Prólogo Maria Cristina

Era uma tarde cinzenta, a chuva caía sem cessar a escorrer pela vidraça… os olhos azuis de Maria Cristina olhavam perdidos e o pranto que deles caíam, pareciam combinar com aquela tarde.

Sentada numa poltrona, se perguntava a todo instante, em 15 anos onde esteve o tempo todo, como pode não enxergar o que acontecia no seu casamento?

No seu peito uma dor que, parecia destruir todo um mundo de sentimentos que, ali havia cultivado, dia após dia..., mas enganou-se, amou sozinha.

De repente surgiam lembranças... Luiz Felipe a lhe dizer: você não é, nem de longe, a mulher com quem me casei, olhe só para você. Não tem brilho, seu cabelo, suas roupas, há muito deixou de ser atraente. E sim, eu encontrei uma mulher de verdade e estamos juntos, demorei para decidir, mas eu vou trazê-la para morar comigo... E você, bem não é problema meu.

Se não tivesse escutado o conselho de sua amiga Juliana, estaria agora desabrigada. Ainda bem que, não vendeu o apartamento que ganhou de herança de sua tia avó. Juliana era uma excelente amiga, na época que recebeu a herança, quase que vendeu, queria ajudar o marido, afinal era obrigação de uma esposa ajudar o marido crescer sempre mais. Tanto que abriu mão de seguir carreira para cuidar da casa, do marido e da sua sogra que se encontrava doente. Foram 10 anos cuidando da sua sogra, foi triste ver a sua partida. Mesmo assim o seu marido pediu que, continuasse somente em casa. Mas filhos que eram seu sonho, estava sempre sendo adiado, nunca era o momento.

Voltando a olhar pela vidraça Maria Cristina percebe o quanto foi ingênua, como deixo-se usar durante o seu casamento. Se colocou em último lugar por amor, e o recebeu em troca? Traição, um coração partido e todos os seus sonhos destruídos.

Lembrou-se de como se conheceram. Ela morava na cidade de Guarulhos em São Paulo, com seu pai e sua mãe, era filha única. Seu pai Carlos era piloto e a sua mãe Camille aeromoça, era maravilhoso ver o amor dos dois. Eles estavam retornando de uma viagem para seu aniversário de 14 anos, houve um acidente e seus pais não sobreviveram. Foi um momento de muita dor. Maria Cristina então mudou-se para o Rio de Janeiro e foi morar com a sua Tia avó na Tijuca. Sua Herança foi depositada em fundo e sua retirada estava condicionada a seus estudos e o restante somente depois dos 21anos. Sua tia fez sua matrícula em escola muito conceituada, e foi nessa escola que conheceu Juliana e o Luiz Felipe. Ele tinha os cabelos pretos, olhos verdes e o sorriso mais lindo que ela viu em sua vida. Sua pele era bronzeada e ele se destacava no grupo de rapazes que vinham conversando. Não havia como tirar os olhos, era como se um ímã atraísse o seu olhar. Parecendo sentir que era observado, de repente seus olhares se encontram... ela com seus olhos azuis tão profundos como um lago em um dia sem nuvens, a face rosada, parecia tão suave quanto um pêssego, os cabelos cacheados caindo até a cintura em uma cascata num tom castanho bem mel, e sua boca... essa ele não deixou de perceber parecia desenhada por um pintor misterioso...

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