Capítulo 10

— Me deixe em paz.

Sierra grita ao ver que estou em seu encalço como uma sombra, como um verdadeiro imbecil, corro até ela a agarrando seu braço.

— O que iria fazer com aquele cara?

Pergunto ainda entalado com tudo, nunca na vida senti ciúmes como agora.

— Para você não ficou claro?

Ela grita na minha cara.

— Se pode agir como um homem solteiro, sem se preocupar com a mulher que tem dentro de casa eu vou apoia-lo com a mesma intensidade, lhe porei um belo par de chifres na cabeça como planeja fazer comigo.

A solto para não fazer uma bobagem, ela me dá as costas e mesmo errado meu lado vingativo não me deixa ficar por baixo.

— Isso, me mostre sua verdadeira face, não lhe venderam a toa não é verdade? Seus irmãos certamente sabiam a mulherzinha desfrutável e vulgar que tinham dentro de casa, é mesmo virgem Sierra? Ou estou certo em acreditar que trepou com toda cidade.

Ela para no terceiro degrau anda de volta em minha direção e me bate, bate no rosto pela segunda vez e arrisco dizer que muito, muito mais forte, chora em silêncio e quando penso que irá se afastar bate de novo.

— Disse que se eu te batesse novamente na face arrancaria os meus dedos, pois bem, faça.

Tira a aliança do dedo a jogando em mim.

— Se não terei dedos nem o seu respeito não precisarei dessa porcaria, peça que façam a tal coleira que me prometeu, quer que eu viva com os cães? Não será difícil já que o senhor me trata como a um deles.

Me olha com amargura subindo correndo as escadas, dou um passo em sua direção mais antes de alcança-la paro, o que diria a Sierra? não tenho nada a oferecer a ela, é minha esposa mais não por sua escolha, não por minha escolha e agora estamos fardados a esse casamento fracassado, pego a aliança do chão a enfiando em meu bolso, me jogo no sofá me servindo de uma bebida, depois de algumas doses minha cabeça doe como a muito tempo não doía, penso em sair novamente mais não tenho nenhum ânimo para isso, me levanto na intenção de me enterrar em meu quarto mais não vejo motivos, essa é mais uma noite infernal que passarei em claro, perdido em meus pensamentos me deito ali mesmo no sofá da sala, a porta se abre e Ella anda de fininho até a escada.

— Quando era pequena eu deveria ter lhe dado umas boas palmadas.

Suspira.

— Me desculpa maninho, não pensei que tudo terminaria daquele jeito.

Não digo nada, encaro o teto em silêncio e ela se aproxima.

— Não bateu nela, né?

A olho ofendido, que espécie de animal ela acredita ter como irmão.

— É claro que não, eu jamais machucaria Sierra.

Ella sorri.

— Gosta dela?

— Não.

Sua sombrancelha se arqueia desconfiada, me conhece bem demais para saber que minha resposta foi muito rápida.

— Sei, uma pena, gosto dela, é linda, inteligente e briga como um lutador de boxe.

Me seguro para não rir, ela realmente é forte.

— Ela merecia algo melhor, não acha?

As palavras saem da minha boca como um desabafo e vejo seus olhos lacrimejarem.

— Não eu não acho, está com o homem mais incrível de Seattle, aliás, do mundo inteiro.

Aperto sua bochecha e ela me olha tristemente.

— Está na hora de esquecer irmão, por quanto tempo mais vai deixar o fantasma daquele velho te atormentar? Te espancou, humilhou e torturou em vida, deixará que ele te impeça de ser feliz.

Toca minha mão.

— Não o deixe te destruir Nero, não deu a ele essa satisfação quando estava vivo, fará isso agora com aquele desgraçado morto?

Beija meu rosto andado até a escada, em silêncio reflito em suas palavras, não Simon não falhou em me destruir quando estava vivo, ele me feriu mortalmente para que eu definhace aos poucos, sucumbisse dolorosa e lentamente até que não restasse nada, estou vivo mais dentro de mim não existe alma, completamente quebrado, vazio , prestes a me perder em meu próprio inferno, não seria justo arrastar Sierra comigo, ver o sorriso em seu rosto nalfragar junto as minhas tristezas, ela precisa fugir de mim antes que seja tarde, antes que meu egoísmo a tome para mim, para corrompe-la, fazê-la minha,a possuindo como um louco devasso, incapaz de abrir mão de sua ingenuidade e doçura ,tirando assim qualquer chance que ela teria de encontrar a felicidade.

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