinalizou um sim rapidamente com a cabeça, e assim continuamos a aproveitar a deliciosa refeição.

Depois de terminarmos de jantar, chamei Miguel até meu quarto, onde temos o hábito de dormir enquanto assistimos alguns desenhos animados juntos. Era um momento especial que nos permitia relaxar e aproveitar o tempo juntos. Maria já havia preparado o quarto para ele dormir, com seu pijama favorito.

Enquanto assistíamos aos desenhos animados, Miguel não conseguia conter o bocejo e logo adormeceu nos meus braços, delicadamente acariciei o cabelo dele. Sou grato a Deus todos os dias por poupar sua vida e permitir que ele esteja comigo.

Então, abaixei o volume da TV, peguei o Miguel no colo e o levei para seu quarto, o colocando na cama e o cobrindo com o lençol. Ajustei o ar condicionado e saí do quarto.

Ao retornar ao quarto, realizei algumas ligações enquanto planejava a agenda do dia seguinte. Ryan estava muito preocupado com as notícias falsas da imprensa sobre nós e temia que isso pudesse levar à demissão. No entanto, sinceramente, não vi nenhuma razão para tomar tal decisão.

Estou acostumado com o sensacionalismo da imprensa e meu avô também deveria se acostumar. Embora ele pareça muitas vezes uma pessoa ruim, na verdade, é apenas muito exagerado.

Após terminar meus afazeres, me rendi ao sono.

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