Nas aulas de estudo nós conseguíamos bem com a distância, mas na aula de desporto era necessário fazer equipas e ninguém nos escolhia como se fossemos invisíveis.
Perguntei-me se Maya ficara sem treinar durante duas semanas enquanto nós estávamos a recuperar.
Obtive a resposta assim que vi que ninguém a escolhia.
— Maya, ficamos os três juntos. Anda. — pedi eu com cara triste.
Maya veio para junto de nós com um sorriso forçado e começámos a treinar.
Como me sentia culpado decidi que a ia ajudar o dobro, que eu, Richard e Maya seríamos uma equipa contra todos os outros, nem que tivéssemos de fazer mais voltas mais percursos e escalar mais vezes paredes.
Por fim o inferno das aulas acabaram e a Maya saiu a correr da aula sem esperar por nós.
Eu fui a correr atrás dela, seguido por Richard que disse:
— Mano, estás a correr atrás a Maya, pareces um cachorrinho. Já chega! — diz Richard o que me irritou.
— Tu és mesmo tapado não és Richard?! Tu não percebeste o porquê da Maya estar sozinha hoje? — grito eu com ele.
— Pensei que foi porque quis. — respondeu ele dando-me razão ao alheamento dele.
— És inacreditável. Sinceramente nem quero olhar mais para ti. — digo eu e corro para longe dele.
Assim que chegamos a casa fui ter com a Maya para falar com ela, mas fomos chamados por Jonathan para almoçar.
— Almoçar meninos! Temos de nos despachar, há um treino exaustivo à nossa espera. — diz Jonathan.
— Como foram as aulas? — perguntou Jonathan também completamente alheado do que se passava, mas ao olhar para mim e para a Maya percebeu que algo estava errado e percebeu imediatamente o quê. — Eles têm medo de vocês, não é? Não vos falaram?
— Eles não falam com a Maya à semanas. E nem olharam para nós hoje. Eles temem-nos e eu não quero isso. É injusto para a Maya o que estão a fazer. — respondi eu chateado.
— Tobias... Não... — disse Maya e ficou com um olhar implorativo.
— Vocês precisam de amigos e pessoas do vosso lado Tobias, têm de tentar chamar a atenção dos outros jovens de que podem ser bons amigos e que não são um perigo para eles. — respondeu Jonathan ignorando o que eu disse sobre a Maya.
— Ouviu o que eu disse sobre a Maya? A sua filha está a semanas sem falar com nenhum dos colegas por nossa causa. — respondi eu.
Jonathan olhou contrariado para Maya chateado comigo por lhe estar a chamar à atenção.
— Os teus colegas também não te falam é? — perguntou Jonathan parecendo contrariado em ter de dar atenção à filha.
— Não é nada pai. Isto passa. É só dar tempo. — disse ela a tentar não chorar.
— Que raio de pai é você? Não vê que é injusto que ela esteja a pagar pelo que nós fizemos, senhor. — gritei eu.
— Sim, é injusto. Julgas que a vida é justa Tobias? Tens de crescer muito ainda para entender como o mundo funciona... Infelizmente vocês assustaram muita gente com o vosso poder. — gritou Jonathan e batendo com a mão aberta na mesa fazendo os pratos saltarem. — Os mais velhos têm medo de estar perto de mim e da tua mãe. Os únicos que parecem ficar normais connosco são o doutor Henriques e o casal Marcus e Isabelle. — explicou Jonathan completamente fora de si.
Maya encolheu-se toda na cadeira depois da reação explosiva do pai e Richard ficou de boca aberta a olhar para nós.
— Temos de mostrar às pessoas que não somos perigosos. Que não têm de nos temer. Que não os vamos fazer explodir só por falarem connosco. Temos de fazer alguma coisa — refutei-me irritado com a falta de interesse do Jonathan.
— A forma mais fácil de fazer isso é treinando para não sucumbirem novamente ao uso de maneira errada dos vossos poderes, porque caso se irritem com algum dos vossos colegas, acreditem que os podem explodir mesmo sem querer. — informou Jonathan com uma voz meigo e mais calmo. — Hoje começam a treinar e se preferirem podem estudar em casa. Eu peço ao professor que deixe os apontamentos das aulas e podem ir ao ginásio ter aulas privadas também.
— Não pai. Eu vou continuar a ir às aulas. — disse Maya com tom de voz confiante.
— Ela tem razão pai. Se começássemos a ter aulas particulares as pessoas iam odiar-nos ainda mais. — disse Richard que finalmente tinha ganho coragem para abrir a boca.
— Vamos lá comer para irmos treinar. — disse eu com mais entusiasmo.
Acabámos de comer rápido e fomos para o treino que foi um autêntico fiasco, parecia que tudo que nos diziam e faziam, fazia com que odiássemos a pessoa do outro lado.
Estávamos os dois radioativos e durante o treino conseguimos explodir paredes e mandar os professores pelo ar.
As semanas foram passando e ficou tudo na mesma. Continuávamos a ser ignorados na escola e um fiasco nos treinos. Quando passou um mês de treinos completamente infernal Jonathan pensou noutra estratégia.
— Podemos estar a focar na coisa errada... Quando somos irmãos de sangue é essencial o conhecimento um do outro, sentimentos, preocupações, ambições, gostos e desgostos. Têm de aprender tudo um do outro. Não escondam nada, depois de se conhecerem melhor tentamos novamente os treinos. — comunicou Jonathan.
Podemos dizer que é bem complicado falar de tudo da nossa vida, mesmo que seja com alguém tão próximo de nós como somos.
Nós consideramo-nos irmãos e ainda assim fiquei um pouco desconcertado em partilhar certas coisas e fiquei muito surpreso com algumas coisas que fiquei a saber sobre Richard.
— Hoje senti-te distante com o que se passou com a tua irmã e percebi estares de certa forma contente como o que se passava? — perguntei eu.
— Sim, estava contente. Tenho pena que a minha irmã tenha de passar por isto, mas a vida muitas vezes é injusta. Eles temem-nos. Temem o nosso poder. Nós podemos ser os líderes da base. Ninguém ia ficar contra nós, nem se atravessar no nosso caminho. — respondeu Richard com ar alucinado.
— O quê? Eu estou a ouvir bem? Estás a falar dos teus pais. Pessoas que me deram casa e que nos treinam e tentam proteger. Queres mesmo dar-lhes as costas e expulsá-los do poder? Queres ser receado por todos? Isso não é correto. — Retorqui eu pasmado a olhar para o Richard e comecei a recuar para longe dele.
— Tu tens a tua opinião. Eu tenho a minha. — respondeu ele, mas comecei a sentir vergonha a vir dele.
— Se assim é porque te sentes envergonhado? — perguntei eu, a sentir-me zangado.
— Estás enganado! — gritou ele para mim, dando-me as costas a seguir.
— Richard escusas de mentir-me. Eu conheço-te. — digo eu tocando-lhe no ombro.
A reação que Richard teve apanhou-me completamente de surpresa.
— Já disse que estás enganado! — grita Richard e dá-me um soco na cara.
Pobre Maya deve estar a sentir-se tão sozinha...
Richard é totalmente alheio à irmã, não sente sequer remorso pelo que fez e o mau que lhe causa.
Jonathan parece estar contra a filho por ela ter reagido contra ele no passado. Isso não é justo para com a Maya concordam?
Conhecerem-se um ao outro de maneira tão íntima assim... Será que vai correr da maneira esperada?
Richard parece um demônio de um momento para o outro a dar um soco no Tobias só por ele ir contra a sua palavra e forma de pensar.
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Atualizado até capítulo 75
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