Capítulo 8

No dia seguinte, a rotina seguia o mesmo percurso. Claire levantou cedo para preparar o café da manhã. Estava fazendo ovos mexidos e bacon para elas comerem com torradas.

Claire - Se apresse aí, Kris!

Ela gritou enquanto tirava a jarra de suco da geladeira. Dime se aproximou também com fome. Claire pegou o saco de ração e encheu o pote dele, em seguida trocou a água.

A menina desceu as escadas apressadamente e entrou na cozinha. Jogou a mochila no chão e sentou-se à mesa para comer o café da manhã. Claire terminou de coar o café e colocou o conteúdo numa garrafa térmica, levando para a mesa e sentando-se para acompanhar a filha na primeira refeição do dia.

Dime, claro, deixou a ração e foi para perto de Kristen, pois todas as vezes ela jogava alguma coisa embaixo da mesa para ele comer.

Claire - Não dá isso para o cachorro comer. Depois ele fica passando mal e eu que vou limpar, não você.

Kris - Foi só um pedacinho de bacon, não faz mal.

Claire - Quem te disse isso, o veterinário?

Kris - Não, né! (risos)

Claire pegou uma torrada e colocou um pouco de ovos.

Kris - Mãe?

Claire - Hum?

Perguntou de boca cheia.

Kris - Podemos dar carona ao Peter?

Claire - Claro!

Depois do café, as duas saíram de casa, entraram no carro e pararam em frente à casa do garoto. Deyse apareceu sorridente e foi falar com Claire.

Deyse - Obrigada!

Claire - Imagina!

Deyse - Gostou da escola, Kris?

Kris - Sim! (risos)

O garoto apareceu, se despediu da mãe e entrou no carro. No caminho, Claire recebeu uma ligação do corretor dizendo que encontrou o ponto comercial tão almejado por ela. Animada, deu um grito.

Kris - O que aconteceu? Ganhou na loteria?

O menino sorriu.

Claire - Parece que finalmente conseguimos o local certo para montarmos a nossa loja.

Peter - Que loja vai ser?

Kris - Objetos de cerâmica para decoração! Você sabe o que é?

Peter - É, sei! (risos)

Kris - Queria ir ver também.

Claire - É, mas não pode faltar a aula!

Kris - Aff!

Ela parou em frente à escola e os dois adolescentes desceram.

Peter - Obrigado pela carona, senhora Claire!

Ela somente sorriu e acenou para o rapaz, e foi embora. Peter olhou para a amiga que estava parada olhando para o garoto de jaqueta de couro descendo da moto.

Kris - Nossa!

Peter - Qual é, Kris? O cara é do último ano.

Kris - Eu gosto de garotos mais velhos do que eu.

O menino revira os olhos.

Peter - Quer um conselho? Não se meta com a turma dele.

Ela olha para o amigo e os dois começam a andar lado a lado.

Kris - Por quê?

Peter - Eles se envolvem em coisas erradas.

Kris - Tipo o quê?

O sinal toca.

Kris - Fala!

Peter - Só não se meta com eles, tá certo?

Kris - Tá, tá...

Eles entram na escola e vão para seus armários. Mais uma vez, Kristen se atrapalha toda com a porta emperrada, mas usa o mesmo método do amigo e dá uma cotovelada que a abre no mesmo segundo.

Kris - Tá vendo? Aprendi!

Eles sorriem e vão para a sala de aula.

...

Thomas acordou um pouco tarde hoje, mas por algum motivo não se apressou. Tomou um banho, vestiu uma roupa social e foi para sua varanda tomar o café da manhã sozinho. Tinha uma vista extraordinária de toda a cidade e de sua piscina particular. Uma funcionária se aproxima trazendo café fresquinho, ele agradece e coloca um pouquinho na xícara.

Mas estava inquieto demais hoje, tudo em que pensava era no que sua ex-esposa falou ontem, o que entrou dentro dele de uma forma absurda e inexplicável. E o pior de tudo era ter percebido que mesmo depois de tanto tempo, ainda se sentia extremamente atraído por ela.

Com raiva, dá um soco na mesa de vidro, que com a força lançada rachou a mesa por inteiro. A funcionária que estava logo atrás dele leva um susto e leva a mão ao peito.

Thomas - Tudo bem, Verinha?

Verinha era sua funcionária há pouco mais de três anos. Tinham mais ou menos a mesma idade. Porém, ela era uma mulher sofrida, lutou muito para conseguir a cidadania americana e poder permanecer no país definitivamente. Acabou se apaixonando por um americano muito gente fina e trabalhador.

Gostava bastante do Thomas, pois ele ajudava bastante o casal. Aliás, ele ajudava várias pessoas e instituições anonimamente, nunca quis ter reconhecimento disso.

Thomas - Mande trocar o vidro!

Verinha - Sim, senhor!

Ela percebe que o patrão estava mais triste do que o habitual e se preocupa.

Verinha - E a Kristen?

Thomas - Ela já se mudou!

Verinha - E o senhor está assim por quê?

Ele apenas balança a cabeça.

Thomas - Coisas da vida, Verinha!

Ela pega um pano de prato que estava pendurado em seu ombro e limpa o suco da mesa, que acabou derramando na hora do soco. Thomas tenta se distrair e logo muda de conversa, tentando afastar a melancolia.

Thomas - Como foi o final de semana no hotel fazenda?

Verinha - Foi incrível! Estamos muito felizes por ter nos presenteado com a hospedagem lá.

Thomas - Não precisa agradecer, aquilo lá é meu.

Verinha - Hã? Eu... eu não sabia.

Ela o olha surpresa.

Thomas - Comprei há pouco mais de um ano. É bem rentável, por sinal. Bom... Vou para a empresa. Hoje tenho inúmeras reuniões ao longo do dia.

Verinha - Bom trabalho, senhor!

Thomas - Obrigado!

Ele pega a chave do carro e desce para o subsolo do prédio, onde pega um carro e sai em direção à sua empresa. Ao chegar, entra já cumprimentando todos que vê pela frente e sobe para seu escritório.

Mal entrou em sua sala e já foi bombardeado por problemas. Suspira fundo e pede para sua secretária falar pausadamente, pois sua enxaqueca já estava aflorando em pontadas.

Thomas - Então... Pode continuar, mas tenta falar pausadamente para eu entendê-la melhor.

Secretária - Desculpe, senhor!

Ele abre o notebook.

Thomas - Então... onde nós paramos mesmo?

Secretária - Bem, eu estava dizendo que...

Depois de quase duas horas tentando resolver alguns problemas, ele entra na primeira reunião do dia.

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