Em meus mais de trinta anos de vida não me lembro de ter acordado com uma ressaca como aqui estou sentindo agora, além de ter tomado um porre noite passada quase perdi a cabeça e acabei na cama com Sierra em um desses quartos, feliz ou infelizmente ela parece possuir mais autocontrole que eu, a pequena pombinha de sangue quente é sedutora como nenhuma outra e isso faz meu corpo reagir de formas diferentes e estranhas, me lembro muito pouco do que aconteceu ontem a noite mas a algo que ecoa em minha cabeça que espero ser apenas um delírio, me abri para Sierra? disse a ela os motivos para eu não deixá-la se aproximar? espero que não, ninguém jamais poderá saber os segredos que escondo, são vergonhosos e sujos demais para serem reveladas, Tomo um banho e desço imediatamente para sala de star, é domingo e hoje não tenho trabalho a fazer nas empresas nem no bar, me sento para o café da manhã quando pelas escadas descem Sierra e Ella, unidas como se conhecessem uma a outra por toda vida, me ponho de pé como sinal de cordialidade e minha irmã sorri.
— Hum, olhem só, o príncipe dos Gabino sendo cavalheiro.
Reviro os olhos em censura e tanto ela quanto Sierra riem.
— Qual a chance de nos dar seu cartão para irmos ao shopping?
— A mesma de haver um terremoto nesse exato momento.
Ela cruza os braços.
— Podemos ficar em casa, fazemos um piquenique no jardim e lemos algo, o que acha?
Sierra toca o ombro de Ella que a olha como se tivesse um terceiro olho em sua testa.
— Onde encontrou essa garota?
Ella me encara.
— Sem ofensas cunhada, te acho um docinho mas não dá para comparar fazer compras com ler um monte de livros sem graça.
Sierra suspira visivelmente frustrada.
— Quer ir ao Shopping com Ella?
— Tenho permissão?
Pergunta e um enorme sorriso se abre no rosto de minha irmã.
— Até parece que precisam da minha permissão para fazerem algo, eu digo não e vocês pensam imediatamente, "que se foda o Nero", comando mais de mil homens que tremem a minha ordem e sou desmoralizado por duas pirralhas.
Enfio a mão no bolso tirando a carteira, escolho um dos muitos cartões entregando a ela.
— Isso vai ser tão divertido, vou buscar minha bolsa.
Ella grita correndo em direção às escadas, acendo um cigarro e Sierra se levanta caminhando até mim.
— Posso?
Pergunta e eu sem sequer saber do que se refere assinto, Sierra afasta da mesa minha mão que pousava sobre ela, se senta no meu colo me deixando completamente sem reação.
— Estava bêbado ontem.
— Sim, me desculpe eu não queria que me visse naquele estado.
— As coisas que disse?
— Não me lembro de muito.
— Posso refrescar-lhe a memória, disse que jamais se apaixonaria, que não constituiriamos família e que nunca iria me amar.
Fico em silêncio.
— Há alguma chance de mudar de ideia? De um dia sermos um casal igual aos outros.
— Sinto muito.
Ela respira fundo.
— Tenho motivos para não querer um relacionamento convencional Sierra, é mais que um simples capricho.
Ela toca meu rosto, seu gesto é gentil, me encara firme nos olhos.
— Não tenho nada a lhe oferecer.
— Eu não lhe pedi nada, pedi?
A encaro perplexo.
— Se eu aceitar os seus termos, se nos relacionamos sem que haja sentimentos, vínculos, acataria algumas exigências minhas?
Assinto ainda confuso.
— Não fará amor com outras mulheres, eu não tolero traições, nunca mais falará comigo como falou ontem, me respeitará Nero e me tratará como eu devo ser tratada, fui criada como uma princesa e não aceito menos que isso.
— Sierra, tem noção do que está sugerindo? Eu juro que não a quero machucada, desde o momento que cruzou aquela porta a única coisa que eu quis foi ter você, ter o seu corpo, mas não em qualquer circunstância, não de forma que saísse de tudo isso magoada, tentei fazer com que fugisse mais nada parece assusta-la.
— Eu já tomei minha decisão, não tem o direito de fazer escolhas por mim, disse que tem tesão em meu corpo e eu sei que me deseja, pois bem sejamos práticos, racionais, eu também o quero, e não abro mão de tê-lo em minha cama, é o meu marido, não vejo motivos para dormirmos em quartos separados.
Contorna minha boca com o indicador de um jeito delicado.
— Então? Temos um acordo?
Me envolve em seus finos braços.
— Sim, nós temos.
Beija meus lábios como uma mulher decidida, é apenas uma menina e não sabe o quão perigoso é o jogo que está fazendo, que estamos fazendo.
— Vamos?
Ella pergunta parada em frente a escada, nos olha com um sorriso bobo.
— Sim, claro.
Sierra sela novamente meus lábios.
— Volto já.
Se levanta caminhando até ela.
— Viu a chave da minha moto?
Ella pergunta olhando para os lados.
— Nem fodendo vão andar por aí naquela máquina mortífera.
— Não seja malvado, a moto é segura e você sabe, tem uma igual.
— Sem discussões, vão de carro com Orfeu.
— O Viking ? Ele nem mesmo fala.
Ella resmunga.
— É claro que ele fala, é você que conversa demais e não dá oportunidade para os outros.
Digo e ela revira os olhos, Sierra sorri para mim, fico desconcertado, definitivamente isso é algo novo, algo que eu não estava preparado, a pequena de olhos verdes praticamente me prendeu em seu laço.
— Vamos estourar seu cartão para deixar de ser engraçadinho.
Ella faz graça.
— Boa sorte, ele não tem limites.
Sua boca se abre.
— Vamos Sierra.
A segura pela mão.
— Vamos antes que ele mude de ideia.
Rio inconscientemente achando graça, continuo meu café quando o telefone toca.
— Espero que seja algo muito importante para estar me ligando a essa hora.
— Me desculpe capo.
Therence parece preocupado.
— O que quer?
— Eu não queria incomodar, mas temos um problema sério na transportadora.
— Prossiga.
— Puseram fogo em dois contêiners que estavam no galpão, sairiam para Tailândia agora à tarde,continham quase seis milhões em drogas cada, toda carga queimou de dentro para fora o que seria impossível, foi completamente perdida.
— Merda.
Fecho as mãos em punho respirando profundamente.
— E não é só.
Fico calado.
— Sei que matou Edigar e os irmãos Montoia, não foi uma boa ideia deixar Felippo de fora.
— Não me diga o que fazer, dos meus inimigos eu cuido pessoalmente, não deixo furos como dois idiotas a quem conheço.
— Recebemos uma ameaça, uma caixa forrada com cetim vermelho e três vê-las pretas, tinham meu nome, o do Beck e...
— Continue.
— O nome da Sierra, é uma retaliação pelo que fez pela carga roubada na Itália, por eu ter entregue o esquema, certamente não eram só os Montoia e o Edigar por trás do roubo.
Fico em silêncio por algum tempo, não deveria ter baixado a guarda, tinha que ter caçado Felippo no mesmo instante que decidi matar os Montoia.
— Capo, ainda está aí?
Therence pergunta e não respondo nada, desligo a ligação sabendo que toda essa situação com Sierra me fez perder o foco em coisas que eu precisava resolver, pego minhas chaves, caminho até a garagem, vou ter uma conversa séria com Merlin, para quem é um Don implacável está fazendo um serviço de merda, é bom dar um jeito no pessoal dele antes que eu mesma tenha que fazer isso, uma coisa é roubar minhas cargas,eu resolveria não preciso de ninguém para cuidar dos meus negócios, tudo mudou de figura quando ameaçaram Sierra, foram longe demais, definitivamente não fazem ideia de com quem estão lidando.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Ivanilde T. Serra
kkkkkkk esse viking é teu Ella
2025-01-23
0
Fatima Vieira
maravilhoso
2025-03-17
0
Renata teixeira
kkkkkkkkk verdade
2025-03-07
0