VIII

— Estás louco Richard? Que raio se passa na tua cabeça? — grito eu com a mão na cara.

Richard fica com cara desesperada porque finalmente se deu conta do que fez.

— Mano... Desculpa... Eu não consegui controlar-me. As minhas emoções estão muito à flor da pele, desculpa mesmo. — pediu Richard quase a chorar.

— Desculpas aceites, mas não voltes a fazer isso, levar socos, dói. — digo eu com um sorriso.

Richard sorriu-me, mas foi um sorriso fraco.

Eu agarrei no ombro dele e disse:

— Richard, quanto à conversa... Bom... Eu sei que as coisas não estão fáceis. Vi uma vez uns rapazes mais velhos a meterem-se contigo, mas quando cheguei lá já era tarde demais, eles já se tinham ido embora e tu não reagiste, mas a solução não é essa. Não é através do medo que deves governar, mas sim do respeito e da amizade. Tu no teu íntimo sabes disso. — disse eu com tom de voz calmo, a tentar transmitir tranquilidade a Richard.

Ele abraçou-me de repente e começou a chorar. Nunca vi Richard chorar e as emoções eram tão fortes que eu também comecei a chorar.

Ficamos abraçados durante um tempo, mas rapidamente comecei a tentar controlar-me e controlar as emoções dele. Demorou cerca de meia hora para que ele se acalmasse e eu percebi finalmente que através das minhas emoções conseguia ajudar as dele a atenuar e ele podia fazer o mesmo comigo.

Comecei a pensar nas vezes que os nossos poderes se manifestaram e era sempre que as nossas emoções estavam altas e ambas na mesma direção, ou seja, a sentir a mesma coisa.

Comecei a fazer contas na minha cabeça e percebi que da primeira vez foi quando sentimos raiva dos pais, da segunda vez foi quando sentimos medo do médico e hoje foi de várias emoções em simultâneo, raiva, vergonha, medo contra os professores.

Eu tinha vontade de gritar, pular, fazer tudo e mais um par de botas, mas a única coisa que fiz foi bater palmas.

— Já entendi! Entendi como funciona. — disse eu radiante, e gritei de alegria.

— Tobias, do que raio estás a falar? Faz pouco barulho não quero que ninguém me veja assim nestas figuras. — pediu Richard.

— Que figuras Richard? De teres chorado? E então? Todas as pessoas choram. — digo eu a reclamar com ele. — Mau é tu recalcares tanto as emoções e depois dares murros a quem não deves. — digo-lhe eu diretamente fazendo-o ficar vermelho como um tomate.

— Tudo bem... Mas o que raio descobriste? Estás aí a gritar como um louco. — reclamou Richard.

— Descobri como controlar os nossos poderes! — gritei eu novamente em êxtase.

Jonathan veio a correr escadas a cima até chegar ao nosso quarto depois de ouvir os gritos e ao ver o meu sorriso olhou confuso para mim a pedir uma explicação silenciosa.

— Percebi como funcionam os nossos poderes. — disse eu e rapidamente contei o que descobri.

— Portanto se ambos sentirem as mesmas emoções de forma muito intensa, causa a manifestação de poder, se sentirem emoções opostas intensamente anulam uma à outra. Isso é bom. Assim já temos por onde nos guiar nesse assunto. — disse Jonathan feliz.

— E agora? Vamos treinar a tentar isso? Para ver se dá mesmo resultado? — pergunta Richard.

— Claro. Querem ir já hoje ou começamos amanhã? — pergunta Jonathan.

— Prefiro que seja amanhã. — disse eu cansado. — Estou cansado e dói-me a cabeça.

Passaram-se dois meses inteiros até nós conseguirmos controlar por completo as nossas emoções e começarmos a anular a um do outro.

Infelizmente essa era a única coisa boa que aconteceu durante esse período.

Maya estava numa depressão muito grande, não tirava apontamentos nas aulas e ficava cada vez mais desleixada e já nem a víamos às refeições.

Comigo e com o Richard ninguém falava, mas nós tínhamos um ao outro, nunca nos sentíamos sozinhos, com ela era diferente, ela sempre se deu bem com todas as pessoas e sempre teve amigos e repentinamente parecia ser invisível.

No dia dos nossos dez anos ninguém apareceu e nem tivemos vontade de fazer festa nenhuma.

Estava-me a custar tanto ver a Maya sozinha e a sofrer que tive de intervir:

— Senhor, a Maya não está nada bem. As coisas não podem continuar assim. Temos de fazer algo.

— O que sugeres Tobias? Posso pedir ao doutor para vir cá, a ouvir e tentar aconselhar, fazer papel de psicólogo. — disse Jonathan com pouco interesse oferecendo a opção mais fácil.

— Não é de um psicólogo que ela precisa! — disse eu a começar a gritar. — O que ela precisa é do apoio do pai, o que ela precisa é de sentir que o pai se preocupa com o bem-estar dela!

Eu ouço passos nas escadas e mesmo sem a ver sabia que Maya estava a ver e ouvir tudo.

Se há uma coisa que posso afirmar é que Jonathan é uma pessoa calma, mas desta vez eu abusei.

Ele levantou-se da cadeira dirigiu-se a mim e deu-me uma bofetada, que eu sabia que ia ficar marcada, porque me ardia, e saiu pela porta fazendo-a bater com força.

Eu olhei para as escadas e Maya estava lá com os olhos postos em mim e acenou-me com a cabeça para eu a seguir até ao quarto.

— Já volto... — disse eu a Richard, que estava muito calado e quieto.

— Vai lá. Ela precisa de ti e tu dela. Vão dar um passeio juntos. Quero que os dois fiquem bem. E Tobias, desculpa pela atitude do pai. Ele também está com problemas. As pessoas andam a questionar a forma dele ver as coisas... — disse Richard sem olhar para mim a tentar desculpar o comportamento do pai. — Se quiserem pôr a votos os chefes, a mãe e o pai não vão ser novamente eleitos, pelo menos por agora.

Eu sabia disso, mas a minha cara ainda ardia da estalada dele e, por esse motivo, a única coisa que fiz foi virar as costas e seguir a Maya até ao quarto.

Mais um capítulo e as coisas estão tensas!!

Richard não está bem e deixa as emoções virem ao cimo facilmente.

Tobias descobriu como anular os poderes, mas será que isso vai ser o suficiente?

Maya está com depressão por estar completamente sozinha, será que ela vai recuperar do trauma?

Tobias tenta defender Maya e Jonathan reage da pior maneira possível, dando-lhe uma bofetada.

Fiquem desse lado para mais capítulos!

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