Estou no meu escritório na sexta-feira pela manhã e recebo uma ligação da minha mãe, ela está aflita e muito preocupada. Meu pai voltou para casa depois de anos de abandono, ele está se queixando de dores na cabeça e não quer ir ao médico.
Ele sempre foi teimoso e num ranking de ignorância ele está no topo.
Abandonou a minha mãe por causa da sua secretária, com a qual chegou a ter um filho. Não aceitou o divórcio e tivemos que fazer o litigioso. Rodrigo foi mediador dessa batalha judicial, com isso eles que já gostavam dele, passaram a amá-lo como a um filho.
Tanto, que ele não sai da casa da minha mãe. Ninguém na minha família o culpa pelo final do nosso relacionamento e muito menos por eu ter perdido o bebê. Eu simplesmente me afastei de todos por causa disso, principalmente do meu pai.
Eu estava na Bahia e minha mãe me ligou falando que Rodrigo estava me procurando e querendo saber notícias a meu respeito, eu logo percebi, quando o vi no casamento, que ele foi sabendo que eu estaria lá. Ele sabe muito bem que eu não perderia o casamento da minha amiga, que por coincidência se casou com seu primo.
Nesse meio tempo meu pai voltou para casa e minha mãe, a tola apaixonada, o recebeu de volta e está cuidando dele. Agora não quer ir ao médico, eu peço a minha secretária para marcar um check-up no hospital de Guarulhos e a internação será no sábado pela manhã.
Eu não quero envolver Alex nesses problemas de família, nosso relacionamento é recente e são tantas coisas que englobam meu relacionamento familiar que tenho certeza que mais atrapalham do quê ajudam.
Saímos para almoçar e falo a ele a respeito da viagem e que não sei quando volto, preciso fazer com que meu pai faça todos os exames e fique bem. Assim posso ficar mais tranquila com os dois. Apesar dos problemas familiares eu os amo muito e no fundo gosto de vê-los juntos novamente.
Saio mais cedo do escritório, passo no apartamento e antes de sair mando uma mensagem para Alex:
__ Estou indo para Guarulhos agora, mais tarde eu te ligo. Beijos, te amo!
Não pego mais no telefone, chego no apartamento da minha mãe e ela está nervosa e chorando muito, eu corro até o quarto e os paramédicos já estão fazendo os primeiros atendimentos para levá-lo para o hospital.
Eu amparo minha mãe e cuido dela com todo carinho. Ela me conta que ele voltou para casa há quinze dias, sempre reclamando uma forte dor na cabeça e que não aceitou ir ao médico, mas hoje ele ficou deitado o dia todo e quando foi levantar da cama ele caiu no chão e a única coisa que ela pôde fazer foi chamar a emergência, já que ele é um homem muito grande e pesado.
Estamos no hospital e ele está fazendo vários exames, meu telefone descarregou e eu nem percebi, passo a noite entre cuidar da minha mãe e resolver burocracias do hospital, ele está com um princípio de AVC, por isso as dores de cabeça frequentes.
Estou lendo os laudos médicos para assinar o termo de responsabilidade da internação, quando vejo Rodrigo chegar e abraçar a minha mãe. Eles são amigos e eu não posso falar absolutamente nada a respeito. Apenas continuo lendo, até que ele se aproxima e ficando ao meu lado diz:
__ Você está bem? Precisa de alguma coisa?
__ Estou bem! Não preciso de nada.
Levanto-me e vou até a recepcionista e lhe entrego os documentos. Ele fica me olhando e como não lhe dou confiança ele dá apoio a minha mãe que não para de chorar.
Passamos por horas terríveis, momentos de angústia e muita tristeza. Eles continuam com os exames e estamos aguardando os resultados.
Rodrigo sai para um café e me chama para acompanhá-lo, eu olho para seu rosto lindo e lembro de tudo que passei e quanto eu sofri por sua falta de compaixão e agora ele vem com seu charme de bom moço e tenta me confundir.
__ Não, obrigada! Eu vou ficar aqui com meu pai.
Ele sai e nesse meio tempo o meu pai tem uma convulsão, chamamos as enfermeiras e o médico atende rápido e aumenta os sedativos.
Meu tio leva minha mãe para descansar e eu passarei a noite. Pego o telefone para ligar para Alex e vejo várias mensagens e chamadas dele. Pôr coincidência ele está me ligando, converso com a enfermeira a respeito do soro que está acabando e atendo o celular, de pé perto da cama, caminho pelo quarto até próximo a porta e quando estamos conversando Rodrigo aparece atrás de mim. Eu tento evitar que Alex o veja, para não causar problemas entre nós, mas Rodrigo faz questão de aparecer na tela do celular. Percebo a mudança instantânea no semblante de Alex, compreensivo, pois eu havia acabado de falar para ele não vir ficar comigo no hospital.
Ele ficou chateado e muito bolado com essa história. E minha consciência pesou pôr não ter tido um diálogo melhor com ele.
Eu tento ligar várias vezes e deixo um milhão de mensagens até que meu pai piora e é levado para UTI.
Minha mãe volta para o hospital de madrugada e Rodrigo está sempre se fazendo presente. Até que a triste notícia nos chega e meu único consolo é mandar uma mensagem para ele:
__ Alex, meu pai morreu!
Ele não visualiza e eu me sinto sozinha e abandonada. Rodrigo se aproxima e me abraça e choramos juntos. Fomos para o apartamento da minha mãe e esperamos que tudo fosse arrumado para o velório.
São momentos que não queremos passar, mas encontramos força para estarmos ali.
Sentada ao lado da minha mãe e de Rodrigo, nesse momento de despedida eu olho para a porta e vejo três homens lindos vestidos de preto, óculos escuros, nível "MIB Homens de Preto"
Chamam tanta atenção que parecem terem saído de um filme no cinema.
Alex retira os óculos, encarando Rodrigo e vindo em minha direção, eu solto minhas mãos das mãos da minha mãe e retiro as mãos do Rodrigo do meu braço e vou para os braços de Alex que me abraça apertado e beija minha testa com carinho. Eu choro com a cabeça em seu peito e ele afaga meus cabelos e diz:
__ Eu sei que é uma dor muito grande, mas estou aqui com você.
Os dois amigos ao nosso lado passam as mãos em minha cabeça e dizem:
__ Meus sentimentos!
__ Meus sentimentos!
Os apresento a minha mãe e eles ficam ao nosso lado, colocando Rodrigo para o escanteio até a hora do enterro.
Passado esse momento, fomos para o apartamento da minha mãe e os quatro homens não trocam muitas palavras, a todo tempo eles cortam Rodrigo da conversa e mostrando que ele não é bem-vindo aqui. Estão iguais a seguranças de caixa-forte. Alex passa a confiança de que nosso relacionamento é sólido e não é a presença de um ex que irá nos atrapalhar.
A campainha toca e fico surpresa quando abro e vejo minhas amigas de pé na porta do apartamento...
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Nilma
Que linda amizade!!!
2024-01-06
4
Fatima Maria
ESTES SÃO AMIGOS DE VERDADE E É MUITO LINDO!!!! MESMO NESTA HORA DE DOR.
2023-12-11
0
Adriane Alvarenga
Elas são verdadeiras amigas ... ❤❤❤❤❤ e eles vão se encontrar... que tudo.....
2023-11-26
1