A vida de Júlia

Meu nome é Júlia, tenho 21 anos e moro em uma cidadezinha do interior de São Paulo. Minha vida não é fácil, eu sou a filha caçula e a única que não recebe a atenção da minha mãe e do meu pai.

Eles sempre preferiram minhas irmãs mais velhas, o que me fez sentir rejeitada e sem importância.

Minha relação com minha família é bastante tóxica. Minhas irmãs mais velhas me criticam por eu não ter um corpo magro e por não ser tão atraente quanto elas. Meu pai e minha mãe também não me apoiam em nada.

A única coisa que me distrai é a leitura e assistir a filmes e séries. Eu não tenho amigos, então costumo passar a maior parte do tempo sozinha em casa. Mas eu tenho um objetivo na vida: arrumar um emprego e sair da casa dos meus pais.

Eu sei que não será fácil, mas estou determinada a conseguir um trabalho e ter minha independência financeira. Eu preciso me livrar da influência negativa da minha família e começar a viver minha própria vida.

Eu não tenho grandes sonhos ou ambições, mas quero pelo menos ter um trabalho que me permita ter minha própria casa e viver em paz. Eu sei que pode parecer pouco, mas para mim seria uma grande conquista.

Eu estou disposta a trabalhar duro e enfrentar os desafios que virão pela frente. Eu sei que a jornada não será fácil, mas estou disposta a lutar pelo meu sonho de ter uma vida melhor. Eu acredito em mim mesma e sei que vou conseguir.

Eu passei os últimos meses procurando emprego na cidade, mas não é fácil para alguém sem experiência e sem contatos.

Eu já me candidatei para diversas vagas, mas sempre recebo a mesma resposta: desculpe, mas estamos procurando alguém com mais experiência.

Eu entendo que é difícil para as empresas contratarem alguém sem experiência, mas como vou conseguir experiência se ninguém me der a oportunidade? É um ciclo vicioso que me deixa frustrada e desanimada.

Mas eu não vou desistir. Eu continuo procurando e me candidatando a vagas de emprego. Eu também estou fazendo cursos online para aprimorar minhas habilidades e tornar meu currículo mais atraente para os empregadores.

Além disso, eu também comecei a fazer algumas atividades voluntárias na cidade, na esperança de que isso possa me ajudar a fazer contatos e ganhar experiência.

Eu sei que não é a mesma coisa que um emprego remunerado, mas pelo menos é uma maneira de me manter ocupada e de ajudar a comunidade.

Enquanto isso, eu continuo lidando com a pressão e a negatividade da minha família. Eles continuam zombando de mim e me fazendo sentir mal, mas eu tento não dar importância.

Eu sei, que eles podem não mudar, então eu preciso mudar a minha própria mentalidade e me concentrar nos meus objetivos.

Eu sei que não será fácil, mas eu estou determinada a conseguir um emprego e sair da casa dos meus pais.

Eu quero ser independente e viver a minha própria vida, longe, da negatividade ruim da minha família. Eu sei que eu posso conseguir se eu continuar lutando.

Cansada, eu sentei em uma pracinha para pensar na minha vida, que parecia uma palhaçada, minha garganta estava seca e as lágrimas começaram a surgir nos meus olhos.

Eu sabia que, mais uma vez, tudo parecia em vão na minha vida. Então eu olhei para o céu e mentalmente perguntei: Qual é a sua em senhor do universo? Você não vai com a minha cara? E então aquela lembrança, chegou até a mim novamente.

Sempre lembro de uma noite escura e silenciosa, quando eu ainda era criança e estava na igreja que minha mãe sempre me levava. Eu era muito tímida e, por isso, sempre ficava perto dela . Mas naquela noite, eu decidi sair para brincar no pátio que ficava mais afastado das pessoas. Foi quando aconteceu algo que nunca esqueci.

Eu estava brincando sozinha, quando do nada um garotinho chegou até mim. Ele devia ter a mesma idade que eu, ou talvez fosse um pouco mais velho. Eu nunca o tinha visto antes, mas ele parecia tão familiar, como se já nos conhecêssemos há muito tempo.

Nós conversamos sobre vários assuntos, como a escola, nossos amigos e o que gostávamos de fazer nas horas livres. Foi uma conversa tão agradável e fácil, que parecia que éramos amigos há muito tempo.

Mas, como toda boa coisa, a noite acabou e tivemos que nos despedir. Foi então que o garotinho se aproximou de mim e disse:

— Não esqueça ,meu nome é Miguel.

Eu respondi com um sorriso e acenei enquanto ele se afastava. Naquele momento, eu senti como se tivesse acabado de fazer um amigo especial.

Hoje, muitos anos depois, me pergunto se aquilo foi apenas uma fantasia infantil ou se realmente conheci um garotinho chamado Miguel. Nunca mais o vi na igreja ou em qualquer outro lugar.

Mas a lembrança dele ainda é viva na minha mente, como se tivesse acontecido ontem. Talvez eu nunca descubra se ele era real ou não, mas a memória daquela noite sempre será muito especial para mim.

Distraída, eu nem percebi uma senhora se sentar próxima a mim naquele banquinho daquela praça. A senhora então disse a mim:

— Olá, minha jovem. Está quente hoje, não é ?

Um pouco surpresa, eu olhei para aquela senhora, de saia até os joelhos, cabelos grisalhos com pequenos grampos o prendendo em um bonito e discreto penteado. Era uma típica senhora, mas por um momento eu quis o conforto daquela senhora.

Talvez isso se deva ao fato de ter uma mãe que nunca demonstrou seus sentimentos por mim. Um pouco atrapalhada, eu disse a ela:

— Sim, está bem quente hoje. Eu achei a senhora linda!

A senhora então me deu um sorriso gentil e genuíno e se apresentou como Maria. Eu pedi desculpas pelo meu jeito e me apresentei a ela também.

Eu e aquela senhora engatamos uma conversa descontraída e feliz. Em certo momento, ela me disse que veio na casa de um parente dela, pois era seu dia de folga. Então eu perguntei se ela trabalhava.

Ela sorriu e disse que sim, que por mais que ela já pudesse se aposentar, ela gostava de trabalhar, ela disse que trabalha para a mesma família há muito tempo. Eu então disse a ela:

— Que sorte a da senhora ter um trabalho, pois eu procuro e nunca consigo nada. Estou há meses nisso.

Mas nesse exato momento, a senhora recebeu uma ligação. Sorrindo e olhando para mim, ela diz a pessoa do outro lado da linha:

— Não será mais preciso, meu menino. Acho que acabei de encontrar a pessoa certa.

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