capítulo 11

Quando cheguei a essa casa ao lado de Nero eu prometi a mim mesma que não iria chorar, prometi ser forte como a menina que meus pais criaram, ou ao menos tentaram enquanto estavam vivos, ouvir todas aquelas palavras da boca dele foram como se tivesse meu peito dilacerado, fraquejei me debulhando em lágrimas na sua frente, nunca fui tratada de forma tão vil, tão cruel, tiro as roupas que estou vestindo as deixando dobradas sobre a cama, me cubro finalmente com algo meu, não sou essa mulher sexy e sensual que está diante do espelho e não me reconheço nela, ando até o closet tirando dele minha mala, coloco dentro dela o pouco que trouxe comigo, estou me sacrificando por minha família e eles se lixando para isso, não param de agir inconsequentemente e vão acabar morrendo de qualquer forma, desço as escadas caminhando com dificuldade para não acordar meu carrasco, se tenho alguma chance de abandonar essa casa é sem ser vista por ele e seu fiel escudeiro Orfeu, assim que passo pela sala de estar suspiro aliviada, de todo percurso que terei que percorrer até minha liberdade é o mais fácil, uma ponta de tristeza invade meu peito, eu realmente gostaria de tentar, Nero seria um homem por quem eu me apaixonaria se é que já não me apaixonei, visto meu casaco colocando uma touca de tricot na cabeça, calço minhas luvas ainda com as luzes apagadas, é inverno e não deve estar fazendo mais que quinze graus, vou sair pelos fundos, uma portinha no jardim que dá acesso a rua de trás, já vi os funcionários tirarem o lixo por lá, apenas um segurança fica nessa portaria e a essa hora dificilmente estará acordado, quando finalmente estou pronta para enfrentar o frio da madrugada uma voz rouca ecoa pela casa.

— Onde pensa que vai Sierra?

Dou um salto para trás, meus olhos se arregalam no rosto ao ver Nero sentado no sofá, segura um copo de whisky nas mãos e cambaleia em minha direção, tento correr para fora mais ele me agarra.

— Faz tantas perguntas e exige que eu as responda, quando lhe faço uma foge sem me dar uma resposta?

— Vou voltar para casa, para os meus irmãos, deixou claro o que pensa de mim, que não me quer, não vejo motivos para continuar nessa casa.

— É uma mulher tão inteligente e mesmo assim não enxerga o óbvio , te querer, desejar não é o problema Sierra, nunca foi.

Seu olhar se estreita sobre mim, está visivelmente embriagado, se aproxima tocando meu rosto, tira a touca de minha cabeça me puxando para mais perto, o cheiro de whisky e hortelã que exala de seus lábios é hipnotizante, Nero leva o copo a boca, toma mais um gole da bebida precionando com a mão que pousa em minhas costas meu corpo contra o dele.

— Quer provar pombinha?

Diz de forma pesada, seus olhos estão ainda mais escuros e profundos.

— Eu não bebo, nunca bebi.

Ele sorri.

— Então vou lhe dar sua primeira dose.

Enche a boca de whisky colando seus lábios aos meus, Nero despeja em minha boca o líquido quente da bebida, engulo me engasgando com quanto é forte, sua mão desliza pela lateral do meu rosto.

— Satisfeito? Posso ir agora?

Desliza seus dados para dentro dos meus cabelos se posicionando em minha nuca, se aproxima de forma que sinto seu hálito gélido em minha face.

— Não sou um homem que se sacia tão fácil, quero provar o gosto do whisky em você.

Nero encosta novamente seus lábios nos meus, quero resistir mas não faço, não consigo, sua língua me invade deslizando de forma deliciosa e molhada para dentro da minha boca, suas mãos emolduram meu rosto fazendo que eu siga de forma lenta seus movimentos, quando ofego buscando por ar ele agarra minha cintura, desliza as mãos em aperto até minha bunda me erguendo para o seu colo, Nero caminha comigo até o sofá atrelada a ele enquanto vasculha ferozmente minha boca, se senta comigo agarrada a ele arrancando do meu corpo o casaco, me arrepio por uma mistura perfeita de frio e Nero que sorri em minha boca.