Uma vez um sábio me disse que um homem sabe exatamente quando o perigo se aproxima, quando está prestes a ficar face a face com a morte, eu incrédulo duvidei, talvez eu deva isso ao fato de nunca ter sentido medo em minha vida, nunca temi meus inimigos porque fui criado pelo maior e mais cruel deles, torturado dentro da minha própria casa, imaginem uma criança de não mais que dez anos de idade ter que dormir ao relento com os animais que a vigiam a casa, uma criança inocente que nunca fez mal a ninguém ser queimado vivo por bitucas de cigarros pelo simples fato de ter pedido algo para comer, por não ter suportado a fome de três dias e sucumbindo a sua própria fraqueza, imaginem ter tantas cicatrizes por seu corpo que nem conseguiu contalas por completo, carregar em seu peito as palavras de ódio das duas únicas pessoas que tinham o dever de amá-lo dizendo que não é digno de tal sentimento, eu nunca quis para mim o título de mártir, nunca quis que sentissem pena de mim pelo que passei nas mãos de dois loucos narcisistas, Simon era um monstro, queria criar um outro completamente igual para deixar em seu lugar quando morresse, Cora? Um serpente mesquinha e ambiciosa, quando era criança imaginei por um tempo que se conseguisse fugir da tortura cruel do meu pai seria amparado por ela mais não foi o que aconteceu.
— " Volte para Simon".
Foi o que Cora disse ao me ver na porta de sua casa, havia acabado de ser açoitado por um chicote de couro e ela sequer se preocupou com o fato de eu estar coberto por sangue.
—" Não irei devolver o dinheiro que seu paí me pagou ".
Uma mercadoria, foi o que sempre fui para ela, devem estar se perguntando o por que de eu estar pensando nisso agora, é simples, estou na casa em que passei por grande parte de todos esses abusos nesse exato momento, quando Simon morreu a três anos atrás eu tive a opção de escolher entre assumir o cargo de Don da Cosa Nostra Americana e liderar todas as famílias ligadas a máfia em território nacional ou optar por me tornar um capo a serviço da facção, me ver líder sempre foi o sonho do homem que eu mais odeio na vida então não daria essa satisfação a ele, espero que no inferno esteja se contorcendo ao ver que joguei no lixo todo seu esforço e que ao contrário do que queria levarei comigo seu maldito sobrenome para vala.
— Onde ele está?
Pergunto a um dos seguranças de Merlin parado na porta, ele me olha com uma expressão assustada, a última vez em que estive aqui trouxe comigo a cabeça de três líderes da máfia cubana em um saco, quem não me teme, respeita e isso graças ao fato de eu agir como o próprio diabo.
— Está no escritório Capo.
Diz apontando para porta, ando até ela e o homem me segue.
— Sei a porr@ do caminho, saia da minha sombra soldado.
Rosno em sua direção e tanto ele quanto os outros como ele se afastam, abro a porta e entro sem ser anunciado, Merlim sorri.
— Essa não é mais sua casa Nero, devia ao menos ter se dado ao trabalho de me avisar que viria.
Me jogo na poltrona e seu olhar me encara contrariado.
— Achei que com a idade se tornaria alguém mais disciplinado, era o filho de um líder, de um dos maiores Dons que passaram pela máfia, certamente não foi essa a educação dada a você por Simon.
Rio eufóricamente e seu olhar me fita confuso.
— Você enxerga meu rosto, enxerga meu corpo, mas nao os demônios que trago em minha casca, não me conhece Merlin então fale como se fosse um expert no car@lho de vida que eu levo, não estou aqui para te visitar, vim aqui para saber que merda de trabalho tem feito para que os homens que comanda estejam fazendo tanta bagunça nos negócios alheios.
— Não sei do que está falando.
— Sabe, você sabe.
Acendo um cigarro.
— O Edgar era seu sogro, os Montoia seu braço direito desde que assumiu a máfia.
— Está tentando me acusar de algo Gambino, para justificar o massacre que fez ao meu pessoal.
— Onde está Felippo Montoia?
Rosno entre os dentes.
— A serviço, seguindo ordens minhas na Itália.
— Uma carga minha foi roubada por lá, duas outras destruídas aqui, não saberia quem coordenou não é?
— Não, uma pena.
— É sim, os Montoia gritavam exatamente isso enquanto os desmembrava como porcos em meu galpão no subúrbio, seu sogro? também é uma pena, devo enviar flores a Teodora?
Se levanta batendo na mesa.
— Não toque no nome da minha esposa.
— Então não faça ameaças a minha car*alho.
Rosno em sua face.
— Mandaram uma caixa com velas pretas aos Bonano como retaliação a morte dos seus homens, porque não a mandou para minha casa? é muito homem para ameaçar dois pirralhos mas não é para fazer o mesmo olhando na minha cara, matei o Edgar, Matei os Montoia e faço o mesmo contigo se ameaçar de novo a Sierra.
Ele se senta acendendo um charuto.
— Achei que levaria mais tempo para se apaixonar por aquela cadela.
Voo sobre a mesa o agarrando pela garganta, o soco no rosto inúmeras vezes quando a porta se abre e os seguranças me arrancam de cima dele, no chão sou chutado por seis deles até que o fôlego abandone meus pulmões.
— Já chega.
Merlin ordena e eles cessam, seu rosto está sangrando e ele limpa sutilmente com um lenço.
— Vamos nos recompor, conversar como pessoas civilizadas, posso pagar por seu prejuízo.
Os seguranças me olham visivelmente preocupados, fizeram o trabalho deles mais nesse exato momento não sabem se estão do lado certo.
— As coisas não se resolvem com dinheiro, está lidando com um homem e não uma puta, eu vim para lhe dar um aviso e está dado ,você e os miseráveis que te seguem esqueçam a minha mulher.
— Entendo sua raiva, tenho o mesmo ciúmes e zelo com minha Teodora, não gosto que toquem no nome dela.
Me levanto do chão o encarando de forma séria.
— Nem todo mundo quer sua pir@nha de olhos azuis Merlin.
Rio e seus punhos se fecham.
— Tem que ser muito inseguro ou trep@r muito mal para agir como um babaca todas as vezes que falam dela.
— Sai da minha casa, saia agora mesmo antes que eu esqueça que é um protegido do conselho e mande arrancar sua cabeça.
— Está aí uma coisa eu que eu pagaria para ver, Merlin Colombo honrando os minúsculos culhões que carrega dentro das calças.
Acendo um cigarro andado até a porta.
— Nero.
Ele grita, paro sem olhar para trás.
— Vou ser gentil e me esquecer do passado, aceite isso como uma trégua, não vou dizer a sua esposa que está envolvido na morte dos amados papais dela.
— O que disse?
— Perdeu a memória Nero? ou andava drogado demais naquela época? estava comigo e Felippo quando matamos os Bonano a mando do seu pai a seis anos atrás.
Eu estava descontrolado naquela época mas não me lembro das coisas como está contando esse merda, que os Bonano não eram simples empresários eu sabia mas não, eu não mataria alguém a mando de Simon.
— Não sei do que está falando.
Digo e ele sorri de forma maléfica.
— Isso, finja que não aconteceu.
Saio em silêncio sem dar a ele a reação que espera, entro no carro batendo repetidas vezes contra o volante, maldito Simon, maldito velho desgraçado, eu não posso ter feito isso, eu não faria nada que fosse mandado por aquele miserável, dou partida dirigindo em minutos o trajeto que gastaria mais de uma hora até em casa.
— Boa noite maninho.
Ella diz sentada na sala ao lado de Sierra, não respondo estou de cabeça quente, subo imediatamente para o quarto, abro a porta me deparando com as malas de Sierra em um canto.
— Aconteceu algo?
Sua voz delicada ecoa pelo comôdo, olho para trás a vendo escorada ao batente da porta, permaneço em silêncio tirando a camiseta que visto e nesse momento ela corre para mim.
— Meu Deus Nero.
Olho para meu abdômen me dando conta de que está completamente marcado, manchas roxas o enfeitam quase que por completo.
— O que aconteceu com você?
— Não é nada.
Digo e seus olhos verdes me encaram, parecem contar as cicatrizes e também as inúmeras manchas espalhados por meu corpo.
— Não minta, está tão machucado.
— Sierra.
Fecho os olhos e ela me abraça.
— Está bem, se não quer conversar eu espero que esteja pronto.
Ela é tão doce.
— Quer que eu mande trazer o jantar? podemos comer no quarto.
— Sobre o quarto.
— Não vou sair daqui.
Ela cruza os braços como se lesse minha mente e eu arfo.
— Está bem, não vai ser necessário, vou tomar um banho e desço para jantarmos.
Ela sorri, me beija e inconscientemente me afasto, me olha magoada.
— Desculpe, é um reflexo.
A beijo tocando seu rosto e ela sai saltitante pela porta, é só uma menina Deus, que diabos eu faço agora.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Fatima Vieira
não foi ele q matou os pais dela
2025-03-17
1
Renata teixeira
nem euse ele não se lembra
2025-03-07
0
Ivanilde T. Serra
Isso ainda vai render muito.
2025-01-23
0