Finalmente encontrei

Ela era muito mais rápida que a Fìor, mas também não ofereci nenhuma resistência quando ela me lançou contra o chão, me prendendo com o seu corpo. Os seus olhos eram lindos e tão azuis quando do meu lobo.

— Me perdoe por favor, eu realmente não sabia.

— Acredito em você portador, mas quero que me explique quais serão os seus próximos passos.

— Quero a confiança da Fìor, quero que ela me ame.

— Um plano muito ousado não acha?

­— Não, pois eu já a amo, pelo menos acredito que o que estou sentindo seja isso.

— Saiba que ela está ouvindo portador e se machucar a minha menina eu mesmo mato você.

Os seus olhos voltaram a sua cor natural enquanto o aperto nas minhas mãos sumiram, apenas toquei no rosto da Fìor que fechou os olhos por alguns instantes, mas quando percebeu que estava ainda sobre o meu corpo deu um pulo voltando para o sofá.

Eu tinha muito mais para perguntar e até mesmo falar, mas já havíamos entrado a madrugada adentro e daqui a pouco as reuniões iriam começar. Não tenho pressa agora, pois vamos passar a semana juntos.

Estendo a minha mão e mesmo com receio ela aceita e sem nem esperar ela ficar em pé já a puxo para um abraço, não era forte, mas mesmo assim não permitia que ela saísse.

— Vamos tomar um banho — assim que ela trava eu percebo que fiz merda — Desculpa, você vai tomar um banho e eu vou preparar alguma coisa para comermos.

— As minhas coisas…

— Preciso que preste bastante atenção, não deve sair sem a minha presença e não estou fazendo graça ou drama, aqui as coisas são um pouco mais…

— Antigas e agressivas — ela completa a minha frase enquanto eu confirmo com a minha cabeça.

— As nossas coisas já estão no quarto — conseguia sentir o desespero sem ela nem comentar nada — Ninguém entrou aqui, ninguém ouviu o que disse, pode ficar tranquila.

— Então como?

— Você é a reencarnação da Gaol, a última ômega que existe e ainda está duvidando de como as roupas já estão nos armários?

Preciso me controlar, por mais que ver ela furiosa seja excitante eu ainda posso apanhar e até mesmo afastar ela, pode ter certeza que a minha vontade é completamente o oposto.

Quando ela saiu do banheiro evitei olhar na sua direção, já que sabia que ela estava apenas de toalha, a minha mente estava repetindo como um mantra “tudo no seu tempo, tudo no seu tempo, vamos ter tempo… f0da-se o tempo…”

O seu toque no meu ombro me mostrou que fiquei lutando na minha cabeça tempo demais, mas me animei por perceber que ela não estava com medo e sim segurando o riso.

— Estava preso nos seus pensamentos novamente.

— Como… Claro, nunca foi a minha voz da consciência, né? — ela chegou a morder os lábios para não começar começar rir enquanto nega com a cabeça — E eu acreditando que estava finalmente tomando juízo.

— Me desculpa por te desapontar, mas você sempre conversou comigo mesmo que no início pareceu estranho, eu me acostumei.

Isso a fez sorrir novamente enquanto servia a ela um pouco de risoto, nunca fui muito bom na cozinha, mas consigo me virar tranquilamente. O sorriso não deixou os meus lábios ao perceber que ela estava gostando.

Não demoramos comendo e já fomos para a cama, mesmo sendo enorme ela ficou tensa, quando prometi que não iria fazer nada o meu lobo rosnou e voltei a assegurar que nós dois não iríamos fazer nada, isso quebrou o clima tenso.

Acordei com o cheiro de comida e sai correndo da cama quando a percebi vazia, mas Fìor estava na cozinha já arrumada terminando de preparar o café da manhã.

Voltei para o quarto sorrindo e me culpando por pensar que ela iria fugir de mim, o dia foi como eu esperava, cheia de reuniões e vários alfas babando em cima da minha Fìor.

Para a minha alegria em diversos momentos a sua língua afiada colocou diversos no seu devido lugar, claro que não a apresentei da forma correta, mantive apenas a informação que ela é a minha assistente.

Apenas no quarto dia que tive coragem de voltar no assunto, desta vez foi mais fácil ela me contou que Neo era o seu Beta, o seu melhor amigo e que ele confundiu os sentimentos que do lado dela eram apenas fraternais.

Não consigo acreditar que Tàir tenha sido inteligente o suficiente para descobrir quem realmente Fìor era, afinal o meu próprio irmão descobriu somente quando ela quis contar.

No máximo que ela descobriu foi sobre os inibidores, mas isso custou a sua vida. Não que eu esteja reclamando, mas a vida do… Não, eu queria muito me arrepender, mas não me arrependo e isso eu vou guardar para mim assim evito que Fìor se aborreça.

Mandei mensagem para Bràthair perguntando se ele já havia terminado, pois, logo vamos retornar, deixei claro que não vou manter a Fìor presa a mim, mas ele me garantiu que vai ficar por perto.

Os guardas que foram comprados já estavam mortos e sinceramente fiquei com dó, pois Bràthair deve ter descontado toda a sua raiva em cima deles. Fiz questão de deixar claro que ela está livre e confio nela.

Mas também deixei claro que quero a verdade sobre o meu passado e principalmente sobre o meu lobo, se tem uma pessoa que confio cegamente é no meu irmão e agora também em Fìor.

Assim que estávamos saindo recebo a localização de um dos prédios que fica próxima à empresa, não consegui segurar o riso e quando mostrei a mensagem para Fìor ela também começou a gargalhar.

“Já que os dois teimosos não querem ficar na mesma casa, vou ser obrigado a me mudar junto com a Cisquinho, pois ninguém mais vai tocar ou ameaçar ela”

Bràthair estava sendo muito protetor, afinal ele fechou os últimos dois andares do prédio e conhecendo bem o meu irmão sei que ele deixou um andar para cada um de nós, sendo que são dois apartamentos por andar.

— Dìon…

— Eu confio em você, mesmo ciente que não me contou tudo — os seus olhos estavam cheios de lágrimas que ela estava se esforçando para não deixar cair — Não tenho pressa, Fìor sei que vai me contar quando se sentir confortável.

— Vai morar neste prédio também?

— Possivelmente, não é mais uma suspeita pelo atentado, mas ainda, sim, é suspeita de outras coisas.

— Que coisas? Como assim?

— Ser a minha companheira, suspeito que finalmente encontrei a minha rainha.

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