Sandro e Bruno, outra chance

Desde que saímos da Bahia o meu coração está fraco e abatido, na minha cabeça só vem a ideia de como fui fraco e covarde e um verdadeiro idiota que não enfrentou seus medos e receio, simplesmente se acovardou e não declarou o que realmente sente. Um namoro a distância nem é problema, em poucos dias que chegamos e já estou cara a cara com ela novamente. Sofrendo igual sovaco de aleijado, sendo que ao menos sua voz eu poderia ouvir todos os dias.

Para elas bastou uma amiga sofrer uma perda e elas estão aqui de pé, lindas, escovadas e prontas para ajudarem umas às outras, é um verdadeiro tapa na cara ver a coragem dessas mulheres, em quanto na minha fraqueza não assumi o que sinto por ela.

Saindo do prédio da mãe de Marina, fomos entrar nos carros para irmos para a capital e eu a vejo a minha frente caminhando lentamente, ela nem sequer olha para trás e muito menos me espera. Antes de entrarmos no estacionamento eu me aproximo dela por trás, andando mais acelerado e falo baixinho perto do seu ouvido e percebo seu corpo arrepiar:

__ Será que, poderíamos conversar.

Ela faz um biquinho, morde o lábio inferior e já estou desejando morder seus lábios com devoção:

__ Agora?

__ Não, quando chegarmos em São Paulo.

__ Vou pensar!

Ela fala parando o corpo que estava em movimento e o meu corpo choca ao dela causando uma onda de energia que dispara meu coração. Por impulso eu lhe seguro passando o braço por sua cintura e sinto o seu perfume me seduzir, me deixando tonto. Ela tira meu braço e volta a caminhar até o carro. Eu fico rindo igual bobo com seu jeito estabanado, sapeca e sexy ao mesmo tempo.

Renan olha para mim e diz:

__ Chega junto, meu amigo! Ela gosta de você e vai por mim, eu fiz a melhor escolha da minha vida e você também pode fazer. Sofrer com ela é melhor do quê sozinho.

Entramos no carro e ficamos esperando Sandro decidir a vida com a Salete.

Eu não sei fazer outra coisa a não ser pensar nela, almoço, janto, deito e levanto pensando no que vivemos em Ilhéus e o que poderíamos viver juntos daqui para frente. Nunca pensei que uma mulher fosse virar minha vida de cabeça para baixo como ela está fazendo, está acabando com minha saúde psicológica. Vê-la depois de alguns dias distantes fez meu coração disparar, minhas pernas tremerem e minhas mãos ficarem suando.

Ela finge não me notar, mas se eu desvio o olhar da sua direção, eu sinto que ela está me olhando e sei que está me secando por trás, o meu corpo arrepia pela estática do desejo que sente.

Estamos indo para o carro e eu a seguro pelo braço e a faço parar e me ouvir:

__ Espera! Eu preciso falar com você.

Ela vira-se como uma deusa intocável e me olha firme como se não lhe afetasse em nada a minha presença diante dela:

__ Pois então diga, o que você quer?

É um golpe baixo dela, quando fala toda segura, assim para mim. Ela sabe que meu coração já está errando as batidas e não tem nada sob controle. Eu gaguejo e o suor está escorrendo:

__ Eu preciso de um tempo a sós com você. Podemos sairmos mais tarde?

Ela me olha; olha às horas no celular e depois me fala calmamente:

__ Está um pouco tarde, o dia foi muito cansativo, mas se você quiser, podemos nos encontrar amanhã, pela manhã é claro, pois iremos embora a tarde.

__ Mas já? Vocês ficaram tão pouco.

__ Temos que trabalhar, deixamos nossos compromissos para estarmos aqui com Marina.

__ Eu entendo, também preciso voltar para o hospital... Eu estou com saudades de você.

Ela passa a mão macia em meu rosto e me encarando diz:

__ Eu também estou, mas a escolha foi sua e agora é tarde para arrepender.

__ Tarde, por que tarde?

Você já tem outro?

__ Não deu nem tempo, vice! Gostar de alguém leva tempo, você não acha?

__ Sim, mas do jeito que você fala dá impressão de que já me esqueceu.

Bruno buzina e me apressa, Tábata também buzina no outro carro.

__ Amanhã conversamos, te espero às nove no apartamento de Marina.

__ Estarei lá!

Ela passa por mim e eu a fico olhando preocupado se ela já me esqueceu.

Entramos os quatro homens no carro e saímos a frente das meninas que nos seguem para não errarem o caminho. Calebe fala das maravilhas da vida de casado e que está amando essa nova fase da vida. Renan conta dos últimos dois dias que passou na fazenda ao lado de Tábata e que estão vivendo como casados.

__ E sua mãe não quis matá-la ou dar uma surra de reio por vocês estarem dormindo juntos?

Eu faço as perguntas que todos queremos saber mas não têm coragem de perguntar:

__ Meus pais gostam mais dela do que de mim.

__ Mas como você arrumou com a Rosinha?

__ Eu terminei com ela no dia que cheguei de Ilhéus, e acho que ela ainda não sabe a respeito de Tábata.

__ E Tábata sabe a respeito dela?

__ Ainda não, mas eu vou contar assim que chegarmos em Minas.

__ Eu te aconselho a contar dentro do avião, na hora que vocês tiverem voltando para Minas.

__ Por quê?

__ Assim, se ela resolver brigar com você não terá como fugir e o máximo que pode acontecer é ela te jogar lá de cima.

__ Sandro, dá para você ter uma conversa séria pelo menos uma vez na vida?

Calebe ralha comigo e todos riem. Eu faço para descontrair tanto assunto sério...