Capítulo 9, Palavras de conforto...

CLAIRE...

Depois que o Jacob saiu daquele jeito na noite anterior, eu coloquei em dias o papo com o Sam, fazia tanto tempo que não nos víamos que eu achei que ele iria estranhar a nossa aproximação, mas não, continua o mesmo garoto palhaço de sempre. Hoje acordei mais cedo que ontem, pra dar tempo tomar café antes de sair, pensei em mandar uma mensagem para o Jacob perguntando se ele ia me levar de novo hoje, mas imaginei que já estou abusando demais da boa vontade dele, então pedi um uber. Organizei todas as minhas pastas, peguei a minha bolsa e abri a porta no instante que ele levantou a mão pra bater.

Jacob: Ah... Bom dia! (ele fala coçando a nuca)

Claire: Bom dia! Como a Jane está?

Jacob: Ela está bem... Já estava indo pra empresa?

Claire: Sim... Chamei um uber, imaginei que você ainda estivesse com o seu sobrinho.

Jacob: Ah, não, o Joey dormiu na casa dele... A Jane voltou ainda ontem do hospital, não precisou ficar lá não...

Claire: Que bom! É... Melhor eu ir, o uber já chegou...

Jacob: Achei que ia comigo... Sou o seu motorista, esqueceu?

Dou um sorriso pra ele e acho que corei as bochechas, ele pede pra levar as minhas pastas, mas nem deixa tempo pra eu recusar, já puxa dos meus braços.

Jacob: O jantar na casa da sua mãe é nesse fim de semana?

Claire: Não tive como falar com ela ainda... Mas sim, é... Quer mesmo ir?

Jacob: Ela me convidou, então...

Claire: Tudo bem.

Chegamos no carro, e fomos para a empresa, no caminho estava um silêncio confortável, até eu quebrar o gelo.

Claire: Guardei um pedaço da lasanha pra você.

Como estávamos chegando em um sinal vermelho, ele para e olha pra mim com uma cara confusa.

Claire: Do jantar... Eu tinha feito pra nós dois... E como você não ficou pra jantar comigo... Eu guardei um pouco... Na empresa tem cozinha? Você não me mostrou ontem (ele olha novamente pra frente e percebo que está com um sorrisinho de canto, na boca)

Jacob: Tem sim, por quê? Ah, e desculpa ter esquecido.

Claire: Trouxe o nosso almoço, vou precisar esquentar num microondas e não precisa desculpar(dessa vez ele sorri mais abertamente e vira a cabeça rápido na minha direção a tempo de eu ver o brilho nos seus olhos, antes de voltar o olhar para a estrada)

Chegamos na firma e a Candice tinha acabado de abrir, ele subiu comigo até o meu andar e depois de se certificar de que tinha me deixado em segurança, foi para a sala dele. O meu trabalho estava normal, a Anna tem me ajudado bastante, não me deixa ficar perdida em nada, hoje a tarde o escritor italiano pelo qual sou responsável de editar e aprovar o livro dele, vem para uma reunião a respeito dos últimos capítulos da obra.

Jacob: Toc toc, hora do almoço.

Claire: Já?

Jacob: Ainda tá muito ocupada?

Claire: Não, eu só perdi a hora mesmo (sorrio pra ele, pego a minha bolsa térmica e sigo ele até a cantina da editora)

O local contava também com algumas mesas e uma área de cafeteria, composta com algumas estantes de livros, tudo muito aconchegante, me senti tentada a ir pra lá, mas me contentei em ficar em uma das mesas mais afastadas. Eu trouxe duas marmitas com arroz, lasanha e purê, e uma com salada e um pacote de batata frita.

Jacob: Você realmente trouxe o nosso almoço hahaha

Claire: Ficou faltando a bebida, então vai ter que beber água.

Jacob: Vou pegar um refri espera aqui (ele sai e poucos minutos depois chega com duas latas de refrigerante de limão, meu preferido)

Claire: Estou começando sentir medo de você... (ele me olha assustado)

Jacob: O que foi que eu fiz?

Claire: Primeiro você adivinha a minha comida preferida, e agora a bebida... Desse jeito vou começar pensar que você colocou câmeras espalhadas por meu apartamento (ele dá uma gargalhada que chama a atenção de algumas pessoas em volta da gente)

Jacob: Não coloquei câmeras no seu apartamento, Claire, só consigo ler as pessoas com facilidade... E digamos que esse refrigerante é o meu preferido também, então foi praticamente um chute no escuro.

Claire: Espero ter chutado certo também na lasanha...

Olho pra ele com expectativa, enquanto ele come calado, eu fico só observando, esperando pra saber se ele vai gostar ou não, pois cozinhei sempre só pra a minha família e dos meus amigos, os únicos que já provaram a minha comida foram a Louren, a Vick e o Sam.

Claire: Não me mata de ansiedade Jacob! Diz logo, está bom? Falta sal? Tá salgado? Já sei, tem pouco molho...

Jacob: Não! Tá perfeita, nunca comi uma lasanha tão bem feita na minha vida.

Claire: Para de mentir, nem é de hoje...

Jacob: Só deixou ainda mais gostosa. Quero comer sua comida sempre agora. Você cozinha melhor que a minha vó, e comida de vó tem tempero mágico.

Claire: A minha vó quem me ensinou tudo que sei... (baixo a cabeça e parece que ele percebeu a minha mudança de ânimo, porque levanta a minha cabeça e olha dentro dos meus olhos com tanta intensidade que não consigo desviar o olhar)

Jacob: Para! Afasta esses pensamentos pra longe! Você está aqui, está bem, é ótima no que faz, tem pessoas que lhe amam de verdade... Não quero te ver triste de novo (sinto uma lágrima solitária escorrer pela minha bochecha e ele seca com carinho ainda olhando nos meus olhos)

Claire: As vezes acho que não vou conseguir... (ele continua segurando o meu rosto, mas agora faz carinho nele com bastante calma)

Jacob: Olha... Sei que o que quer que tenha acontecido com a sua avó, machucou muito você... Por isso não vou insistir e pedir que você me conte, se abra comigo sobre esse assunto... Mas... Não quero te ver triste por causa desse tipo de coisa, quando sentir que não vai conseguir afastar esses... Pensamentos... Sentimentos ruins... Vá até a minha sala e só me abrace que eu vou entender... Tá bom? Não precisa passar por isso sozinha, não se tiver pessoas que se importam com você ao seu lado.

Claire: Se você continuar assim, vou acabar me apaixonando por você (ele baixa a cabeça e quando levanta vejo o rastro de um sorriso nos seus lábios, as suas bochechas estão mais rosadas, sinal que também consigo deixar ele com vergonha)

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