Cap-15 Hora de Agir

Gabriel

Estava ouvindo vozes ao fundo, mas a lembrança me deixou paralisado, me dei conta do perigo que era Bianca voltar, e logo de cara estar dentro de um caso, que se investigado como pelo promotor anterior, seria a ruína dos Salazar. O nome que carregava, as consequências das corrupções do meu pai, isso não me assustava, o que me atormentava agora, era a segurança da Bianca e minha filha. Ela estava entrando num terreno inimigo e perigoso, e a conhecendo bem, ela não desistiria tão fácil, e se ela desconfiar de qualquer injustiça ou crime, ela buscaria justiça até o fim. E a mulher que eu vi, estava mais obstinada do que nunca havia visto. Agora teria que tomar uma posição, ou Bianca correria risco de vida, conhecia meu pai, sabe lá o que ele mandou fazer com o promotor anterior, agora, quando ele descobrir que a nova promotora, é ninguém menos que minha ex-esposa, nem queria ver a fúria do satanás.

— Terra chamando Gabriel! Olá? Olá?— Talita me chamou atenção gesticulando os braços na minha frente.

Suspirei profundamente e a encarei.

— O que foi?

— O que foi!? Você está há um tempão parado aqui. Precisa se policiar, meu irmão. O que acha que seu pai vai fazer se souber que ficou tão abalado com sua ex?— Talita me puxou para sentar.

— Eu quero que meu pai se fodä! — murmurei pensativo.

Vicente se sentou do outro lado.

— Chefe, eu sinto em dizer, mas se sua ex-esposa estiver planejando uma vingança, ela está com a faca e o queijo na mão. Precisamos nos preparar.— Vicente alertou.

Bianca estaria num plano de vingança? Entrar na promotoria é algo muito disputado, ela seria capaz de se preparar tanto para vigar-se?

Embora pudesse parecer isso, não acreditava. Ser promotora da justiça sempre foi o sonho dela, ela não faria isso por vingança. Mas agora que ela estava lá dentro, não seria difícil pegar um dos milhares de processos em espera, além dos arquivados, para tentar atingir os Salazar. Cheguei a sorrir ao imaginar ela levando meu pai ao fundo do poço. Ela não estaria se vingando, estaria fazendo justiça e um grande favor à sociedade. Sei que iria junto, mas nesse ponto da vida me achava merecedor de tudo, e se todos Salazar for para a cadeia, Miguel ficaria nas mãos da mãe, o lugar que nunca deveria ter saído. Um homem pode sonhar, não é mesmo?

O problema é que esse sonho de justiça, nunca colou na minha vida, meu pai sempre encontrou um jeito sujo de sair por cima, e agora, mais do que nunca estava terrivelmente assustado, com medo de perder aquela mulher definitivamente. Se a situação fosse simples, e não tivesse sido um canalha no passado, já teria fugido desse mundo, apenas com minha família.

— Chefe, temos que ir.— Vicente se levantou.

Levantei em seguida, Talita se enlaçou no meu braço e saímos do tribunal.

— A Janaína está bem?— Talita perguntou.

— Acho que sim. Viajou e volta hoje.— respondi.

— Você acha? Não conversam pelo whatsapp ou outros meios?— Talita indagou confusa.

— Sim. Conversamos. Ela vai voltar hoje a noite.— respondi.

Enquanto eu voltava para empresa, pensei no meu segundo problema, Janaína. Não pediria ela em casamento nem fodendö! Na verdade, era o momento de finalmente me tornar homem e terminar essa relação fria.

Passei as mãos pelos cabelos, ia desafiar meu pai em tudo, minha vida ia tomar um rumo que eu não fazia idéia, mas precisava ser um broquel entre Bianca e meu pai. Ia ter que arrumar um jeito de deixar meu pai pianinho, ou estaria condenando a vida da Bianca, dos meus filhos e consequentemente a minha vida, estaria na pior situação.

Quando cheguei na empresa, pensei que pelo menos naquele dia estaria em paz, mas no final da tarde, meu pai apareceu com o Sr. Reginaldo, e vieram direto para minha sala. Ambos com expressões de pura raiva e frustração.

— Que palhaçada foi aquela!? Porque não me contou que aquela caipira de merdä está de volta?!— meu pai esbravejou e terminou se apoiando na minha mesa e me encarando com aqueles olhos azuis e intimidadores.

Eu apenas afastei a cadeira e cruzei as pernas. Pela primeira vez em anos, me sentia livre para enfrentar meu pai, como nos velhos tempos.

— Não falei nada porque estou tão surpreso quanto o senhor. Não sabia do retorno dela.— falei pacientemente.

— Como aquela mulher conseguiu entrar na promotoria e ainda pegar um caso nosso?!— ele falou indignado.

— Acredito que passando nas provas e etapas que o cargo exige.— falei debochado.

Meu pai se enfureceu, os olhos dele ficaram escuros de raiva, mas no fundo eu sabia que o terror estava presente, porque ele estava com medo da Bianca.