Helena está doente

No fim do dia, enquanto o sol começava a se pôr, Cloe sentiu um crescente tédio no jardim. Decidiu levar Helena de volta ao quarto, carregando-a com cuidado nos braços. A pobre criança estava doente, incapaz de caminhar sozinha. Cloe deu a ela um banho quente e escolheu um dos belos vestidos que Sr. Rui havia comprado. Surpreendentemente, Rui possuía um ótimo gosto para moda feminina, apesar de seu isolamento do mundo exterior.

Mais uma vez. Sr. Rui chegou com o jantar, servindo-o no quarto. A comida era deliciosa, e Cloe apreciou cada garfada. Comer uma refeição tão farta após tanto tempo trouxe uma sensação de satisfação que há tempos não experimentava. Após alimentar Helena e garantir seu conforto, ela tomou um relaxante banho de banheira. Em sua vida anterior, jamais teria imaginado desfrutar de um luxo tão refinado.

Entretanto, a tranquilidade da noite foi quebrada quando Helena começou a mostrar sinais de desconforto. A pequena começou a tossir, espirrar e vomitar, espalhando o desconforto por toda a cama e suas roupas. A febre tomou conta dela, e Cloe sentiu um desespero profundo. Era evidente que a saúde precária de sua filha estava longe de melhorar, e ela não possuía os meios para fornecer o tratamento adequado.

Impulsivamente, Cloe saiu correndo pelo castelo, batendo nas portas em busca de ajuda. Ela não pensou duas vezes antes de bater à porta de S.r. Liam, o dono da casa. O rosto aflito e os olhos marejados de lágrimas denunciavam sua angústia. Ela não sabia se chorava por sua filha doente ou por medo de ser expulsa do castelo no meio da noite, carregando uma criança enferma.

Liam abriu a porta, sua expressão inicial de irritação desaparecendo ao ver a mulher à sua frente. Cloe gaguejou, lutando para encontrar as palavras. "Desculpe, S.r. Liam, eu sinto muito mesmo. Estava procurando S.r. Rui. Helena não está bem. Eu pensei em verificar se havia algum medicamento aqui. Na verdade, eu... eu preciso levá-la ao hospital."

Liam, de braços cruzados, respondeu com firmeza. "O hospital está fora de questão. Se bem me lembro, uma das condições da sua permanência aqui é não ir à cidade."

Cloe se ajoelhou, implorando com desespero. "Sim, S.r., eu me lembro bem, mas ela está muito mal. Não posso deixá-la assim. S.r. Rui pode me acompanhar, a febre está alta. Se aumentar um pouco mais, ela terá uma convulsão. Eu não consigo ver minha filha assim. É perigoso, eu lhe imploro, Sr."

Liam se abaixou, tocando suavemente seu ombro para acalmá-la. Nesse contato, uma onda de energia percorreu seus corpos, fazendo-os reviver memórias há muito esquecidas. Por um instante, eles foram transportados de volta a uma época em que brincavam juntos no jardim do castelo, de mãos dadas. A conexão desapareceu tão rapidamente quanto veio, e Liam chamou Cloe de volta à realidade.

"Senhorita, senhorita," ele a chamou repetidamente, "volte para o seu quarto, por favor. Rui não está aqui para levá-la ao hospital, e eu não dirijo. Sozinha, você não vai a lugar nenhum. Eu vou preparar um remédio para a menina. Por favor, se acalme."

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