Capítulo 8

Érica chega em casa tão alegre que por um momento esqueceu que havia assinado os papéis do divórcio naquele mesmo dia. Sílvio foi muito cavalheiro com ela, a deixando na porta de casa, mas não tentando nada indecente com ela.

Cássio já estava em casa - no outro quarto- conversando com Amanda por mensagem de texto:

📨 Amanda: quando você virá morar aqui? vocês já se separaram.

📨 Cássio: logo estarei ao seu lado meu amor.

Érica tomou o seu banho, vestiu uma camisola longa- porque o tempo havia esfriado- e foi para a cozinha esquentar a comida no microondas.

Cássio- que estava com fome- foi até a cozinha e viu Érica daquele modo. Logo, ele a abraçou por detrás e disse:

Cássio: Nossa! Como você está bonita hoje- e deu um beijo no pescoço dela.

Érica: não encosta em mim, Cassio. Você escolheu me enviar aquele papel de divórcio e concordamos em você apenas morar aqui e me acompanhar nas consultas.

Cássio: Calma, para que tanto estresse?

Érica: me responde uma coisa Cássio. Você vai cumprir com o nosso acordo?

Cássio: é claro. Por quê eu mentiria para você?

Ela respira fundo e recorda-se das palavras de Silvio, mas prefere não o questionar dessa vez.

Érica: tudo bem. Estou esquentando a comida. Quer que eu esquente para você também?

Cássio: Sim. E eu também gostaria de lhe perguntar algo.

Érica: pode falar, estou lhe ouvindo.

Cássio: onde você esteve hoje? Cheguei aqui e não te vi.

Érica: fui dar uma volta no shopping, precisava espairecer a mente.

Cássio: hum. E você foi sozinha?

Érica: e por que isso diz ao seu respeito?

Cássio: porque você concordou em me ter aqui. Então, o menino que eu quero é respeito.

Dessa vez ela não aguentou e lhe falou umas verdades:

Érica: É sério que você quer falar sobre respeito comigo Cássio? Você me traiu durante dois anos, no momento em que eu mais precisei de você e você pensa que eu não sei que continua com essa mulher ainda?

Cássio: ela está respeitando o seu tempo.

Érica: Ah! Vou fingir que acredito. Quer saber? Vá embora, se case com ela. Nós já não temos mais nada um com o outro mesmo.

Cássio: e o nosso acordo?

Érica: manda esse acordo ir pastar porque eu não consigo nem mais olhar na sua cara. Tenho nojo de você.

Cássio: Nossa! muito obrigado pela consideração e sim, irei embora, mas quando estiver na beira da morte, nem adianta me chamar porque estarei muito bem com uma esposa bonita e saudável.

A raiva a consome naquele momento e ela diz com lágrimas nos olhos:

Érica: mesmo se eu ficar muito doente, você nem estará na lista das pessoas que eu chamarei, pode ficar tranquilo. Mas eu quero a minha parte na empresa.

Cássio: é sério isso? Você vai morrer daqui quase cinco meses e quer algo? Vai fazer o que, levar o dinheiro no túmulo?

Érica: como você pode ser tão insensível? Hoje em dia não entendo como pude me casar com uma pessoa como você. Eu quero para passar para a minha tia.

Cássio: sem chance Érica. Não vou dar nada para a sua tia.

Érica: então eu recorrerei com advogados para que isso aconteça.

Cássio: boa sorte com isso. Agora eu vou indo ou melhor, a casa aqui é minha e quem deveria sair daqui é você.

Érica: a casa está no meu nome Cássio.

Cássio: você tem certeza disso? Porque, pelo que eu sei, essa casa está no nome de outra mulher. Espera só um momento- ele sai da cozinha e vai até o seu quarto, pegar uma documentação- aqui, leia.

Érica sente o seu corpo tremer apenas de pegar no papel e ler em voz alta:

Esse imóvel pertencia a Senhora Érica Menezes de Souza, mas devido a assinatura do plano pré nupcial, o imóvel passou a ser propriedade do Senhor Cássio Menezes de Oliveira e Amanda Ribeiro de Castro.

Érica: Como você pode fazer isso comigo? você sabe que eu estou doente e preciso de um lugar para repouso.

Cássio: eu iria deixar você ficar nessa casa, mas depois das palavras duras que me falou, é melhor você ir morar com a sua tia.

Érica: que cretino- ela tenta dar um tapa na cara dele, mas o reflexo dele é bom.

Cássio: nem tente me bater se não quiser levar um processo também. Agora, arrume as suas coisas e vá embora da minha casa. Pode levar as suas roupas, mas os móveis ficarão.

Érica: eu que comprei com o meu dinheiro.

Cássio: pode até ser, mas não levará e como você não possui nenhum advogado, não há como provar. Te dou até às 22h para retirar tudo. Se não, colocarei tudo na rua, inclusive você.

Com lágrimas nos olhos, ela caminha até o seu quarto e começa a arrumar as malas. Ela possui o equivalente a três malas de rodinhas. Ela arruma tudo- colocando de qualquer maneira- e fecha as malas, sem saber para aonde irá.

Se os seus pais soubessem disso, certamente abririam um processo contra ele, mas ela não deseja envolvê-los nisso porque o pai dela não está bem de saúde e não quer preocupá-los.

Ao terminar, ela envia uma mensagem para a única pessoa que poderá ajudá-la naquele momento- sua tia Jane:

📨 Érica: tia, está em casa?

Jane estava na casa do seu novo namorado chamado Hélio, quando recebeu a mensagem dela.

📨 Jane: hoje não querida, estou na casa do meu namorado e só retorno amanhã. Por quê? está tudo bem?

Para não preocupá-la, ela apenas responde:

📨 Érica: sim, era apenas para confirmar de eu ir na sua casa amanhã.

📨 Jane: tudo bem, está confirmado. Nos falamos amanhã. Beijinhos.

Sem saber o que fazer ou a quem recorrer, ela chama um táxi e vai até uma pousada da cidade, onde passará pelo menos uma noite, até decidir aonde irá morar enquanto ainda tem vida.

O local fica há meia hora de casa do local onde ela mora, mas pelo menos ela sabe que não dormirá na rua.

Pronta para ir embora, o celular dela toca e ela se surpreende em saber de quem foi a mensagem:

📨 Silvio: Boa noite Érica. Como você está? Gostei muito de ter ido no cinema com você hoje.

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