Nicolas: "Quatro anos... Quatro anos se passaram e ainda é ela quem consegue bagunçar minha vida. A mulher que eu mais amei, que eu dei tudo de mim, me enganou, me usou, e me deixou com esse vazio imenso. Eu fui o primeiro de tudo pra ela, e mesmo assim ela fez isso. Me traiu durante dois anos e ainda teve a coragem de me olhar nos olhos e me dizer que me amava, mas não sabia como me contar. Como é possível? Ela foi embora e eu fiquei, refém dessas malditas lembranças. Ela ainda está no meu pensamento, e nem uma festa, nem uma bebida vão mudar isso."
Com seus amigos animados, ele tentou se convencer de que a festa seria uma boa distração. No fundo, sabia que nada poderia afastá-lo de sua dor.
Camille: "Eu ainda não consigo entender por que fiz isso. Voltar para aquele lugar, para ele, tudo o que aconteceu... Não dá para esquecer. Ele foi o amor da minha vida, e ainda sinto como se algo estivesse quebrado, algo que não tem conserto. Me formei rápido, graças ao meu irmão e ao avô, mas a dor da traição ainda está aqui, me consumindo, mesmo longe. A Itália me deu uma nova perspectiva, mas é como se eu nunca tivesse saído de dentro de mim mesma. Quando recebi o convite para essa festa, uma parte de mim queria fugir, desaparecer, mas algo me impulsionou a ir. Não posso deixar essa dor me consumir por mais tempo, e, se isso significar enfrentar meus medos, então que seja."
Camille estava linda naquela noite. O vestido preto, o rabo de cavalo simples, mas elegante, refletia sua tentativa de força, de seguir em frente. A amiga ao seu lado, pronta para a festa, parecia tão animada... mas Camille sabia que por dentro, ainda lutava com seu passado.
Amiga de Camille: "Você está maravilhosa, Camille. Vamos aproveitar a noite, esquecer tudo o que aconteceu. Não fique presa ao que já foi. Você merece ser feliz de novo, sem se olhar para trás."
Mille sorriu forçadamente, tentando acreditar nas palavras da amiga. Ela sabia que essa noite poderia ser um marco, mas o que mais ela poderia esperar além de mais lembranças e mais dor?
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Camille chegou à festa de Uber, o som da música já se espalhando pelo condomínio. O carro parou em frente à casa iluminada e cheia de gente. Ela respirou fundo, ajeitou o vestido e saiu do veículo, tentando disfarçar a ansiedade. A festa parecia estar mais animada do que ela esperava para uma noite tão cedo. Já era 21h e as pessoas estavam se divertindo, conversando, e algumas até dançando no jardim.
Ela entrou na casa, seus olhos se movendo entre as pessoas, tentando identificar quem estava por ali. Não fazia ideia de quem era o dono da festa, mas o ambiente estava claro: uma celebração elegante, com um toque de descontração. Seus passos a levaram até a sala principal, onde as pessoas estavam se reunindo e se cumprimentando.
Nicolas estava lá, em um canto mais afastado, conversando com alguns amigos. O seu olhar, impassível como sempre, percorreu a sala. Quando os seus olhos se fixaram em Cami, ele observou-a de cima a baixo, avaliando-a. O seus olhos eram como gelo, sem demonstrar qualquer sinal de emoção, sem a menor reação. Ele parecia não se importar com a sua presença, ou talvez fosse o seu jeito peculiar de não demonstrar interesse. Camille sentiu o peso daquele olhar, mas não conseguiu entender o que aquilo significava. Ela continuou, tentando se misturar, sem saber ainda quem era o anfitrião ou o que aconteceria ali.
Aron (com um sorriso amigável): "Ei, acho que já te vi antes, né? Você é amiga da... como é mesmo o nome dela? Ah, Jess, não é? Faz tempo que não a vejo por aqui. Pode pegar o que quiser na geladeira. Sinta-se em casa. O Nick está ali no canto, se quiser conhecer o dono da festa."
Isabela (animada): "Obrigada! Vamos, Cami. Essa festa tá demais. Quer que eu pegue algo pra você?"
Camille (olhando ao redor): "Você sabe que eu não bebo, Isa. Quem é o dono da festa mesmo?"
Isabela (apontando discretamente para Nicolas): "Ali, o cara grandão de camisa preta perto da mesa de sinuca. Esse é o Nicolas. Acho que é ele, pelo menos. Não dá para negar que ele tem presença, né?"
Camille (curiosa, mas tentando disfarçar): "Hm... Interessante. Parece alguém sério."
Isabela (brincando): "Sério? Ele parece o tipo que deve ser cheio de histórias. Talvez seja sua chance de descobrir alguma."
Camille (rindo nervosamente): "Eu acho que passo, Isa. Vamos só encontrar um canto mais tranquilo, tá bom?"
Aron (se aproximando de Nicolas): "Ei, Nick, parece que a festa ficou mais interessante. Tem umas garotas novas por aí. A amiga da Jess acabou de chegar."
Nicolas (ainda olhando para o copo): "E daí? Todo mundo é amigo de alguém aqui, Aron. É só mais gente na festa."
Aron (rindo): "Tá certo. Mas essa tem algo diferente. Ela parece... não sei, reservada. Como se não quisesse estar aqui, sabe? Meio intrigante."
Nicolas (olhando ao redor por reflexo, mas logo desviando o olhar): "Intrigante? Você anda lendo muito romance, Aron. Deixa isso pra lá. A festa tá rolando. Aproveita."
Apesar do tom despreocupado, Nicolas se sentiu levemente inquieto. Algo na descrição de Aron o deixou curioso, mas ele não queria demonstrar. Ele preferia se isolar com sua bebida a lidar com novos rostos ou conversas desnecessárias.
Isabela (percebendo o desconforto de Camille): "Cami, você tá bem? Você ficou meio quieta de repente."
Camille (disfarçando): "Tô bem, só... não sei, acho que não tô acostumada com festas assim. Mas não se preocupa. Vai se divertir, Isa. Eu vou lá fora pegar um ar."
Isabela (sorrindo): "Tá certo. Mas me avisa se precisar de algo, tá bom? Aproveita um pouco também."
Enquanto Isabela voltava para a festa, Camille foi até a varanda. O som abafado da música e o vento fresco eram um alívio para sua mente inquieta. Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.
Na sala, Nicolas se levantou e caminhou até a cozinha para pegar outra bebida. No caminho, ele notou Camille de relance pela porta aberta da varanda, mas não pensou muito sobre ela. Apenas um rosto novo em meio a muitos. Ele voltou para o grupo de amigos, fingindo que nada tinha mudado naquela noite.
Na varanda, Camille olhava para as luzes da cidade, sem saber que o seu passado e presente estavam mais próximos de colidir do que ela imaginava.
Nicolas voltou para junto dos amigos, mas sua atenção não estava totalmente na conversa. Algo no ar parecia diferente, como se aquela noite trouxesse mais do que uma simples comemoração. Ele bebia em silêncio, observando as pessoas ao redor, enquanto Aron continuava animado, brincando com todos.
Do lado de fora, Camille ainda estava na varanda, tentando encontrar alguma calma. Ela apoiou as mãos no parapeito e deixou seus pensamentos vagarem. "É só uma festa", repetiu para si mesma, como se tentasse acreditar nisso. Mas algo dentro dela insistia em que havia mais naquela noite.
Isabela (saindo da sala e chamando): "Cami, vem pra dentro. Encontrei uma música que você vai adorar!"
Camille (sorrindo para a amiga): "Já vou. Só precisava de um momento aqui fora."
Ela entrou na casa novamente, e seu olhar encontrou Nicolas por acaso. Por um breve segundo, seus olhos se cruzaram, mas nenhum dos dois reconheceu o outro. Nicolas desviou rapidamente, como se aquele encontro visual fosse apenas mais um em uma noite cheia de rostos desconhecidos. Camille, por sua vez, sentiu uma pontada de desconforto, sem saber ao certo o motivo.
Aron (percebendo a troca de olhares): "Ei, Nick, acho que alguém te notou."
Nicolas (franzindo a testa): "Do que você tá falando, Aron?"
Aron (rindo): "A garota nova. A amiga da Jess. Vi vocês se olhando agora há pouco."
Nicolas (bufando): "Você tá vendo coisa onde não tem. Deixa isso pra lá."
Mesmo assim, Nicolas não conseguiu ignorar totalmente o comentário. Algo sobre Camille chamou sua atenção, mas ele não sabia explicar o que era.
Camille e Isabela foram para a cozinha, onde pegaram algumas bebidas para Isa e um copo de água para Camille. Elas começaram a conversar com algumas pessoas, e o clima ficou mais leve.
Isabela (sussurrando para Camille): "Você viu o dono da festa de perto? Ele é ainda mais bonito pessoalmente."
Camille (rindo): "Eu vi, mas não reparei tanto assim. Não tô aqui pra isso, Isa."
Isabela (brincando): "Ah, Cami, às vezes você precisa relaxar. Quem sabe ele não é alguém interessante?"
Antes que Camille pudesse responder, Aron se aproximou delas.
Aron (com seu tom sempre animado): "Vocês estão gostando da festa? Precisa de alguma coisa? A música tá boa?"
Camille (educada): "Tá tudo ótimo, obrigada."
Aron (olhando para Camille): "Você tem um jeito quieto, mas não precisa ficar na defensiva. O Nick sempre dá festas incríveis."
Isabela (brincando): "Ela só precisa de um empurrãozinho pra se soltar."
Nesse momento, Nicolas apareceu na cozinha para buscar mais gelo. Ele notou Aron com as garotas e lançou um olhar rápido.
Nicolas (sério): "Aron, tá incomodando as convidadas?"
Aron (rindo): "Só sendo um bom anfitrião, Nick. Relaxa."
Camille olhou para Nicolas novamente e sentiu algo estranho. Havia algo nos olhos dele que parecia carregar uma mistura de peso e mistério, como se ele tivesse vivido coisas que ela nunca entenderia.
Nicolas (frio, olhando para Camille): "Se precisar de alguma coisa, só fala com Aron. Aproveitem a festa."
Ele saiu rapidamente, sem esperar resposta, deixando Camille com uma sensação inexplicável.
Isabela (curiosa): "Ele é bem sério, né? Mas é um charme, não acha?"
Camille (disfarçando): "É... Ele tem um jeito intenso. Mas vamos mudar de assunto?"
A noite continuava, mas o clima entre Nicolas e Camille, mesmo sem se conhecerem, já começava a trazer uma tensão no ar que ninguém ali entendia completamente.
Camille sentiu um arrepio na espinha enquanto olhava para o homem bêbado que tentava forçá-la contra a parede. Sua voz era arrastada, e o cheiro forte de álcool a fazia querer recuar ainda mais. Ela tentou se soltar, mas ele era insistente, sua mão firme segurando o braço dela.
Homem bêbado: "Vamos lá, só uma dança. Você é muito bonita pra ficar sozinha."
Antes que ela pudesse responder, uma mão firme agarrou o ombro do homem e o puxou para trás com força. Nicolas surgiu, seu olhar frio e penetrante como uma lâmina.
Nicolas: "Ninguém toca nela sem permissão. Entendido?"
O tom grave e ameaçador de Nicolas fez o homem hesitar. Ele tentou se recompor, mas ao encontrar os olhos de Nicolas, seu corpo tremeu involuntariamente. O homem balbuciou algumas palavras, soltou Camille e saiu cambaleando, murmurando desculpas.
Camille, ainda surpresa, respirou fundo e se voltou para Nicolas. Ele já estava se afastando, como se aquilo não fosse nada. Mas ela correu atrás dele, tocando seu braço para chamar sua atenção.
Camille: "Espere! Obrigada... pelo que fez."
Nicolas (sem emoção): "Não precisa agradecer. Só fiz o que qualquer pessoa decente faria."
Camille ficou em silêncio por um momento, tentando decifrar a frieza dele. Mas antes que pudesse dizer algo mais, Nicolas se afastou, voltando para a sala onde a música ainda tocava em um volume mais baixo.
Ela suspirou, decidindo que era hora de encontrar Isabela. Olhou para o relógio: 23h55. Quase na hora de encerrar a festa. Depois de alguns minutos procurando, encontrou Isabela perto do corredor, aos beijos com Aron. Camille revirou os olhos, claramente irritada com a cena.
Camille (impaciente): "Isabela, precisamos ir embora."
Isabela (rindo, meio bêbada): "Ah, Cami, relaxa! Tá tão cedo ainda..."
Aron (sorrindo): "Ela vai ficar comigo hoje. Não se preocupe, vou cuidar bem dela."
Camille cruzou os braços, encarando Aron com firmeza.
Camille: "Ela está bêbada. Não está em condições de ir pro quarto de ninguém, muito menos com você."
Aron (tentando convencer): "Eu sou amigo de confiança, Camille. Ela tá segura comigo
Antes que a conversa pudesse se intensificar, Aron fez um sinal para Nicolas, que estava perto da entrada, despedindo alguns convidados. Ele caminhou até eles, percebendo a tensão no ar.
Nicolas: "O que está acontecendo aqui?"
Aron (rindo nervoso): "Nada demais, Nick. Só um mal-entendido. Camille acha que eu não deveria cuidar da Isabela."
Camille (enfática): "Ela não precisa de ninguém pra 'cuidar' dela. Ela precisa ir pra casa e descansar."
Nicolas olhou para Isabela, claramente sem condições de decidir por si mesma, e depois para Camille, que estava firme em sua posição. Ele suspirou, percebendo que aquilo poderia se prolongar.
Nicolas: "Aron, deixa a garota levar a amiga embora. Você sabe que isso aqui não vai acabar bem se ela ficar nesse estado."
Aron hesitou, mas acenou com a cabeça, resignado.
Aron: "Tudo bem, tudo bem. Mas só porque você tá dizendo."
Nicolas voltou-se para Camille, que já estava ajudando Isabela a ficar de pé.
Camille ainda estava preocupada com Isabela, que mal conseguia ficar de pé sozinha. Olhando para a amiga, sabia que não havia como levá-la embora naquele estado. Ela precisaria de ajuda.
Nicolas, que observava a situação de longe, aproximou-se com o olhar frio, mas analisador.
Nicolas: "Ela não pode ir para casa assim. É melhor que fiquem aqui esta noite."
Camille hesitou, surpreendida com a sugestão.
Camille: "Não quero incomodar. Vamos dar um jeito de ir embora."
Nicolas cruzou os braços, como se já tivesse tomado a decisão por ela.
Nicolas: "A casa é grande. Há três quartos e um escritório. Um dos quartos está vazio, é do Luke, mas ele só usa quando não está viajando. Levem sua amiga para lá."
Camille olhou para ele, desconfiada, mas não tinha muitas opções.
Camille: "Tudo bem, se não for incômodo. Vou só ajudá-la a se ajeitar."
Ele apenas deu um aceno curto, indicando que estava resolvido, e virou-se para sair da sala. Antes de sair, parou por um instante e, sem olhar para trás, completou:
Nicolas: "É no final do corredor, segunda porta à direita. Se precisar de algo, me avise."
Sem dizer mais nada, ele desapareceu pela casa.
Camille suspirou e tentou ajudar Isabela a andar.
Camille: "Vamos, Isa. Só mais um pouco. Você precisa descansar."
Isabela murmurava palavras desconexas, rindo sozinha enquanto Camille a guiava com esforço pelo corredor até o quarto indicado. Quando finalmente entrou, viu um ambiente simples, mas aconchegante, com uma cama de casal e uma poltrona próxima à janela.
Com dificuldade, Camille conseguiu deitar Isabela na cama e ajeitou o travesseiro para que ela ficasse confortável.
Isabela (rindo fraco): "Ninguém... ninguém nunca cuida de mim assim, Cami. Você é... incrível."
Camille: "E você é um desastre, Isa. Dorme agora."
Depois de certificar-se de que a amiga estava confortável, Camille saiu do quarto em busca de um copo d’água. Na cozinha, encontrou Aron, que ainda estava por ali, mexendo no celular.
Aron: "Deixou ela no quarto?"
Camille: "Sim, mas vou precisar de água para ela."
Aron abriu a geladeira e pegou uma garrafa, entregando-a para Camille.
Aron: "Aqui. Acho que amanhã ela vai precisar mais do que só água, mas é um começo."
Camille agradeceu com um sorriso educado, pegou um copo e voltou ao quarto. Nicolas, que estava encostado em uma parede no corredor, observou-a passar sem dizer nada. Apenas acompanhou seus passos com o olhar, seu rosto inexpressivo como sempre.
De volta ao quarto, Camille colocou o copo na mesinha ao lado da cama e se sentou na poltrona. Ela sabia que aquela noite seria longa, mas pelo menos Isabela estava em segurança.
Enquanto isso, Nicolas ficou na sala, bebendo em silêncio, tentando afastar os pensamentos que insistiam em invadir sua mente.
Camille, sentada na poltrona do quarto, sentiu o cansaço começar a pesar sobre ela. Isabela dormia profundamente, mas o cheiro da festa ainda estava em suas roupas, e ela queria tomar um banho. Levantou-se com cuidado para não acordar a amiga e saiu em busca de uma toalha e algo para vestir.
Ao chegar à sala, encontrou Nicolas sozinho, afundado no sofá com um copo de gim na mão. Ele estava imóvel, com o olhar perdido, mas percebeu sua presença.
Nicolas (com voz arrastada): "Precisando de algo?"
Camille hesitou por um momento. Ele parecia tão distante, tão diferente do homem frio e reservado que havia conhecido mais cedo.
Camille: "Eu... queria tomar um banho, mas não tenho toalha ou roupas."
Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de fazer um gesto com a mão, indicando que ela o seguisse.
Nicolas (se levantando): "Venha. Vou pegar pra você."
Ela o seguiu até o andar superior, mantendo uma distância respeitosa. Nicolas subia os degraus com passos pesados, e o cheiro da bebida era perceptível. Quando chegaram ao quarto dele, Camille parou na porta, hesitante em entrar.
Nicolas foi até o armário, mas, ao se virar, perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos no chão. Camille correu para ajudá-lo.
Camille (preocupada): "Você está bem? Nicolas, fala comigo!"
Ele tentou se levantar, mas desistiu, cobrindo o rosto com as mãos. Quando finalmente falou, sua voz estava embargada pela emoção.
Nicolas (sussurrando): "Não, eu não tô bem... Faz quatro anos, e eu ainda não consigo esquecer. Eu amei alguém... por tanto tempo... e ela me traiu. Ela destruiu tudo."
Camille sentiu um aperto no peito. As palavras dele tocaram algo dentro dela, trazendo à tona suas próprias feridas. Ela se ajoelhou ao lado dele, segurando seu braço.
Camille: "Eu sinto muito... Ninguém merece passar por isso."
Nicolas levantou a cabeça, os olhos vermelhos de lágrimas. Ele parecia tão vulnerável, tão humano.
Nicolas: "E você? Alguma vez já foi traída? Dói como o inferno, não é?"
Camille respirou fundo, tentando manter a calma enquanto as lembranças vinham à tona.
Camille: "Já... e ainda dói. Mas... a gente não pode viver no passado. Eu tentei seguir em frente, mesmo que seja difícil."
Ele a encarou por um momento, como se procurasse algo em suas palavras. Então, balançou a cabeça e, com esforço, se levantou com a ajuda dela.
Nicolas: "Você é mais forte do que eu."
Camille (com um sorriso triste): "Não. Só tô tentando sobreviver, como todo mundo."
Nicolas foi até o armário novamente e tirou uma toalha, uma camisa preta grande e uma cueca boxer nova. Ele entregou tudo a ela com um olhar cansado.
Nicolas: "Aqui. Desculpa não ter algo melhor."
Camille pegou as roupas, agradecida.
Camille: "Obrigada. E... por favor, tente descansar. Amanhã vai ser um dia melhor."
Ele apenas deu um aceno curto, sentando-se na beira da cama e encarando o copo vazio. Camille saiu do quarto e foi direto para o banheiro. Enquanto tomava banho, suas emoções estavam confusas. Algo naquele homem mexia com ela, mas ela não sabia dizer exatamente o que era.
De volta ao quarto onde Isabela dormia, Camille olhou para a amiga, que parecia alheia ao mundo. Mas Camille não conseguia dormir. As palavras de Nicolas ainda ecoavam em sua mente.
No quarto dele, Nicolas também não conseguia descansar. As memórias ainda o assombravam, mas, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu algo diferente – talvez uma fagulha de esperança, ou apenas a sensação de que não estava tão sozinho naquela dor.
Na manhã seguinte, o sol já começava a entrar pela janela do quarto onde Camille e Isabela dormiam. Camille acordou com o som suave de vozes e risadas vindas da sala, mas a cabeça estava cheia de lembranças da noite anterior. Levantou-se devagar, evitando acordar a amiga que ainda dormia profundamente, resultado da festa e da bebida.
Camille (pensando): O que aconteceu ontem? O que está acontecendo comigo e com ele?
Ela foi até o banheiro, tomando um banho rápido para tentar clarear a mente. Quando voltou para o quarto, Isabela ainda estava estirada na cama, roncando levemente. Camille sentou na cadeira próxima à cama, observando a amiga por um momento.
Camille (sussurrando para si mesma): Não posso continuar me iludindo...
Após alguns minutos, Isabela se mexeu e começou a acordar lentamente, ainda com a expressão de quem estava tentando recuperar o sono perdido.
Isabela (com voz abafada): "Cami, você está acordada? Como foi a noite? Você está bem?"
Camille (tentando sorrir): "Sim... Eu estou bem. E você? Acho que você bebeu demais ontem."
Isabela (com um riso cansado): "Nem me fale... Mas valeu a pena. A festa estava ótima! E você, ficou tranquila? Eu vi você conversando com o Nicolas... que foi aquele olhar que ele te deu?"
Camille (desviando o olhar): "Aconteceu mais do que você imagina, Isa... Eu... Eu fiquei com ele. Ele estava... muito mal, e eu não consegui deixá-lo sozinho."
Isabela levantou-se, sentando na cama e fixando os olhos em Camille.
Isabela (surpresa): "Você ficou com ele? O Nicolas? O cara que... você já o conhecia antes?"
Camille (respirando fundo): "Não, eu não fiquei com ele no sentido que você está pensando... Ele estava bêbado, e... estava sofrendo muito. Ele me contou sobre uma traição que ele sofreu e, sei lá, eu só queria ajudar. Ele parecia tão... perdido."
Isabela observou a amiga com um olhar pensativo, como se tentasse entender a complexidade da situação.
Isabela (baixando o tom de voz): "Entendo. Então você não se arrepende, certo? Mas, Cami, você sabe que você tem que ser cuidadosa com ele... Nicolas não é qualquer pessoa."
Camille (com um sorriso amargo): "Eu sei... Só que ele tem algo dentro dele que... que me faz querer ajudar. Talvez eu esteja apenas tentando consertar o que eu mesma não consegui consertar no passado."
Isabela a observou, sem saber o que mais dizer, e decidiu dar um tempo para a amiga processar tudo. Elas ficaram em silêncio por alguns minutos até que Camille se levantou e pegou as roupas.
Enquanto isso, Nicolas já estava na sala, se recuperando da ressaca. A festa tinha acabado há algumas horas, mas ele não conseguia tirar a noite da cabeça. Sentia-se vulnerável, algo que não estava acostumado a sentir. Caminhou até o escritório, onde mantinha o sistema de câmeras de segurança da casa. Ele tinha o hábito de verificar tudo, mesmo os momentos mais banais.
Ele acessou o arquivo de gravação do quarto de ontem à noite. Assistiu em silêncio enquanto via a imagem de Camille ajudando-o a levantar do chão, suas mãos firmes em seus ombros. A imagem de Camille, preocupada, o tocando de forma quase carinhosa, fez o peito de Nicolas apertar. Ele pausou o vídeo.
Nicolas (sussurrando, com raiva e dor): "O que você está fazendo comigo?"
Ele continuou assistindo, vendo Camille sair do quarto após ajudá-lo, o rosto dela refletindo o peso de tudo o que havia acontecido. A visão de ela se afastando do quarto parecia mexer com ele de uma maneira que ele não conseguia explicar. Em um momento, ele sentiu uma pontada de dor no coração, e então desligou a gravação.
Nicolas (pensando): Eu não posso... Não posso me permitir... Mas ela está lá, de novo. Sempre tentando me fazer ver a vida de uma forma diferente.
De volta ao quarto, Camille estava sentada na cama, com os olhos fechados, tentando processar tudo o que aconteceu. Isabela já estava pronta para sair, mas antes de irem embora, a amiga ainda estava pensativa, absorvendo as palavras de Camille.
Isabela (olhando Camille com um sorriso): "Cami, você sabe que se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. Só... só não se esqueça de cuidar de si mesma também."
Camille (com um sorriso forçado): "Eu sei, Isa. Obrigada. Vamos logo, antes que ele venha nos interromper de novo."
Nicolas, ainda no escritório, se levantou da cadeira e foi até a janela, olhando para o jardim vazio lá fora. O dia estava começando a clarear, e ele sabia que a festa tinha acabado, mas o que aconteceu naquela noite ainda estava fresco em sua mente. Ele pensou por um momento no que fazer a seguir, mas, por enquanto, preferiu apenas esperar.
[Aron Miller, 24 anos,Signo: touro]
[Isabela Orsini Altieri,19 anos, Signo:Capricórnio]
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Atualizado até capítulo 21
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