Tentando Compreender o Destino

Júlia

Nunca imaginei que estaria aqui, nesta fazenda, com o senhor Miguel - o mesmo garotinho que conheci na minha infância e que, por muito tempo, pensei ser apenas produto da minha imaginação.

Porém, fico me perguntando, como isso é possível? Como uma coisa dessas pode acontecer? Mesmo não frequentando a igreja, mantenho minha fé e acredito em uma força superior que nos guia. Talvez isso seja uma prova de que não temos ideia da intensidade de certas conexões.

Se alguém me dissesse algum tempo atrás que encontraria aquele garotinho novamente e que viria a trabalhar para ele, eu, no mínimo, diria que essa pessoa estava louca. E agora, aqui estou eu, me preparando para retornarmos à mansão. Claro, dormi em um quarto e ele em outro.

O que não quero é apressar as coisas. Mesmo tendo uma conexão única com Miguel, precisamos nos conhecer melhor, sem dúvida. Falamos sobre casamento, mas quero deixar claro que devemos dar um passo de cada vez.

Enquanto saio do quarto, escuto um carro se aproximando da casa, e então Miguel aparece à minha frente, se aproxima de mim e nos beijamos. Depois do beijo, ele me diz:

— Já estava indo te chamar, o Tales acabou de chegar. Podemos ir se você estiver pronta.

Olho para ele e confirmo com a cabeça, mas não digo nada, pois minha mente está a mil. Ele então me olha profundamente e pergunta:

— Está tudo bem, Júlia?

Sorrindo um pouco nervosa, expresso um dos meus inúmeros pensamentos.

— Sim, estou só um pouco nervosa. Mas, Miguel, acho melhor irmos com calma, uma coisa de cada vez. Precisamos nos conhecer melhor.

Ele mantém seu olhar fixo em mim, com toda sua aura dominante, e sem dúvida, Miguel sabe como me deixar ainda mais tímida. Depois de parecer avaliar até minha alma, ele simplesmente diz:

— Tudo bem, Júlia. Apresentarei você como minha namorada.

Fico com os olhos esbugalhados, percebendo que ele não entendeu o que quis dizer, então decido falar.

— Bem, creio que...

Ele me interrompe e diz:

— Eu definitivamente entendi. Só acho que poderemos nos conhecer enquanto somos de fato namorados. Você não acha que já esperamos tempo demais?

Refletindo sobre o que ele disse, penso: realmente, qual a chance do que aconteceu entre nós ser mera coincidência do destino? Acho que podemos nos conhecer melhor enquanto somos, de fato, namorados.

— É, você está certo.

Ele assente e seguimos para o carro. Ao entrar no carro, o motorista e segurança nos cumprimentam.

— Bom dia, senhor Miguel.

— Bom dia, senhorita Júlia.

Retribuo o cumprimento com um aceno de cabeça enquanto nos acomodamos no luxuoso carro. Miguel vira-se para o segurança e pergunta:

— Como está tudo na mansão, Tales? Está tudo certo?

Tales responde a Miguel:

— Tudo certo, senhor.

Miguel assente, e o carro começa a se movimentar. Enquanto a viagem continua, Miguel suavemente pega minha mão, e nossos dedos se entrelaçam naturalmente.

Sinto uma sensação de conforto e carinho com aquele gesto, mas percebo que o segurança, Tales, nos observa pelo retrovisor. Isso me deixa um pouco sem jeito. Miguel, notando minha reação, olha fixamente para Tales, e o segurança desvia rapidamente o olhar, concentrando-se na estrada.

Esse pequeno incidente me faz pensar sobre a dinâmica entre Miguel e Tales. Parece haver mais do que apenas uma relação de trabalho entre eles. Talvez eles compartilhem uma amizade ou confiança que foi construída ao longo dos anos.

Enquanto deito suavemente, minha cabeça no ombro de Miguel, minha mente começa a viajar ainda mais. Recordo do nosso encontro, quando Miguel era apenas aquele garotinho com quem brinquei na igreja.

É incrível pensar em como a vida nos levou a esse momento, onde ele se tornou esse homem poderoso e determinado, um CEO respeitado e admirado por tantas pessoas.

Contudo, um pensamento começa a me inquietar profundamente: e se o pai e os irmãos de Miguel não gostarem de mim? Essa possibilidade me preocupa, pois sei o quanto a família é importante para ele.

Além disso, percebo que somos muito diferentes em vários aspectos. Ele é um homem de negócios, exala poder, confiança e determinação, enquanto eu sou mais reservada e me sinto mais à vontade em ambientes simples e tranquilos.

A dúvida me atormenta: será que nosso relacionamento resistirá às pressões? Miguel deve ter conhecido muitas mulheres, com estilos de vida e aparências que se destacam. Será que eu, uma mulher comum e não tão convencional, conseguirá ser tudo que ele precisa?.

Tento afastar esses pensamentos negativos, mas eles persistem. A insegurança começa a tomar conta de mim, e eu me sinto vulnerável ao pensar que posso não ser suficiente para alguém como Miguel.

Percebendo que algo me preocupa, Miguel me olha ternamente e pergunta:

— Júlia, o que está te incomodando? Percebo que algo está te deixando inquieta.

Respiro fundo, mas decido não compartilhar meus medos, por enquanto. Então apenas digo:

— Não é nada, eu apenas estou um pouco ansiosa, nada de mais.

Ele me olha profundamente, enquanto diz:

— Talvez seja melhor ligar para sua psicóloga, o que acha?

Rapidamente, respondo:

— Não se preocupe, estou bem, não será necessário.

Miguel acena com a cabeça, respeitando minha decisão, mas seu olhar ainda reflete uma preocupação genuína. Ele não insiste e então me diz com uma voz tranquilizadora:

— Tudo bem, Júlia. Se você precisar conversar ou desabafar, estou aqui para ouvir, sempre.

Agradeço por sua compreensão e sorrio, sentindo-me reconfortada por sua presença atenciosa. Embora não tenha compartilhado meus medos completamente, sei que tenho em Miguel um apoio verdadeiro.

E então, enquanto o carro prosegue, o celular dele toca, ele rapidamente atende, mas ainda assim sua mão permanece sobre a minha. Ele então diz:

— Oi pai, como o senhor está?

E então em um determinado momento da conversa, ele olha para mim e diz ao pai dele do outro lado da linha.

— Ótimo pai, tenho um comunicado importante a fazer a vocês.

Engulo em seco, então ele se despede do pai dele, e me diz:

— Meu pai e meus irmãos, chegarão amanhã, parece que adivinharam que eu tenho uma ótima notícia para dar.

Dou um pequeno sorriso a ele, e então digo:

— Só espero que eles achem a notícia ótima.

Ele rapidamente com um ar bem humorado me diz:

— Não se preocupe, garanto que eles são bem mais legais que eu.

Olho sem reação para ele, enquanto escuto um pequeno sorriso do tal Tales. E então lembro que Maria me disse que os irmãos dele são bem divertidos, ao contrário dele, que quase nem sorri muito. Aliás, isso é uma das coisas que quero conversar com ele, quando estivermos a sós, afinal temos tanto o que conversar.

Olho com carinho para Miguel, admirando como ele se preocupa em compartilhar suas notícias importantes com a família. Essa atitude só reforça a imagem de um homem dedicado aos seus entes queridos.

Durante a viagem, o silêncio é intercalado com conversas leves e trocas de olhares significativos. Sinto-me cada vez mais à vontade na presença dele, como se já fizéssemos parte da vida um do outro há muito tempo.

Só espero que tudo ocorra bem, e que eu e Miguel consiga lidar bem com os desafios que nos aguarda.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***