Capitulo 05

Afonso: De jeito nenhum que ela vai dormir nesse lugar, como você tem coragem de trazer ela para cuidar de mim, e ainda querer que ela durma nesse lugar, que só tem ratos e baratas, ela vai dormir no quarto da Vivian, é o mínimo que vocês podem fazer por ela, já que nenhuma das duas quer ter o trabalho de cuidar de mim, eu trabalhei a vida toda para não deixar nada faltar para vocês e quando preciso, as duas viram as costas, eu me arrependo de não ter insistido em trazer a minha sobrinha para morar aqui.

Judite: Ela não veio morar aqui, mas eu sei que sempre que dava você ajudava ela, e em todos os aniversários dela você levava presentes.

Afonso: Eu poderia ter feito muito mais, agora vai lá e diz que ela vai dormir no quarto da prima dela.

Judite: Você sabe que quando a sua filha chegar, não vai gostar nada de ter uma intrusa no quarto dela.

Afonso: Se ela não gostar, problema dela, ela nem usa mais o quarto, não para em casa e nem dá satisfação, essa casa fui eu quem construiu e eu ainda mando aqui, e se ela não estiver satisfeita não posso fazer nada, eu fiz tudo por ela e ela não é capaz nem de perguntar como estou, enquanto que a Mariana que foi deixada em um orfanato tem mais compaixão por mim.

A Judite não fala nada, o marido sempre aceitou os caprichos da filha e da esposa sem reclamar, mas depois que percebeu que as duas não se importam com a saúde dele, ficou decepcionado, se não fosse uma vizinha que trabalha em um postinho correr atrás de consulta e marcar a cirurgia ele ainda estaria sofrendo de dor. O Afonso trabalhou como motorista de ônibus por muitos anos e por causa disso ele desenvolveu problemas no quadril, devido às longas horas sentado na mesma posição o fazendo sentir muitas dores.

Como a casa era pequena, a Mariana ouviu tudo, os dois estavam falando alterados.

Mariana: Tio eu não me importo de dormir ali, só está precisando de uma limpeza e fica bom.

Afonso: Você não se importa, mas eu me importo e está decidido, você vai dormir no quarto da sua prima e ponto final.

Em um quarto de motel longe dali.

Vivian: Você já conseguiu um comprador para o apartamento?

Diogo: Já conseguir sim um comprador, e assim que o velho entregar a escritura do apartamento, a gente vende logo, eu vou ficar um mês ainda no trabalho, para não levantar suspeita e depois peço demissão, eu até já encontrei o nosso próximo alvo.

Vivian: Espero que esse também seja generoso tanto quanto o Hector, aquele último, antes dele me deu só um carro.

Diogo: Esse tem uma rede de supermercados, ele é casado, mas mantém vários casos extra conjugal, soube que ele é muito generoso.

Vivian: Mais se ele tem vários casos, não vai ser tão generoso assim.

Diogo: Vamos dá um jeito da esposa dele descobrir os outros casos.

Vivian: Será que ele gosta de loira ou morena? Não vejo a hora de poder mudar o meu visual.

Diogo: O que você usou como desculpa para não ter que ir na casa dele?

Vivian: Eu disse que iria depois que meu pai se recuperasse da cirurgia, é o tempo que ele me dá o apartamento aí eu sumo da vida dele.

Diogo: Foi bom a gente ter alugado aquela casa e se ele for atrás de você não vai encontrar nada, sorte que sua mãe nos dá apoio.

Vivian: Mas não é de graça não, ela quer a parte dela também.

Diogo: Eu achei que vocês iam pagar a cirurgia do seu pai, você tem condições de pagar um bom hospital.

Vivian: Ele não aceitaria, ia perguntar onde arranjei dinheiro, e além do mais a vizinha já conseguiu e a minha prima bobinha vai cuidar dele.

No dia seguinte a Vivian volta para casa.

Judite: Filha, eu tentei impedir, mas seu pai insistiu e eu não pude fazer nada.

Vivian: Do que você está falando?

Judite: O seu pai colocou sua prima para dormir no seu quarto.

Vivian: O que? Como ele se atreve a fazer isso, eu não quero ninguém mexendo nas minhas coisas

Ela fala alto.

O pai dela que estava se arrumando para ir ao hospital ouviu, e foi andando com dificuldade usando uma bengala.

Afonso: Essa casa ainda é minha.

Vivian: Mais o quarto é meu, não gosto de estranho invadindo a minha privacidade.

Afonso: Sua prima não é nenhuma estranha, e qual é o problema dela dormir no seu quarto você nem para mais em casa.

Vivian: O senhor não podia ter feito isso.

Afonso: É claro que posso, ela vai dormir naquela quarto enquanto estiver nessa casa.

Vivian: Pois fique na sua espelunca, eu vou embora e nunca mais vou voltar a pisar aqui de novo, eu vou ganhar muito dinheiro e vou morar em uma mansão, com vários empregados para me servir.

Afonso: Um dia você vai voltar chorando para essa espelunca, porque eu sei que você anda fazendo coisas erradas, e mesmo eu ensinando que a gente tem que conseguir as coisas honestamente você preferiu seguir esse caminho, e quem vai pelo caminho mais fácil, mais cedo ou mais tarde se dá mal, e quando você voltar eu vou está te esperando, porque mesmo você não se importando comigo eu ainda amo você.

Vivian: Você prefere essa daí, você sempre comprava os melhores presentes para ela.

Afonso: Isso não é verdade, eu sempre comprei presentes iguais. E você não tem o direito de reclamar, tudo que eu podia dar para você eu dei, enquanto que sua prima sempre teve que dividir tudo com as outras crianças do orfanato.

Vivian: Eu não tenho culpa que ela cresceu em um orfanato.

Ela entra no quarto e a Mariana está sentada fazendo as orações dela, a Vivian pega uma mala e começa a arrumar as coisas dentro dela.

Mariana: Eu posso dormir no quarto que a tia falou.

Vivian 26 anos.

Diogo 35 anos.

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