“O roubo”

⚜️|Capítulo 09|⚜️

Quando ele saiu batendo a porta, rapidamente tranquei a porta e suspirei fundo e sentei no sofá de casa tremendo.

Igor é um dos cães fiéis de Marcos, ele toca terror quando tem vontade. Esta na presença dele foi apavorante e tudo que restava agora era buscar uma alternativa de conseguir trabalho extras e mais dinheiro.

Tinha que passar mais horas dançando e chegar em um horário que eu pudesse descansar para ir trabalhar no outro dia.

Enquanto eu segurava a metade do pingente em que ganhei de um amigo de infância, eu olhava para ele em minhas mãos, meu amuleto da sorte, o mantinha na caixinha de joias.

O barulho animado do bar do meu pai invadia o ar, localizado a poucos metros de nossa humilde casa no morro.

Meu pai costumava ser um homem batalhador, dedicava-se ao trabalho árduo para sustentar nossa família. Eu sabia que ele estava ali, servindo os clientes com sua habilidade e carisma, apesar das dificuldades. No entanto, vieram os vícios de drogas e jogos.

Do outro lado da cidade, minha irmã Alice estava cumprindo suas responsabilidades no trabalho, cuidando de um idoso com dedicação e amor. Muitas vezes, ela precisava dormir no próprio emprego, já que havia sido abandonada pelo marido e tinha a responsabilidade de criar seus filhos sozinha.

O suspiro cansado escapou dos meus lábios enquanto eu me levantava do sofá da sala, sentindo o peso das responsabilidades sobre meus ombros. A preocupação pairava no ar, pois eu sabia que mais uma noite de trabalho me aguardava.

Era uma realidade necessária para enfrentar as dívidas que atormentavam nossa família, sentei-me no sofá da sala, olhei para o teto, busquei alternativas, mas estava completamente sozinha. Quando levantei decidida a ir ver Heleno.

Caminhei em direção ao quarto, onde minha tia acabara de chegar. Seu sorriso era reconfortante, mas também carregava uma pitada de apreensão. Ela me informou que Heleno, meu irmão, estava em seu quarto e agindo de forma estranha.

Decidi abordar Heleno sobre sua falta na escola, adiei meu banho por um momento e me dirigi ao quarto dele.

Ao abrir a porta, uma cena decepcionante me aguardava. Heleno estava mexendo nos pertences de alguém, vasculhando uma bolsa com pressa.

A bolsa continha pastas e, para minha surpresa, uma soma considerável de dinheiro em notas de cem reais.

Nunca tinha visto uma quantia tão grande de dinheiro em minhas mãos, além dos documentos e de um aparelho celular pertencente a um homem rico.

A indignação tomou conta de mim, com uma profunda decepção. Era evidente que Heleno havia roubado aquela bolsa em vez de ir para a escola como deveria.

Me aproximei dele, segurando a bolsa com firmeza, e meus olhos refletiam uma mistura de raiva e tristeza. Sem hesitar, investiguei mais a fundo a bolsa que Heleno havia roubado. Entre os pertences, encontrei um cartão de visitas com um endereço.

— Heleno, precisamos conversar, agora!—digo ao trazê-lo pela orelha.

— O que você fez com o dono dessa bolsa é completamente inaceitável!

— Você roubou algo que não era seu, e isso é um ato muito sério, se a policia vier tirar satisfação o que vamos fazer?

— Eu estou decepcionada com você!

Heleno olhou para baixo, envergonhado, e respondeu em um tom de voz baixo:

— Eu sei que é errado… Isabela, irmã, agi impulsivamente, não pensei nas consequências. Eu estava desesperado por dinheiro e não soube lidar com isso da maneira correta.

— Você não entende. Isabela precisava de dinheiro. Vi uma oportunidade e... acabei me envolvendo nisso.

Minhas mãos tremiam de frustração enquanto eu tentava controlar minha raiva. Eu amava meu irmão mais novo, mas sua atitude me deixava desapontada.

— Isabela, eu posso explicar!

— Explicar? Heleno, isso é roubo! Você está roubando as pessoas, destruindo a vida delas. E sabe o que é pior? Você está destruindo a nossa família também!

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, misturando-se com a raiva que sentia, eu tenho medo de perder o meu irmão, amo ele e tento tirar essas amizades, mas sei que terei uma luta constante.

— Eu esperava mais de você! Precisa aprender a lidar com seus problemas de uma maneira honesta, seu pirralho encrenqueiro!

— O que você fez com o dono dessa bolsa é completamente inaceitável. Você roubou algo que não era seu, isso é um ato muito sério.

— Essa bolsa vai ser devolvida ao dono, e você vai aprender uma lição!

— Você precisa entender que a honestidade é fundamental nessa família, somos pobres, mas não ladrões!

— Nosso pai saberá disso! Roubar não é apenas errado, é uma violação da confiança e dos valores que nossos pais nos ensinaram.

Heleno levantou os olhos, agora cheios de lágrimas, e sussurrou:

— Que droga! Não conta ao papai! Desculpas por decepcionar você, eu roubei para ajudar apagar as dívidas!

— Eu não suporto ver você cansada todas as noites.

Respirei fundo, buscando a calma necessária para enfrentar aquela situação delicada, ele parecia estar arrependido, mas conhecendo ele, tenho que fazê-lo entender o que está em jogo!

— Heleno, entendo que você está arrependido, mas não podemos esconder isso do nosso pai.

— Ele precisa saber o que aconteceu para podermos enfrentar as consequências juntos e aprender com esse erro.

Heleno abaixou a cabeça, sentindo o peso da decepção que trouxe para dentro de casa. Ele sabia que tinha falhado não apenas com sua irmã, mas também com sua família toda.

— Eu sei, Isa. Eu fui estúpido e agi sem pensar. Não sou assim, eu prometo. Só queria resolver nossos problemas de uma vez por todas!

— Não vou mais roubar, mas é difícil ver você e a Alice trabalhando muito. Vocês fazem muito por essa casa, eu só quero ajudar também.

— Heleno, você só tem que estudar e ser alguém na vida, tem que continuar os estudos, não voltar a se envolver com isso!

— Você não precisa se preocupar com os assuntos dos adultos, eu quero que você prometa nunca mais fazer isso!

[...]

— Eu prometo irmã, não vou...

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