Alex e os rapazes, segurança

Quando soube da tragédia que Marina estava vivendo eu saio do meu comodismo e ligo para o hospital a procura de notícias e saber onde seria o velório, eu não sabia o nome dele, nem que horas havia morrido, mas dei um jeito de saber, nessa hora a lábia de advogado tem que servir para alguma coisa.

Liguei várias vezes para Marina e o telefone está fora de área ou desligado, com certeza, não tem cabeça para atender celular.

Sandro e Bruno se levantam e arrumam para me acompanhar e estão prontos a passarem por essa comigo, como bons amigos que são, só não imaginando a surpresa que terão.

Ficamos ao lado de Marina dando lhe todo apoio. Ela deita sua cabeça em meu peito e a aperto em meus braços, sem cobranças ou explicações, apenas fazendo meu papel de homem.

A campainha toca e quando ela atende suas amigas estão de pé na porta, prontas para ampará-la e ela desmancha em lágrimas nos braços das fiéis companheiras. Com elas estão Calebe e Renan, coincidentemente chegaram todos juntos.

As meninas entram pela sala e nos cumprimentam de longe e nem olham na cara de Sandro e Bruno. Pior é para Rodrigo que ao vê-las perde a pose de gavião, porquê, mulher não olha para o homem analisando os fatos, elas olham julgando, condenando e aplicando a sentença.

__ Você aqui, Rodrigo? Não esperava.

Giovana fala passando por ele e o encarando com cara de poucos amigos, até que Salete também passa por e ele e diz:

__ Muita coragem a sua, viu! Depois de tudo que você fez com Marina. Vixe, que não tem vergonha mesmo!

Ele engole seco e fecha o semblante. Tábata passa por ele e ergue as sobrancelhas e faz sinal com os dois dedos indicando para o rosto dele e os olhos dela, dando a entender que está de olho.

__ O que você faz aqui, Rodrigo? Já não basta todo sofrimento que você causou para minha amiga e agora você fica rodeando igual a gavião da asa quebrada.

Laila o questiona e quando ele vai responder Marina entra em defesa da criatura:

__ Gente, ele está aqui como amigo dos meus pais. Não temos mais nada um com outro e eu o agradeço muito por ter ficado ao lado da minha mãe nessa hora.

Obrigada Rodrigo, tenho certeza, que para o meu pai foi muito importante a sua presença.

Eu fico com ciúmes mas tento compreender os fatos até que ele fala para provocar:

__ Eu fiz especialmente por você, Marina. E por tudo que vivemos e pelo que sentimos um pelo outro. Temos uma história juntos e sua família é a minha família.

Meu sangue gela e tenho vontade de socar a cara dele até virar homem. Mas tenho que respeitar o luto da família. Já percebi que ele quer ser a vítima e que ela tenha pena dele, causando mais constrangimento entre nós. É um político nato, de tanto advogar para essa classe ele fala igualzinho a eles.

__ Obrigada Rodrigo, fico feliz que pense assim, pois eu não consigo guardar mais rancores de tudo que passei por sua causa. E infelizmente quando perdi nosso filho eu não tive esse apoio, nem você ao meu lado. Mas tudo bem! Já passou.

Ela o encara e volta seu olhar para mim que a puxo para os meus braços e a aperto em um consolo. A levo até o sofá e a deixo com as garotas.

__ Vou sair com os meninos um pouco, a senhora precisa de alguma coisa, dona Lola?

Falo para minha futura sogra que agradece.

Precisamos respirar longe desse clima de funeral, as meninas precisam de espaço e eu falo com Rodrigo:

__ Vem com a gente? Vamos deixar as meninas a vontade.

Ele nos acompanha meio relutante, mas somos amigos há muitos anos e ele é primo do Calebe, ninguém vai sair se mordendo por aí.

Estou na porta, já saindo atrás de todos os rapazes quando ouço:

__ Alex!

Olho e Marina se levanta com rapidez e vem ao meu encontro:

__ Não demora, eu preciso conversar com você.

__ Eu não vou demorar e se você precisar de mim é só me chamar... Eu te amo!

__ Eu também te amo!

Saio lhe dando um selinho, ela fica na porta me vendo sair com os olhos rasos d'água.

Vamos seis homens de grande porte andando pela calçada até uma lanchonete, onde pedimos uma rodada de cerveja para relaxar da tensão que estamos sobre ela. Somos todos amigos e precisamos deixar as questões bem claras entre nós.

Sandro e Bruno estão bem-dispostos depois que viram as meninas, apesar de terem sido esnobados.

__ Calebe, Salete e Giovana falaram alguma coisa a nosso respeito?

__ Não, apenas fiquei sabendo que elas viajarão no carnaval e que Laila também vai. E não me pergunte para onde, eu já fiz de tudo para descobrir, mas elas mantém segredo.

__Você pretende se casar com a Marina?

Rodrigo pergunta e todos me olham, Renan dá um sorriso de quem planeja alguma coisa:

__ Eu não sei, depende dela. Por mim já estaríamos morando juntos.

Levo o copo a boca e o encaro, ele faz o mesmo e me responde:

__ Somos amigos e sempre nos respeitamos, mas quero te informar que eu amo a Marina e que eu me arrependo muito do que eu lhe fiz, eu quero seu perdão e eu vou lutar por ela com todas as minhas forças.

__ Você pode lutar, você pode sonhar em tê-la de volta, mas isso não quer dizer que ela ficará com você. Pois eu confio no amor que ela sente por mim e no que eu sinto por ela.

Estamos nos encarando e Calebe entra na conversa:

__ Vocês se conhecem há muitos anos e não devem ficar batendo boca e braços por causa de mulher. Mesmo que essa seja especial igual à Marina.

Como sempre uma pérola tem que sair da boca do Sandro, esse que detém a sabedoria dos ogros:

__ Pois eu acho que deveriam ter um duelo, a altura dos homens modernos, que usam: charme; beleza; elegância; inteligência e sexualidade para conquistar o coração da bela. Deixem ela escolher e que vença o melhor.

__ Concordo com o Sandro! Diz Bruno, concordando sempre com o amigo.

__ Eu também acho! Ela quem deve escolher, de quem ela gosta de verdade e não vale jogo sujo.

Calebe dá um pitaco que eu não gosto mas acabo concordando, também não quero que ela fique comigo gostando de outro. Quero ter certeza de que sou o único no seu coração e nos seus pensamentos.

Continuamos mais uma rodada e antes que escureça voltamos ao apartamento.

Sinto que o jogo já começou, e Rodrigo vai no ponto fraco da Marina, a mãe.

Ele leva um lanche para ela e vai na cozinha fazer um suco, todo preocupado com a saúde da dona Lola.

Marina vem para os meus braços e se aconchegando diz:

__ Fica hoje, comigo aqui! Eu preciso resolver algumas coisas da casa do meu pai amanhã cedo e depois vamos para a capital.

Olho em seus olhos e faço um carinho em seu rosto, dou-lhe um selinho e digo:

__ É claro que eu fico, até a semana toda se você quiser.

__ As meninas podem ir para o meu apartamento, e me esperam lá, vão no meu carro, eu vou no carro do meu pai amanhã.

Elas concordam e os meninos vão para o meu apartamento com meu carro, ficamos conversando mais um pouco e percebo a jogada do concorrente, ele come pelas beiradas e faz ser percebido...

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