Eu acordo, tomo café.
Visto um vestido azul-claro, de ombro de fora.
Uma rasteirinha, pego a minha bolsa e retorno ao morro.
Quando chego ao topo sou parada por um dos seguranças. Se é que posso chamar assim.
- Moça! O que faz no morro.
- Sua presença não é bem vinda.
- Não estou nem ai.
- Vim falar com "Olum"
- Ha Ha Ha.
- Vai embora moça, você não sabe o que está querendo.
- Não vou, até falar com ele. Se ele quizer que ele venha aqui me tirar.
- Espere aqui!
Ele se afasta e vejo falar no celular.
Logo o mesmo rapaz de cabelo longo de ontem aparece com mais 4 homens.
- Ela está ali Thor!
Diz o rapaz
- Carolina certo?
- Sim!
- Vá embora o Dono do Morro não atende ninguém.
- Eu não vou. Eu estou aqui lutando pelo meu direito de trabalhar. Eu sou competente, e ele me impediu, sem nem saber quem eu sou.
- Você está enganada Srta.Você que não sabe com quem está lidando. Estou falando como amigo, vá embora antes que ele arranque a sua cabeça, como faz com todos os inimigos.
- Thor né?
- Isso. Não sei o que você é desse Olum. Mas eu preciso desse trabalho. Se não conseguir eu estarei morta da mesma forma. Então preciso morrer por ele. Será menos vergonha para a minha família.
- Agradeço o seu conselho, mas não estaria aqui, se realmente não fosse preciso.
Thor se afasta e fala ao celular.
Ele se aproxima.
- Ele concordou.
- Venha!
Seguimos por umas vielas bem estreitas, subimos algumas escadas e me deparo com um portão preto todo fechado. Em uma das várias casinhas de 3 andares irregulares.
Havia senha para entrar. E tinha cameras em todo canto.
Quando entro o lugar é lindo. Uma mansão dentro do morro. Por fora parecia que era mais casas como as outras. Mas era apenas uma fachada.
Tinha um jardim, uma piscina enorme e uma moto preta grande de luxo.
Entramos por uma porta, era a sala e sou levada até o final do corredor.
Thor bate na porta.
- Entre!
Um segurança me revista e olha a minha bolsa.
Eu entro e a porta é fechada. Ele estava sentado atrás da mesa virado de costas no computador.
Uma luz fraca no abajur iluminava um pouco.
- Sente - se Srta.
Sua voz era forte e demonstrava poder.
Eu me sento.
Ele se vira.
Eu quase desmaio. Como Olum era lindo, moreno, forte, alto, seus olhos eram negros, cabelo bem preto, liso e de lado.
Um cavanhaque que lhe dava um charme.
Cheiroso, seu perfume inundava o escritório.
Na faixa dos 34 anos, decidido e bem seguro de si.
Ao vê - lo estendo a mão para cumprimenta - lo.
Ao invés de retribuir ele leva a mão direita ao seu peito e acena com a cabeça.
- O que uma patricinha faz no morro?
- Quer que eu acredite que você precisa de um trabalho, sendo que você mora no Leblon. Área nobre.
- Eu não sou patricinha. Uma amiga modelo está me ajudando e me permitiu morar com ela.
- Kelly Bittencour.
- Como sabe?
- Eu sei tudo Srta.
- Não sou o Dono do Morro à toa.
- Quer saber o que mais eu sei...
- Você tem 24 anos, veio de Santa Catarina no Rio Grande do Sul.
- Seu pai é o Sr. Antônio Rosa, sua mãe a Sra. Margarida Rosa (flor duas vezes), o seu irmão mais velho é o Jhonatan Rosa.
- O seu pai é Suinocultor, e sua mãe costureira.
- Estudou na UNFSC.
- Seu irmão é noivo da Fernanda Shinaider.
- Tirou a primeira habilitação aos 18 anos, na categoria AB. E nunca levou uma multa. Ou você não dirige, ou dirige muito bem.
Eu estou de boca aberta. Ele sabia tudo sobre mim.
- Eu sei ainda muito mais.
Diz ele como se lêsse os meus pensamentos.
- Seu pai sofreu um acidente sério quando construia um novo galpão para ampliar a criação de porcos. E está numa cama sem poder andar a cerca de um ano.
Meu olhos começam a escorrer.
Tento conter as lágrimas, mas não consigo.
- O seu irmão assumiu os negócios por enquanto. Mas sei que estão com muitas dividas e sem poder manter o tratamento correto para seu pai se recuperar.
- Sei também que você esconde alguma coisa da família. Me conte Carolina?
- Quem é você? Que merda você faz para saber tudo sobre mim.
Ele sorri com superioridade.
- Última chance Carolina. O que eu ainda não sei?
Realmente tinha uma coisa, mas eu tinha vergonha de falar.
- Nada.
- Sei que está mentindo. E por falar nisso. Você mente muito mal Srta.
- Me diga o que é?
Insiste ele.
- Não é nada.
- Vá embora. Não quero você no meu morro. Não convivo com mentirosos.
- Thor!
Ele chama.
Thor abre a porta.
- Sr?
- Acompanhe a Srta. Carolina.
Diz Olum
- Não por favor. Espere.
- Vamos Srta.
Diz Thor.
- Espere Thor.
- Death me dá uma chance.
Ele nem me olha.
Eu me levanto.
- Srta venha. Não me faça tira - la a força.
Diz Thor.
- Olum é sério. Por favor.
Eu digo.
Ele continua sem me olhar. Mexendo em um “tablet”.
Um dos homens entra no escritório e me puxa pelo braço me jogando no chão.
Olum levanta com tudo da cadeira.
E corre na minha direção.
- Venha!
Ele estende a mão.
- Desculpe a grosseria do meu colaborador.
Ele olha para ele com raiva.
Em segundos Thor some com o funcionário.
Eu coloco a mão no tornozelo, eu havia torcido na queda.
- Está doendo?
Ele pergunta.
- Sim, acho que torci.
- Vamos tentar levantar. Eu te ajudo.
Ele me apoia, mas ao colocar o pé no chão sinto muita dor.
- Ai!
- Calma se sente.
Eu me sento.
- Thor!
Ele grita!
Thor entra.
- Frank está ai?
- Vou ver Sr.
- Obrigado!
Ele se afasta e pega um copo com água.
- Tome Srta.
Eu bebo.
Estava doendo, eu comecei a chorar com a dor.
Ele pega um lenço de papel.
- Carolina está doendo tanto assim?
- Claro que não. Eu sou uma mentirosa lembra.
Digo com raiva.
Ele respira fundo.
- Desculpa. Está sim.
Ele segura e minha mão.
Quando ia se afastar para pegar mais lenço de papel eu seguro a sua mão.
- Olum desculpe, eu...eu devo para um agiota.
- Ele paralisa. Por que?
- Meu pai precisou de um medicamento bem caro. Eu não tive escolha. Agora tenho essa divida. E se eu não pagar ele vai me matar. Por isso vim para aqui. Para me esconder e ter a chance de pagar a divida.
- Eu tenho vergonha por isso, mas realmente precisei. Minha família não sabe. E agora meus pais precisam de ajuda. Por favor não me faça esse mal.
- Qual o valor da divída?
Se eu pagar até segunda é 80 mil reais.
- E se não pagar?
- 180 mil por mais 15 dias. Depois pago com a vida.
Digo de cabeça baixa.
- Eu preciso de uma pessoa como você na minha equipe. Vou te dar uma chance. Eu pago a sua divida agora mesmo. E te dou mais 200 mil para ajudar a sua família.
- Eu posso pensar e dizer depois, a dor não me deixa pensar agora.
Ele sorri.
- Claro, que grosseria a minha.
O tal Frank entra.
- Sr?
- Frank pode dá uma olhada no pé da Srta. ela torceu.
Ele apalpa.
- Ai!
Quando movimenta o pé, eu dou um grito.
- Aiiiii!
E as lágrimas escorrem.
- Sr. ela precisa de um hospital. Ela parece ter quebrado.
- Como assim?
Eu pergunto.
Death fecha a cara.
- Obrigado Frank.
- Vou pedir para a levarem ao hospital particular aqui próximo.
- Não se preocupe eu pago. A responsabilidade é toda minha.
- Eu já volto.
Ele retorna minutos depois com uma mulher, um pouco mais velha que eu.
- Carolina essa é a Michelle. Ela vai te acompanhar.
Olum me leva no colo até o carro. Um motorista e Thor acompanham a gente.
Chegamos no hospital Thor vai até a recepção paga e já sou levada na cadeira de rodas até o médico. Tiro raio - x e realmente havia fraturado o osso do tornozelo.
Colocaram gesso e tinha que ficar 15 dias sem pisar no chão.
Retornamos para o Morro. Durante todo o tempo Michelle não disse uma palavra comigo. Era como se eu estivesse sozinha. Já com Thor ela ria e brincava. Era nitido que ela não gostou de mim.
Me levam para o escritório.
Logo Olum entra com aquele cheiro de banho tomado, secando o cabelo com uma toalha.
Sem camisa de calça jeans e chinelo.
Ele tinha uma tatuagem da costela até o quadril.
Não conseguia tirar os olhos.
- Gostou do que viu Srta?
- Linda tatuagem!
Eu digo. Tentando disfarçar porque era o corpo dele que havia chamado a atenção.
- Já disse que você não sabe mentir.
Ele se aproxima e me mostra a tatuagem de perto.
Era uma Hamsá (mão de Fátima) com a Zulficar (espada de Maomé). Com várias escritas que eu não sabia identificar. A tatuagem era muito bem feita.
- E você Srta. tem alguma?
- Tenho um "Psi", simbolo da psicologia, de origem grega. É a vigésima terceira letra do alfabeto.
. É bem pequena tem 5cm.
- Posso ver?
- Pode mas não agora. Fica na costela e eu estou de vestido.
Ele sorri.
- É só levantar.
Diz ele piscando.
- Eu preciso ir embora Olum.
- Com esse pé machucado. Não mesmo e sei que a sua amiga Kelly está fora do país essa semana. Você precisa de ajuda.
- Como você sabe tantas coisas?
Pergunto intrigada.
- Vou pedir para a Michelle arrumar o quarto de hospede para você.
- Não, eu não quero incomodar.
- Eu me viro.
- Não é uma opção Carolina. Você não vai sair e acabou.
- Isso é um sequestro? Cárcere privado? É o quê?
Digo fazendo cara feia.
- Ah que fofa tentando ser má.
- Faz assim!
Ele coloca o telefone na minha frente.
- Ligue para a polícia e diga que você está pressa aqui. E espere eles virem te buscar.
Mas já aviso, você vai cansar de esperar.
Ele pega o celular e faz uma ligação
- Michelle traga o meu jantar e o de Carolina. E arrume o quarto de hospede ao lado do meu para Carolina.
Pouco depois ela entra sorrindo para ele e sem olhar para mim.
- Aqui o jantar. O quarto já está pronto.
- Obrigado.
Ela fica parada sorrindo para ele.
- Pode ir Michelle.
Ela sai.
Ele come com a mão direita. Enquanto eu usava um garfo.
Nossa refeição tinha pão, grâo de bico, arroz com frango, e carne assada.
Comemos em silêncio.
- Gostou da refeição?
- Sim! Obrigada.
- Vem. Vou te levar para o seu quarto.
Ele me pega no colo, eu passo o braço sobre o seu pescoço e encosto no seu peito.
Entramos no quarto, ele coloca-me na cama.
Eu tenho um pijama novo aí penso que vai te servir.
Tem o banheiro. Precisa de ajuda para tomar banho?
- Não. Você me arruma uma sacola grande. Por favor.
- Vou buscar e já volto.
Ele sai, logo retorna trazendo a sacola.
- Deixa eu por no seu pé.
Ele coloca.
- Pronto.
- Obrigada.
Ele me ajuda a levantar e apoia-me até o banheiro.
- Boa noite! Carolina.
- Boa noite! Dono do Morro.
Digo com ironia
Ele sai.
Tomo meu banho, me troco, tomo os remédios e apago.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Tânia Campos
Ele mudou da água para o vinho,
Eu estou amando essa história.
2025-01-31
1
Tânia Campos
No mínimo quer Olum.
2025-01-31
2
Dulce Tavares
ele mudou totalmente
2025-02-06
0