Capítulo 12, Apenas sou o que não tive...

JACOB...

Depois que a Claire saiu correndo do meu apartamento eu dei um soco na parede, droga, será que ela escutou tudo? Saio do meu apê e vou até o dela, bato na porta dela, mas a única resposta que tenho é o silêncio. Colo a minha testa na porta e falo baixinho, pedindo a Deus para ela me ouvir...

JACOB: Claire... Deixa eu te explicar direito...

Ela não me dá nenhuma resposta então me sento no chão encostado na porta e respiro fundo, ouço ela chorar do outro lado, só por isso eu resolvo falar.

JACOB: O meu pai é o antigo dono da máfia espanhola. El diablos, faz quase dez anos que o meu irmão Michael está no lugar dele... Eu não sou um membro muito importante lá dentro, fico mais com a parte "chata" como as cargas, os novos recrutas... E sou eu quem decido as punições, por mais que não as aplique. Sou o mais novo de três irmãos, a minha irmã Fabiana é a mais velha, mas por ser mulher não foi permitido que ela assumisse a nossa irmandade... Faz quase cinco anos que conheci a Megan, mãe da Mia... Foi um caso de noite... Depois de encher a cara tudo o que fiz foi tirar a virgindade dela como um filho da pu.ta... Quando ela me falou sobre a gravidez, ela queria interromper, desde então eu sempre faço de tudo pela minha filha. Nunca dei um fim na Megan porque apesar de tudo, ela é a mãe da Mia e a minha filha ama muito a mãe. Olha... Sei que nesse momento a sua cabeça deve estar a ponto de explodir... Não era assim que eu queria que você soubesse... Me desculpa. Nunca reparei na forma como a Mia era tratada pela Megan porque ela sempre vinha passar os fins de semana aqui muito feliz, toda arrumadinha... Nunca se queixou da mãe dela a maltratar...

Paro de falar e fico calado por uns dois minutos, o choro da Claire parece ter diminuído um pouco, então volto a falar.

JACOB: A Megan viajou com o novo namorado dela... Acho que não vai mais voltar nem tão cedo... Aqui em casa tem tudo que a Mia precisa, mas ela mandou uma bolsa grande com bastante coisa da Mia. Pedi ao Michael para dar um fim na Megan, mas posso... Pedir para não fazer mais... Só... Não sei... Garantir que ela fique longe da minha filha... Nunca te contei, mas a minha mãe morreu no meu parto. Fui criado apenas pelos meus irmãos, o meu pai sempre me culpou pela morte dela. Agora olhando por esse lado... Não quero que a minha filha passe pelo mesmo que eu... E que ao invés de eu a culpar pela morte da mãe, ela me culpe. Será mais fácil lidar com ela triste pela mãe a abandonar do que ter o ódio dela.

Pego o celular e ligo para o Michael de novo, coloco no viva voz.

MICHAEL: Fala.

JACOB: Não quero mais que deem um fim na Megan... Deixe ela ir para o mais longe que quiser.

MICHAEL: Porque mudou de ideia?

JACOB: Não quero que a Mia me culpe por não ter mais a mãe. Prefiro ser o ombro dela quando ela estiver se sentindo triste... Só eu sei o que é se sentir culpado por não ter uma mãe.

MICHAEL: Tem certeza do que está me pedindo?

JACOB: Tenho.

MICHAEL: Espero mesmo.

Ele desliga e eu respiro fundo. Espero para ver se ouço a Claire dizer alguma coisa, mas só o silêncio me responde. Me levanto de onde estou sentado e abro a minha porta, quando estou quase fechando, a porta da minha vizinha abre. Olho para ela que tem os olhos vermelhos, ficamos nos encarando por um minuto que pareceu a eternidade.

CLAIRE: Não foi culpa sua...

JACOB: O quê não foi culpa minha?

CLAIRE: A sua mãe. E ela não vai te culpar... Ela te ama, te considera o melhor pai do mundo... Vi o jeito que ela falou de você, o amor estampado nos olhinhos... Tenho certeza que não vai te odiar... Não se você continuar sendo o melhor pai do mundo.

Abro um sorriso curto... Se ela soubesse o quanto ser esse "melhor pai do mundo" exige de mim... Mas se para continuar tirando um sorriso da minha filha eu tiver que me desdobrar em 10, 20, ou até mais, eu irei.

JACOB: Eu apenas sou para ela, o que não tive para mim.

CLAIRE: Você está indo bem. Que horas ela estuda?

JACOB: Das 7 às 16, vou ter que sair mais cedo do trabalho a partir de amanhã.

CLAIRE: Pode deixar ela na minha sala. Tenho vários livros infantis na minha prateleira, posso levar alguns para ela.

Olho para ela que tem um olhar tímido, abro um sorriso e atravesso o espaço que nos separava, faço algo que estou com vontade desde que a vi pela primeira vez: A beijo. Os seus lábios tem sabor de quero mais, o seu perfume adocicado me deixa inebriado sempre que estou próximo a ela.

Espero que ela me rejeite, que me afaste, me bata e me xingue. Mas ela apenas enlaça os braços no meu pescoço e puxa os meus cabelos, aprofundando o nosso beijo, aperto a sua cintura e a puxo para mais perto de mim, a fazendo soltar um gemi.dinho manhoso.

Nos separamos pela necessidade de ar, colo as nossas testas e deslizo a minha mão contra o seu rosto que está vermelho, sorrio para ela, mas ela permanece com os olhos fechados, dou um selinho nos seus lábios.

JACOB: Obrigado.

CLAIRE: Vai ser um prazer ficar com ela.

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