Capítulo 19

Acordo sentindo sobre meu corpo um peso que trás a sensação de proteção e calor, Nero está agarrado a mim com a cabeça enterrada em meus seios, tento me mover já que dorme profundamente mais se aninha ainda mais quando tento abandonar a cama, acaricio seus cabelos os tirando do rosto e ele sorri ainda anestesiado pelo sono, poucas vezes tive o prazer de vê-lo sorrindo, é sempre tão triste, tão sombrio, contorno com os dedos as cicatrizes em suas costas me dando conta de que não as notei a primeira vez que o vi sem roupa, estava com tanta medo, tão assustada, me pergunto que tipo de monstro teria coragem de tê-lo marcado desse jeito, tento afastar essa sensação de impotência e vazio em meu peito, tem um dia lindo esperando por mim lá fora, me movo em mais uma tentativa de sair de seu domínio e ele se vira para o outro lado, parece cansado como quem não dormia a dias, me levanto da cama com um sorriso que mal cabe em meu rosto correndo até o banheiro, faço minha higiene e tomo um banho rápido impaciente e ansiosa para contar a Ella a noite incrível que tive nesse quarto, desço as escadas correndo, Ella está sentada a mesa com os olhos vermelhos e visivelmente inchados.

— Bom dia.

Beijo seu rosto e ela sorri para mim.

— Hô Deus, que bom que a noite não foi um desastre para nós duas.

Respira fundo.

— As coisas não aconteceram como esperava entre você e Orfeu?

— Até aconteceram, Sierra aquele homem é uma coisa de outro mundo.

Sorrio desconcertada.

— Desculpa, esqueci que é uma donzela virgem cunhada.

— Bem.

Digo e seus olhos se arregalam.

— Eu era.

Ella salta da mesa correndo em minha direção, me agarra pela mão me puxando para o jardim.

— Conta tudo, quero saber os detalhes.

— Então...

— Espera.

Ela grita.

— Melhor não, seria estranho, o Nero é meu irmão.

Ergue a sombrancelha confusa, a encaro em silêncio e ela me abraça.

— Espero que tenha sido incrível cunhada.

— Foi, ele é gentil, carinhoso, não imagino nada melhor.

Ela sorri.

— Que tal sairmos para comemorar, talvez irmos a uma balada.

— Acha que seu irmão iria gostar?

— As vezes me esqueço que você é casada, onde ele está agora?

— Dormindo.

Me olha surpresa.

— Acho que nunca vi Nero dormir até essa hora, ele tem problemas com o sono desde a adolescência, fez vários tratamentos mas nem calmantes foram suficientes, deveria vender a receita do chá que deu a ele, ficaria milionária.

Ella gargalha brincalhona mas de repente seu sorriso desaparece.

— O que foi?

— Droga.

Olho para trás vendo caminhar até nós uma mulher muito elegante de mãos dadas a um rapaz.

— Fiorella Fitzgerald.

Sua imponência é inegável.

— Mamãe.

Ella parece assustada, seus olhos correm pela mulher depois para o jovem ao lado dela, o homem de cabelos escuros me encara de um jeito esquisito e faz o mesmo com Ella.

— Que cabelo é esse? não acredito que tenha feito isso mesmo depois de eu ter deixado explícito que não concordava.

Ella se levanta andando até ela, beija seu rosto com gentileza e ela revira os olhos.

— Conversaremos sobre esse seu estilo rebelde mais tarde, não vai cumprimentar Felippo?

Diz e Ella fica visivelmente tensa.

— Olá.

— Não seja mal educada Fiorella, essa não foi a educação que lhe dei.

— Olá Felippo, como está?

Diz de cabeça baixa.

— Estou bem pimentinha, sua mãe e eu estávamos com saudades.

Puxa sua mão beijando rápido e ela limpa discretamente enojada.

— Quem é essa preciosidade?

A mulher se aproxima ficando diante de mim, os olhos do homem me fitam de forma que fico completamente desconcertada.