Julia 🏡
Acordo no dia seguinte com o despertador, levanto, tomo banho, me arrumo, penteio o cabelo e sigo com a minha mochila até o andar de baixo, a casa está revirada, não vejo nada além de caos, Gustavo está caído em cima da mesa, dormindo o mais profundamente que já vi.
Vasculho na geladeira algo pra comer, mas não vejo nada, pego uma maçã em cima da mesa, lavo-a e logo após dar a primeira mordida eu sinto uma mão rodear meu pulso.
- Já está indo pra escola? - pergunta meio grogue.
- Sim.
- Quando voltar arrume tudo isso e faça o almoço. - diz de maneira imperativa.
- Mas... - ele aperta mais forte o meu pulso e me puxa para perto.
- Eu mandei você fazer e quando eu mandar você fazer, faça. - solta minha mão com agressividade e volta a deitar na mesa.
Olho meu pulso que ficou vermelho por causa do aperto, saio de casa o mais rápido possível, se eu soubesse, se eu imaginasse que esse seria apenas o começo do meu inferno.
...
Volto pra casa aproximadamente às 11:30 da manhã, assim que chego percebo que não tem ninguém, mas a bagunça ainda está presente, à espera de mim para limpar.
Coloco no fogo a água do macarrão, separo uns bifes congelados e cozinho feijão, também faço um pouco de salada pra mim, preparo tudo em tempo recorde e me sento para almoçar, coloco algo no celular pra assistir e então me delicio com minha refeição.
Assim que termino tudo vou lavar a pilha de pratos que estão na cozinha, termino e sigo pra catar tudo que está espalhado, guardar o que precisa e o que não, descartar. Ao realizar a arrumação da sala eu recolho em sacos tudo que é pra ser jogado no lixo, saquinhos plástico, lata de cerveja, garrafa de vidro, junto tudo e jogo fora, depois, pego o espanador e passo nos móveis que estão imundos, com um pózinho branco espalhado por todos eles, encontro também bitucas de cigarro, cigarros maiores que não sei o que são, pego tudo e jogo fora.
Finalizo a limpeza varrendo todo o andar de baixo, amanhã eu limpo lá em cima. Subo, um pouco cansada da grande limpeza e vou tomar banho, visto uma roupa leve, me deito na cama e decido relaxar.
...
Horas depois, sou acordada com uma batida estrondosa na porta, Gustavo entra irado, ele me puxa pra fora da cama e me joga no chão, bato meu braço e me encolho quando percebo que o mesmo avança em minha direção, sinto-me desprotegida, uma imensa vontade de chorar, ele puxa meu cabelo com força me forçando a olha-lo.
- Cadê as paradas que deixei na mesinha da sala? - pergunta transtornado.
- O que? Eu não sei de nada. - ele me dá uma bofetada e nessa hora eu começo a chorar.
- Não mente vadia, cadê? - fico desesperada, não sei do que ele está falando, só queria que ele me largasse.
- Se está falando das coisas que arrumei na sala, estão em uma bolsa de lixo preta. - ele puxa meu cabelo pra perto dele e fala no meu ouvido.
- Nunca mais mecha em nada meu sem a minha permissão. Entendeu? - balanço a cabeça assentindo.
Ele se retira, me deixando completamente atordoada, eu me levanto com muita dificuldade, vejo o hematoma no meu braço, sei que vai ficar roxo, deito na cama em posição fetal, choro, soluço e rezo.
Henrique 🚔
O despertador toca perto das 18:00, depois desse tempo todo dormindo eu acordo mais animado, tomo um belo banho, visto uma calça jeans preta, uma camisa azul escuro, passo um bom perfume, pego minha arma, minha carteira e espero a localização ser enviada, o que acontece por volta das 18:40.
Desço até a garagem, pego meu carro e sigo até o destino final, um barzinho karaokê, fico um bom tempo empacado no trânsito do Rio, mas consigo chegar no horário certo. Assim que entro no bar vejo Rubi, Jéssica, Anthony sentados em um barzinho, me aproximo deles que me cumprimentam.
- Cadê o Luan? - pergunto ao sentar do lado de Jess.
- Tá vindo, a mamãe tá trocando a fralda. - todos riem do comentário de Rubi.
- Ela e essa implicância com a idade do menino. - Anthony fala e todos rimos.
- Iae Anthony, como tá a Tábata? Te liberou hoje? - Rubi fala em provocação e ele dá o dedo do meio pra ela.
- Rubi, hoje você está particularmente insuportável. - Anthony fala em tom de brincadeira e ela ri. - Respondendo a sua pergunta, a Tábata está ótima, foi passar o final de semana na casa da mãe.
- E como está o bebê? - dessa vez quem fala é Jess, dando um gole na sua cerveja.
- Tá bem, semana que vem descobriremos o sexo.
- Boa! - Rubi fala batendo na mesa. - Vamos fazer um bolão, qual será o sexo do bebê de Tabhony.
- Tabhony? - pergunto meio confuso.
- Sim ué, o nome do shippe dos dois, Anthony e Tábata. - gargalho com a informação.
O garçom se aproxima trazendo minha cerveja e logo atrás Luan entra pela porta, ele se aproxima e senta ao meu lado, pede uma dose de gin e volta sua atenção para o grupo.
- Perdi muita coisa?
- Só a Rubi querendo fazer um bolão sobre qual será o sexo do bebê de Anthony e Tábata. - digo e o mesmo tenta segurar uma gargalhada com a recente informação.
- Eu aposto 100zão que é menino.- Jess diz convicta.
- Eu aposto 150 que é menina. - Rubi fala.
- Tô com a Jess, 200tão. -Luan decide sua aposta.
- Eu acho que é menina, dou 500. - digo cravando minha opinião, todos brindam na expectativa e passamos a noite toda curtindo um bom papo, cerveja e uma boa companhia.
Dias depois...
Julia 🏡
Hoje é sábado, terei a primeira visita do assistente social, ele virá averiguar as condições da em que vivo e só Deus sabe que eu queria dizer tudo que tá acontecendo aqui, mas não posso, Gustavo já me ameaçou, ele deixou claro que se eu abrisse a boca eu iria pagar antes mesmo deles me tirarem daqui.
- Aquele palerma vem hoje? - assinto.
Ele coloca os pratos na pia e se vira pra mim, depois de dar um último trago no cigarro e jogar no lixo, ele vem até mim e pega uma mecha do meu cabelo.
- Você já sabe, eu sou um ótimo primo, cuido muito bem de você. - engulo seco.
- Eu não vou falar nada. - digo em meio a gaguejo.
- Eu sei priminha, você jamais me prejudicaria. - ele sai da cozinha e eu levanto pra lavar os pratos na pia.
- Deixe tudo limpo, não quero aquele cara falando que a casa tá suja. - assim que termino eu vou pra sala esperar Augusto chegar, aproximadamente umas 09:20 escuto a campainha tocar, Gustavo atende e recepciona ele.
- Olá, bom dia. - ele se aproxima de mim me cumprimentando e se senta ao meu lado.
- Bom dia. - digo um pouco tensa.
- Está tudo bem Julia? - ele percebe minha inquietação e faz o questionamento, olho pra Gustavo que me encara de maneira assustadora, ele me deixa inquieta, nunca tive tanto medo de alguém assim.
- Está...eu...eu só tô com sono. - digo tentando despistá-lo.
- Como está sendo sua estadia aqui? E a escola? Como foi?
- Está bem, é tudo muito novo, estou me adaptando, mas estou sendo bem tratada. - engasgo com a mentira.
- Que bom.
Ele fica mais ou menos 1h conversando comigo, Gustavo não saiu do meu pé um minuto se quer, sempre alí, rondando, preocupado com o que eu poderia falar. Augusto vai embora depois de terminar a bateria de perguntas, meu primo ordinário fecha a porta e eu corro pra meu quarto, tranco a porta e me jogo na cama, não sei quanto tempo mais vou aguentar esse inferno.
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Atualizado até capítulo 84
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