Richard estava ao meu lado quase a desmaiar de medo.
Eu olhava fixamente para ele e tentava pensar rápido em como nos livrar desta situação. Pensei em várias soluções, mas cada uma era pior que a outra.
Ao ver a cara de pânico de Richard eu sabia que iria ficar entre ele e qualquer pessoa que lhe quisesse fazer mal.
Comecei a tentar lembrar-me do que falava o livro de psicologia que tínhamos de estudar para as aulas de conhecimento geral e que eu sabia que falava sobre bullying.
Lembro-me de ter lido que normalmente quem faz bullying é porque já sofreu em casa, ou já sofreu em mais novo, sente ciúmes, quer ser popular ou ser visto como o líder ou então, quer algo que os outros têm.
Eles não pareciam ser pessoas mal tratadas então só podia ser inveja até porque pela maneira como falaram de sermos os salvadores do mundo era isso mesmo que me fazia parecer.
Eu tive uma ideia, devo dizer que não foi das mais inteligentes, mas tinha de tentar fazer algo para eles nos deixarem em paz.
— Deixem-nos sair daqui. — pedi eu sem demonstrar medo.
— Oh não, não. Nós queremos brincar um pouco. — disse um deles que parecia ser o líder e começou a avançar para nós.
— Nós não queremos brincar, queremos sair daqui! Também não entendo! Fazes isto porquê? Os papás batiam-te quando eras mais novo era? — perguntei eu a tentar distraí-lo.
Ele parou com ar irritado, parecia que estava a espumar de raiva e vi água nos olhos dele.
Fantástico.... É um dos aquáticos. Pensei eu.
— Quem és tu para falar de pais? Os teus morreram ainda nem sabias dizer papá. — disse ele a rir maliciosamente, percebendo que tinha atingindo um ponto fraco. — Mas graças aos teus pais adotivos e desse aí, os meus pais foram expulsos por serem traidores. E não eram. Agora não sei onde estão ou se estão vivos sequer. — explicou ele dando-me uma satisfação.
Finalmente percebi que ele só ficava a importunar o Richard devido ao que os pais dele fizeram e tentei chamá-lo a razão sobre isso:
— Espera, então estás a dizer-me que só fazes isto porque os vossos pais se portaram mal uns com os outros? O Richard não tem culpa disso. Nenhum de nós tem. — Gritei eu para ele.
— Não quero saber. Os pais dele têm de pagar pelo que fizeram com os meus. E isso começa por mim a fazer os filhos dele sofrerem. Mas antes disso, deixa-me apresentar às pessoas que te vão infernizar a vida a partir deste dia. — disse o rapaz a rir e fez gestos para que os outros três nos ladeassem.
Olhei para todos os lados e não havia escapatória, estávamos encurralados.
O líder agarrou-me pelo colarinho e falou:
— Muito bem! Eu sou o Xavier, este é o Rúben, este é o Micael e este o Rui. — disse ele apontando para cada um dos amigos, depois atirou-me ao chão.
Eu desiquilibrei-me e bati no Richard e ambos ficamos estatelados no chão.
Eu sentia muita raiva deles, mas acima de tudo os meus sentimentos não se centravam em mim, mas sim no Richard.
Senti que tinha de o proteger nem que fosse a última coisa que fizesse, mesmo que isso significasse perder o controle e explodir com eles aos bocados e com a escola. Eu sentia isso, mas sabia que não o iria fazer, não podia pôr tudo em causa e em risco só por estes quatro retardados com mania das superioridades.
— Ouvimos dizer que vocês são os melhores do vosso ano, diria que estamos completamente perdidos se assim for. — começou Micael a dizer, mas sem sorrir.
— O mundo vai continuar na mesma se dependermos de vocês os dois para o consertar — continuou o Rúben a rir-se na nossa cara.
— Quero ver o que conseguem fazer. Vamos fazer um pequeno jogo. Vamos ver quanto tempo demoram até começarem a chorar e a implorar pelos papás. — Continuou o Rui.
À medida que eles falavam e riam iam-se mexendo e deixando uma abertura para a fuga.
Fiz sinal ao Richard e assim que o Rui acabou de falar, gatinhamos o mais rápido que conseguimos para fora da escola, mas quando nos levantámos já eles nos tinham apanhado, a rirem-se e a imitarem-nos, mas eu consegui o que queria.
A única coisa que eu queria era sair da escola porque sabia que não havia maneira nenhuma de alguém passar lá até amanhã, mas ali na rua estavam sempre a passar pessoas.
Um dos rapazes aproximou-se de Richard e deu-lhe um soco na barriga, olhei para cima e vi que era o Rui, aquele que me pareceu o mais bruto, mas ao mesmo tempo o mais burro deles.
Eu dei a mão a Richard para o ajudar a levantar e senti com mais intensidade todas as suas emoções, mas não eram as emoções que eu esperava de raiva e frustração, ele sentia-se humilhado, triste e nojo de si.
A única emoção que emanava de mim naquele momento em que tudo virou a nosso favor era a de querer proteger Richard, era o meu amor e amizade por ele.
Quando o Rui avançou para nos bater novamente, eu baixei-me ao lado de Richard e abracei-o para ser eu a levar com a pancada, mas essa pancada nunca chegou.
Eu olhei para cima e as emoções de amizade e amor que sinto por Richard, em conjunto com o meu altruísmo, fizeram com que uma bolha de energia nos rodeasse a ambos, protegendo-nos.
Pelos vistos essa bolha para além de nos proteger ainda magoava quem nos tentasse magoar.
Ouvi pessoas a gritar avisos e a chamar mais pessoas para virem ajudar-nos porque viram o Rui a bater-nos.
Ganhei coragem e olhei para cima e vi que os três bullys estavam no chão e todos tinham queimaduras graves.
O Rui que era quem nos tentava bater, logo o que estava mais perto, tinha o braço partido em dois locais e o ombro deslocado.
Reparei que Micael foi o único a ficar mais atrás, perto da porta da escola.
Olhei à nossa volta e vi que Maya corria na nossa direção seguida de vários alunos que olhavam de nós para os bullys com certo orgulho.
Percebi imediatamente que não éramos os primeiros a sermos pisoteados por estes três.
Espero que tenham aprendido desta vez, lá por sermos mais novos não quer dizer que somos fracos ou que nos podem bater ou fazer o que quiserem. Pensei eu para mim mesmo
As pessoas que ocorriam, umas estavam sobre forma dos seus espíritos animais, outras estavam como humanos. A ninfa, que deu o alarme tentou aproximar-se dos três rapazes, mas a bolha impediu-a, parecia querer que eles sofressem da mesma maneira que nós tínhamos sofrido. Eu sabia o que isso significava, que estávamos a começar a perder o controlo novamente.
A ninfa falou com Maya que acenou com a cabeça e saiu a correr, eu sentia curiosidade para onde ela ia agora que estávamos a precisar dela e da ajuda dela.
Comecei a sentir-me fraco e comecei a focar-se para tentar fazer a bolha desaparecer.
Com esforço consegui acalmar-me e a bolha começou a ficar mais fraca.
Do nada, dois dragões grandes e um Thunderbird pousaram perto do sítio onde nós estávamos.
Eu sabia que estávamos em apuros e não queria ter de lidar com isto depois do que tínhamos sofrido. Olhei para Richard e vi que ele desmaiara, não sei se pelas emoções, pelo desgaste emocional ou pela dor do soco que levara, mas sabia que eu iria seguir o mesmo caminho.
Maya apareceu logo a seguir a transpirar do esforço da corrida e consegui parar de pensar em proteger o Richard e foquei-me na Maya e na nossa amizade.
Onde antes estavam os dragões, apareceram Jonathan e Alice que correram a ir ter connosco. Jonathan vinha na frente, seguido por Alice, Maya, Marcus e Isabella. Jonathan ajoelhou-se ao pé de nós, viu o filho desmaiado e viu que eu estava prestes a sucumbir abraçou-me e pediu-me desculpas por não me ter dado atenção e perguntou:
— Consegues levantar-te?
Eu só consegui fazer que não com a cabeça e quando dei por mim, estava com a cara na terra e desmaiei.
Lembro-me de ouvir gritos e ordens e de sentir-me a voar, mas da maneira que eu estava provavelmente imaginei tudo.
Agora conseguimos perceber um pouco mais sobre o Richard.
Richard devia sofrer nas mãos destes quatro indivíduos à muito tempo e nunca ninguém fez nada.
Tobias fez os possíveis para defender Richard, mas foi bem complicado.
O poder deles está a aumentar gradualmente. O que será que vão conseguir fazer mais?
Será que os colegas de turma vão finalmente mudar para com eles?
Porque será que Micael ficou para trás?
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Atualizado até capítulo 75
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