ELA VEIO MESMO

PEDRO

Hoje a comida estava pior do que nos outros dias sem um pingo de sal, já não basta nos dar tanto macarrão com salsicha e ainda não colocar o sal, aí já é castigo demais até para mim.

PEDRO - Ahê, pegaram o sal, enfiaram no cü? por isso que não deu para colocar na comida.

CARCEREIRO - Ou tu come aí pianinho ou vai comer pão com água lá na solitária tá querendo mordomia demais malandro, por mim eles serviam era a merd@ para vocês.

Marquei bem a cara dele, um dia eu vou pegar esse aí de vacilo e quebrar o pescoço dele, ele vai ver quem é que vai comer merd@ primeiro.

Os dias se passam arrastados aqui nesse lugar, antes tomávamos banho de sol duas vezes na semana, depois que fizeram a separação de pavilhão é apenas uma vez todos se reúnem apenas no domingo, antes tinha muita briga. quando as visitas foram suspensas por um tempo ele se tocaram e pararam com essa porr@

Eu estava de boa, dia de visita de família, não costumo sair, eu fico malzão, prefiro ficar quieto na minha.

ANDREW - Aí Pepê, tem visita para você tá lá no pátio.

PEDRO - Brincadeira uma hora dessa, tem mais o que fazer, não?

ANDREW - Você acha que eu ia perder meu tempo vindo aqui se não fosse verdade, se quiser ir lá vai,se não quiser problema teu.

Ele falou e foi embora eu resolvi ver se era verdade, não custa nada e assim que sai no portãozinho não acreditei no que os meus olhos viram, a missionária cantora, ela estava sentada em um banco olhando para os lados como uma criança curiosa, Fiquei com vergonha faz días que estou com a mesma roupa, está ainda mais suja e o short já tá rasgado, mesmo assim fui até ela.

PEDRO - Não é que você veio.

ESTER - Mas eu falei que viria, duvidou da minha palavra?

PEDRO - Não me leve a mal mas duvidei sim, não pensei que você voltaria aqui só para me ver, sem ser nas suas coisas de missão, que tanto você fala.

Ela sorriu de um jeito ainda mais lindo, pegou uma bolsa que estava no chão e colocou em cima da mesa, começou mostrando as coisas que trouxe para mim.

Não acredito que essa mulher gastou o seu dinheiro comigo, ela trouxe roupas na etiqueta, três camisas, três Bermudas até cueca e chinelo, trouxe produtos de higiene, tudo de bom e uma coberta fofinha e o mais importante: uma comida cheirosa.

PEDRO - porque você fez isso? nem me conhece, trouxe esse monte de coisa para mim. você é louca menina?

ESTER - No evangelho de Mateus Capítulo 25; 35 e 36. O senhor disse Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.

Quando ela falou isso foi como se desse um tapa na minha cara, ela falou que tanta veracidade, tanta perfeição que até fiquei envergonhado de ter perguntado se ela era louca, Isso faz parte da missão dela, para desconversar meti um assunto bem aleatório.

PEDRO - Se um dia eu tiver outro filho vou colocar o nome dele de Mateus Sempre achei esse nome bonito

ESTER - Você tem filhos?

PEDRO - Tenho sim, dois meninos, um de nove e um de sete anos

ESTER - A sua esposa não vem te visitar porque não tem com quem deixar as crianças? Espero que ela não se importe por eu ter trazido essas coisas para você, fiz apenas aquilo que a palavra do senhor manda.

PEDRO - Relaxa a mãe dos meus filhos que me abandonou desde o momento que eu entrei aqui, ela sumiu com eles lá na comunidade ninguém tem mais notícia dela, nem dos meus filhos, se um dia eu sair daqui eu vou atrás deles quero os meus filhos comigo e ela que siga a vida dela, sem eles.

Continuamos conversando, ela perguntou o nome dos meninos, eu estava morrendo de fome, ela trouxe uma comida bem gostosa. feijão tropeiro com arroz e carne, comi tudo, tomei o suco, ainda ofereci mas ela agradeceu e ficou sorrindo, ela também trouxe biscoito e outras coisas para que eu pudesse comer depois. Fiz algumas perguntas sobre ela e falei também um pouco de mim.

Até que ela começou a rir e eu fiquei rindo também sem saber do que se tratava, ela disse que fazia evangelismo no Morro da Guaíra, até o novo dono proibir. eu também comecei a rir porque fui eu que proíbe, falei para ela o motivo é que tinha um X9 subindo morro dando informação e foi numa dessas que mataram o meu irmão, Eu estava chamando ela de missionária até que ela pediu para que chamasse pelo seu nome, não precisava ficar chamando ela pelo cargo que ela ocupa na igreja.

A Ester também leu algumas palavras lá, lógico que essa crente não ia perder a oportunidade, fiquei só concordando com a cabeça, muitas vezes senti vontade de fazer alguma piada, mas me controlei, ela não gosta que façam piada ou brinque enquanto ela fala do Senhor dela.

Assim que acabou a visita, nos despedimos com um aperto de mão e ela prometeu voltar na quarta com o povo da igreja, perguntou se eu estava precisando de alguma coisa em específico falei que não, assim que vi ela cruzando o portão de acesso fui para a minha sela, encontrei o Andrew no caminho.

ANDREW - É pepê se deu bem com uma mulher daquela, não vai passar fome nunca.

Não gostei do jeito que ele falou da Ester, me segurei porque eu não quero ir para solitária quarta-feira quero encontrar com ela de novo, segui meu caminho até a sela, assim que entrei já fui tomar banho escovar os dentes e vesti a roupa que coube certinho.

Ela pode ser crente, mas está fazendo por mim o nunca fizeram.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***