| Papai, Você Mentiu?

Maicon: Termino a rotina de sono do Andrew e ele pede para dormir comigo. William vai embora cedo, tenho certeza que a noite está só começando para ele. Andrew dorme, e fico tentando entender porque me incomodou tanto o William ter gostado da Aline. Pego uma foto da Ludimila que está no meu criado mudo e penso em como seria a nossa vida se ela não estivesse doente. Talvez teríamos mais filhos, não sei. Andrew é muito parecido com a Ludimila, ela deixou tudo organizado para sua partida, era uma mulher extraordinária, que não merecia ter ido tão cedo. Puxo o Andrew para o meu peito e pego no sono. Acordo cedo, faço a minha higiene, tomo banho e me sento com o meu notebook, ao lado do Andrew, para resolver algumas pendências enquanto ele não acorda.

Andrew: Bom dia papai!

Maicon: Bom dia filho, dormiu bem?

Andrew: Dormi papai.

Maicon: Dou vários beijos no Andrew, levo ele para fazer a higiene, banhar e se trocar. Descemos para tomar café da manhã e saímos para comprar as flores para Aline. Deixo ele escolher as flores, não quero fazer parte disso. Voltamos para casa e ficamos aguardando a Aline chegar.

Aline: Chego a mansão e sou recebida pelo Andrew com flores.

São lindas Andrew, obrigada.

Maicon: Aline se abaixa na altura do Andrew, ela abre um sorriso e abraça ele.

Andrew: Escolhi sozinho Aline. Foi o tio Will que disse que mulheres gostam de flores.

Aline: Ele não está errado, amei as flores.

William: Bom saber que não estou errado Aline. Bom dia!

Aline: William faz menção a me entregar um buquê de rosas vermelhas e fico muito sem graça, principalmente pela forma que o Maicon fica sério.

São lindas senhor William, mas...

William: Sem mais, são só flores. E por favor, me chama de Will.

Maicon: Vou te mostrar a casa que vai ficar!

William: Formiguinha, não tinha um carrinho novo para me mostrar?

Maicon: Andrew segue empolgado com o William para dentro de casa e levo a Aline até a casa que ela vai ficar.

Se precisar de alguma coisa pode me falar, pedi que deixassem limpa, organizada e abastecida.

Aline: Entro na casa e fico sem palavras. É linda e muito confortável.

Disse que a casa era simples senhor Maicon.

Maicon: Que bom que gostou.

Noto a expressão leve da Aline, o celular dela toca e percebo que ela fica irritada. Pelo nome no visor sei que é o ex-marido dela.

Aline: Começo hoje?

Maicon: Amanhã, domingo o Andrew não tem nenhuma atividade, tiro o dia para ele e será sua folga.

Aline: Poderia me indicar um advogado em Seattle senhor Maicon? Desculpa a pergunta pessoal, mas não conheço ninguém aqui.

Falo em tom firme, tentando esconder como isso é constrangedor.

Maicon: Noto o desconforto da Aline.

Tenho dois advogados ótimos na empresa e pode consultá-los. Está tudo bem?

Aline: Ontem o meu ex-marido me ligou, ele sabe que estou em Seattle e não falei nada para ninguém. Não tenho redes sociais, mudei o meu número e aparelho de celular. Ainda sim, ele descobriu o meu telefone. Ele não é um criminoso, nunca me machucou, mas depois da traição, sinto que não o conheço mais e quero estar preparada caso ele me procure. Não quero lhe trazer problemas senhor Maicon, só preciso de um advogado para me orientar melhor.

Maicon: Gosto da forma clara e objetiva que a Aline responde às perguntas. Preso pela sinceridade e honestidade. Ela me encara sem receio, é uma mulher firme e essa é só mais uma coisa que gosto nela além do que deveria nela.

Vou marcar uma reunião para você. Terá dois dos melhores advogados a sua disposição.

Aline: Senhor Maicon não precisa, só quero uma orientação.

Maicon: E terá, não quero que corra riscos desnecessários, ainda que saiba que consegue de defender. Trato todos os meus funcionários como família Aline, por isso preciso confiar em quem entra na minha casa.

Aline: Desde o momento que entrei na empresa do Maicon pude perceber que ele era diferente. Os funcionários parecem gostar de trabalhar para ele, além disso o Maicon é um gentil e educado.

Obrigada senhor Maicon, não irei quebrar essa confiança.

Maicon: O Andrew pediu para te convidar para o almoço. Não precisa ter vergonha Aline, o Andrew é tímido, mas, ao mesmo tempo é uma criança educada e carinhosa. Ele perdeu a mãe a poucos meses, ficou introspectivo no início, mas está aos poucos voltando a ser a criança alegre que era. Não é comum ele falar com estranhos, mas gostou de você e não irei impedir que se aproximem.

Aline: Gosto do Andrew também senhor Maicon, irei aceitar o convite para o almoço. Antes preciso desfazer as minhas malas.

Maicon: Iremos te aguardar.

Aline: Senhor Maicon, ando armada, é um problema?

Maicon: Na casa principal não quero que ande armada. Temos segurança na propriedade e não quero correr riscos desnecessários.

Aline: Entendo perfeitamente senhor Maicon.

Maicon sai e finalmente solto o ar que estava segurando. O cheiro maravilhoso do Maicon fica empreguinado na casa. Ele é um homem sério, educado, que me deixa muito desconcertada com a forma que me olha. Olho em volta, a casa e toda mobíliada, coloco as flores do William num vaso e as do Andrew na mesa da copa. Para mim sozinha, essa casa é enorme. Guardo as minhas roupas, defino uma senha para o cofre no closet e guardo a minha arma. Ela já faz parte de mim, mas entendo o que o Maicon quis dizer. O closet é pequeno, mas ainda sim, sobra muito espaço nele. Caminho desconfiada até a cada principal, é a segunda vez que me sento a mesa do meu patrão. Cumprimento a Marluce na cozinha e sou surpreendida o Andrew correndo na minha direção assim que ele me vê.

Andrew: Você veio mesmo Aline!

Aline: Claro que sim.