Contínuo presa?

A fala de Dìon me tirou completamente o controle e isso fez o meu corpo reagir assim como a minha lycana. Os olhos de Dìon se fecham enquanto a sua respiração fica profunda.

Claro que ele estava sentindo, os inibidores que sempre usei foi para ele não sentir nada, ou seja, para ser invisível aos seus sentidos e agora tudo estava indo na contra mão.

Não me atrevi a olhara para Dìon o resto do caminho, mas pedi a deusa que me ajudasse a me manter calma ou tudo iria apenas se intensificar, preciso dos inibidores urgente.

— E as minhas coisas?

— Já foram levadas, desculpa por ser tão radical, mas não vou deixar você sozinha.

— Tudo mesmo? Não ficou nada para trás?

— Está preocupada com algo?

— Sim, sempre tomo alguns remédios… bem naqueles dias… — eu estava enrolando muito para falar e isso chamou a sua atenção.

— Aqueles que peguei? — a sua voz foi ficando fria e baixa, espero que ele não saiba exatamente o que são.

— Sim, preciso deles — me viro para a janela abrindo o vidro, preciso que o ar bagunce as coisas ou o meu nervosismo vai me entregar.

— Então vamos ter que encontrar outra solução, pois aquilo você não vai injetar mais no seu corpo — ele fechou o vidro novamente e ainda travou o meu lado — Sei o que são aqueles frascos e sei também os efeitos colaterais que causam.

— Fico apenas lenta, como se estivesse com sono.

— Eles podem te matar Fìor, ou melhor, matar a sua lycana — o meu olhar de medo o fez sorrir — Não me olhe assim, o fato de não ter te contato tudo não quer dizer que não sei.

Resolvi ficar quieta, não sei até onde ele está blefando, afinal ele sempre foi meio tapado com as informações, eu sempre tive que mostrar tudo com os detalhes. Porém, ele é o rei, com mais de trezentos anos, não é possível que seja tão burro.

De qualquer forma, vou devagar para descobrir o que ele sabe ou vou acabar entregando todas as informações de uma única vez. Ele apenas me olhava pelos cantos dos olhos e sorria.

— Odeio quando faz isso.

— Posso olhar diretamente se preferir — o quê? Ele ouviu? Merda pensei alto demais.

— Se não olhasse seria melhor.

— Impossível neste momento, as suas expressões falam mais que palavras — o seu olhar no meu fez até a minha respiração parar, eu não posso sentir nada por ele, mas está fora do meu controle.

Eu escutei ele falando com a minha lycana que me quer, ou melhor, ele quer que eu o queira, sou apenas uma caçada para ele. Viro para frente aceitando que para Dìon Madadh tudo não passa de uma conquista, uma caçada, sempre foi assim e não vai ser diferente agora.

Assim que me deitar com ele, certamente vou ser descartada, acabo engolindo seco com esse pensamento. Já joguei tempo demais da minha vida fora por conta dele, mas retornar para o meu povo também é perigoso.

O carro foi direto para uma garagem separada, consegui ver que existiam carros a mais e também um Bràthair encostado em um carro vermelho sorrindo. Desci do carro as pressas indo ao seu encontro.

— Tudo bem, Cisquinho? — a sua voz era baixa enquanto ele me abraçava de volta, estava lutando para não começar a chorar.

— Sim, pode me tirar daqui?

— Não, mas agora estou ao seu lado majestade — mesmo sussurrando sei que Dìon pode ouvir, então dou um tapa no seu braço negando com a cabeça — Antes que eu me esqueça, um presente.

Ele me entregou a chave do carro que ele estava encostado, quando fui negar ele não permitiu e já me avisou que o carro está completamente grampeado para a minha segurança.

Não teria como negar, ele me garantiu que o acesso a essas informações seriam apenas dele, nem mesmo Dìon teria acesso, o que resultou nele reclamando e questionando o motivo.

Mas nós dois sabíamos que a qualquer momento eu poderia ir embora e sumir novamente, Bràthair deixou claro que apenas a minha segurança importava e por isso mesmo que o acesso aos nossos andares eram limitados.

O clima só piorou dentro do elevador, já que os dois estavam travando uma briga silenciosa pelos olhares e assim que as portas se abriram corri para fora, porém haviam duas portas iguais.

O meu olhar encontrou com Bràthair, mas Dìon o virou de costas me falando para escolher. Isso era um teste dele, mais um entre tantos que sempre fui obrigada a realizar.

Quando passei pelos dois indo em direção ao elevador, Dìon me parou me segurando pelos ombros, o seu olhar era de pânico enquanto o meu, era apenas de cansaço.

Era exatamente assim que estava me sentindo, cansada de me esconder, cansada de ser caçada, cansada de ser a última opção e principalmente cansada de não ser escolhida.

Os olhos de Dìon fora ficando azuis e antes que eu pudesse me afastar ele me abraçou forte, esses momentos carinhosos eram somente com o seu lycano, isso me deixou mais triste do que já estava.

A passos lentos ele cheirou o ar e abriu a porta da direita, as minhas coisas estavam todas ali, inclusive o meu estoque de inibidores. Dou alguns passos até eles, mas Bràthair foi mais rápido.

A ordem do lycano de Dìon foi bem clara e específica, era para destruir todos e que a partir de agora eu não tomo mais nada, nós dois sabíamos muito bem no que isso iria resultar, era questão de tempo.

Mas desta vez vou estar preparada e antes que ele possa me expulsar eu mesmo vou embora. Bràthair tentou entrar, mas com o rosnado ele apenas fechou a porta nos deixando sozinhos ali dentro do meu novo apartamento.

— Não vou deixar você ir embora, pode parar de procurar rotas para fugir — a sua voz, mesmo calma e baixa, não deixava espaço para contestar.

— Então continuo presa? — solto uma gargalhada amarga e depois volto a respirar fundo, explodir não era a melhor solução no momento.

— Já cometi esse erro antes e não vou permitir que seja morta novamente — o seu toque nos meus ombros era suave e leve como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

— E se eu escolher ir embora?

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