Tábata, dona do peão

Na fazenda está tudo perfeito, um dia lindo, o sol brilhante e os funcionários já estão trabalhando. Um cheiro de terra molhada e café coado, nos dá uma sensação de vida saudável e uma vontade de ficar juntinho de quem amamos. Chegamos bem cedo e minha sogra já espera com o café na mesa e um sorriso de boas vindas.

Conto-lhe como foi a viagem e lhe dou um presente que comprei para ela quando saímos do apartamento de Marina. Ela adora a blusa de seda que a deixou muito elegante. Sei como as mulheres adoram ganhar roupas e se sentem especiais com pequenos mimos. Minha mãe é desse jeito e sempre faço isso com ela, da mesma maneira que pretendo conviver com minha sogra.

Renan me dá um beijo e diz que precisa resolver algumas coisas e não voltará para o almoço.

__ Como assim? Você não pode ficar sem comer.

__ Não se preocupa meu amor, se eu sentir fome eu dou um jeito, tem muitas frutas espalhadas pela fazenda.

Ele me beija levantando-se da mesa e indo em direção a sua mãe.

Minha sogra sorri e o abençoa.

__ Onde está meu sogro?

__ Está se arrumando, ele vai na vila, pegar algumas coisas na venda.

Minha cabeça dá um nó e uma vontade de ver de perto minha concorrente:

__ Mas ele está indo só para isso?

__ Sim, é rápido! Você quer ir com ele?

__ Não precisa dele ir, ele pode ajudar o Renan na fazenda e eu vou na vila, faça uma lista do que a senhora precisa, vou pegar minha bolsa.

Eu saio toda chafusquenta na caminhonete do meu sogro, pego a estrada toda contente e em vinte minutos estou na porta da venda. As pessoas me olham sair do carro que é conhecido por todos e questionam quem é essa mulher no carro do senhor Rodolfo.

Rosinha olha por de trás do balcão e morde o canto dos lábio e sua cara já não é de simpatia. Ela já deve saber do meu namoro com Renan, lugares pequenos as fofocas correm soltas.

Um rapaz muito gentilmente vem me atender e entrego- lhe a lista de compras.

Ando pela venda e pego umas coisas pessoais e alguns ingredientes para preparar uma comida especial para o meu peão.

__ Bom dia, Rosinha! Está tudo bem?

__ Tudo ótimo!

Ela não me dá confiança, mas fica me observando caminhar pelas prateleiras. Uma senhora muito simpática se apresenta e diz ser a madrinha do Renan, ela consegue prender minha atenção e eu a abraço e digo o quanto estou feliz em conhecê-la. A senhora é muito simpática e começa a me fazer perguntas que parecem já saber as respostas:

__ Então, você é namorada baiana do meu afilhado.

Ela fala alto para que a Rosinha escute.

__ Sim, eu sou!

__ Vocês pretendem oficializar o casamento em breve?

__ Sim, será em julho e, a senhora já está convidada.

Ela fica muito feliz e me conta algumas coisas que poderá fazer para o meu enxoval, já que é uma bordadeira de mão cheia.

Eu agradeço e digo que vou adorar o presente. Ela diz que já vai começar a fazer e que eu posso ir a casa dela para ver. Custo sair da conversa, mas sou salva pelo vendedor que diz que minhas coisas já estão prontas.

__ Coloca na caminhonete para mim, eu vou acertar no caixa.

O rapaz sai em direção ao carro, me despeço da madrinha e vou até o caixa. Rosinha está batendo as gavetas, as portas e tudo que vê pela frente. Em um sorriso sem graça ela diz:

__ Então, você vai se casar?

__ Sim, eu vou!

__ Você é corajosa, aquela família é doida.

__ Sério! Por quê você diz isso?

__ Dona Josefa não gosta de ninguém, ela acha que o filho é um santo e mulher nenhuma é boa para ele. O pai é um bobo, que só faz o que ela manda.

__ E o filho, como ele é?

__ Um caipira, um homem bruto que só sabe trabalhar e cuidar da roça, anda a mando da mãe. Você é uma moça da cidade, é bonita, não vai conseguir ficar aqui no meio dessa gente grosseira.

__ Eu agradeço seu comentário, mas eu não estou aqui para mudar a vida de ninguém, e muito menos os hábitos deles, estou aqui atrás do homem que eu amo e tenho certeza que ele também me ama.

__ Você acha que ele será fiel a você?

__ Eu não sei! Mas você pode me ajudar.

__ Como assim?

__ Se você souber de alguma coisa, você pode me ligar e me contar a respeito. Eu vou ficar agradecida por sua ajuda.

__ Não conte comigo, eu não sou boa para essas coisas.

Vejo o ciúme nos seus olhos e seu jeito de mulher ferida.

__ Eu tenho meus métodos de saber se alguma coisa está fora do meu controle, meu pai é delegado na Bahia, aprendi muito com ele e sei como resolver esses problemas. Traição então!... Coitada da mulher que der em cima do meu homem, dela não sobra nem um fio de cabelo.

Falo colocando o cartão na bolsa e pegando minha sacola com o almoço do meu peão.

__ Tenho que ir, meu peão está esperando o almoço e eu ainda vou preparar para ele.

Ela está assustada e morrendo de raiva, eu rio sozinha lembrando da cara da garota. Ela está muito enganada se eu vou deixá-la dar em cima do que é meu...

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