Capítulo 2

O ônibus estava tombado no barranco, suas laterais amassadas, janelas estilhaçadas, e o cenário ao redor era caótico. O piscar intermitente das sirenes pintava a noite com flashes vermelhos e azuis, enquanto os gritos de pânico e o choro desesperado dos passageiros ecoavam no ar pesado. O cheiro de combustível misturava-se ao da terra úmida e ao sangue, criando um ambiente sufocante. No meio daquele inferno, Hellen estava caída, inconsciente. Um filete de sangue descia de sua testa, manchando seu rosto pálido. Seu corpo estava inerte, perdido entre os destroços e os cacos de vidro. Mais adiante, Arthur tentava se mover, a dor lhe cortando os sentidos como uma lâmina. Ele estava preso entre dois bancos destruídos, seus braços trêmulos, e a cabeça latejava com uma dor insuportável.

— Hellen... — sua voz saiu fraca, um sussurro desesperado.

— Alguém, ajude! Estamos presos aqui! — A voz de um dos passageiros se ergueu acima do barulho, carregada de medo.

Arthur parou, os olhos semicerrados pela dor, tentando manter o foco. Seus músculos falharam, e ele desabou, ofegante. O caos ao redor continuava, implacável... Do lado de fora, algumas pessoas que conseguiram se libertar dos escombros caminhavam trôpegas, suas roupas rasgadas e corpos cobertos de sangue e poeira. As sirenes se aproximavam, mas para os feridos dentro do ônibus, o tempo parecia congelado.

— A ambulância está a caminho? Precisamos de socorro! — gritou outro passageiro, sangrando na lateral da cabeça, sua voz cheia de urgência.

Arthur, sem forças para continuar, fechou os olhos. O som dos gritos e sirenes parecia distante agora, como se um véu pesado estivesse sendo puxado sobre sua mente. O som das sirenes ficou mais intenso quando as primeiras ambulâncias chegaram ao local, acompanhadas por caminhões de bombeiros. Os faróis cortavam a escuridão do barranco, iluminando o cenário de destruição que se estendia pela estrada sinuosa. Equipes de resgate saíam dos veículos, movendo-se com precisão militar enquanto corriam para salvar vidas.

— Precisamos de mais macas! Vamos organizar os feridos por gravidade! — gritou um bombeiro, sua voz firme cortando o caos.

Os paramédicos trabalhavam freneticamente, examinando os corpos caídos, tentando identificar quem ainda tinha chance de sobreviver. No chão, à beira da estrada, os feridos começavam a se acumular em macas improvisadas, enquanto outros eram atendidos ali mesmo, deitados na calçada, com cortes profundos e membros quebrados. A equipe de bombeiros, com rostos suados e concentrados, usava pinças hidráulicas para cortar as ferragens do ônibus tombado, em um esforço delicado e perigoso para libertar aqueles que ainda estavam presos.

Entre eles, Hellen foi cuidadosamente retirada dos destroços, seus olhos ainda fechados, o rosto sujo de sangue e poeira. Ela foi colocada em uma maca, o corpo inerte, e levada rapidamente para uma ambulância. Seus ferimentos eram graves, mas ela ainda respirava. Arthur, por outro lado, jazia ao lado dos escombros, imóvel. Os paramédicos se ajoelharam ao seu lado, verificando seu pulso, mas o rosto deles carregava a expressão fria da derrota. Ele não mostrava sinais de vida.

Enquanto isso, no alto do barranco, o som familiar de um helicóptero de notícias ecoou no ar. A equipe de uma emissora de TV chegou com rapidez, câmeras em punho, capturando cada detalhe da tragédia que se desenrolava. O repórter, de terno amarrotado pela pressa, começou sua transmissão ao vivo com o semblante sério, os olhos refletindo a gravidade da situação.

— Boa noite. Estamos ao vivo na cena de um grave acidente de ônibus que deixou mais de 25 mortos e 15 feridos. — a voz dele era fria, distante, enquanto o caos continuava atrás dele. — Estamos transmitindo agora no noticiário do LM que as equipes de resgate estão trabalhando duro para salvar os sobreviventes.

A câmera oscilou, capturando as ambulâncias em movimento, bombeiros ainda tentando arrancar os últimos passageiros dos destroços, e os paramédicos correndo de um lado para o outro. Hellen foi carregada para dentro da ambulância, sua respiração fraca e constante, enquanto Arthur continuava deitado, sem sinais de consciência. Os paramédicos ao redor dele já haviam começado os primeiros procedimentos de reanimação, mas o repórter, alheio à tentativa de salvá-lo, prosseguiu com a transmissão.

— Como vocês podem ver agora, alguns dos feridos conseguiram sair do ônibus, enquanto há pessoas inconscientes e algumas pessoas mortas. Nossa equipe acaba de receber a confirmação dos nomes das vítimas fatais, entre elas está Arthur Banksy.

A notícia caiu como uma sentença final, e a imagem se concentrou no rosto devastado de um dos familiares que chegava ao local, as mãos tremendo enquanto recebia a confirmação da morte de seu ente querido. Ao redor, as sirenes e os gritos pareciam diminuir, como se o tempo estivesse se arrastando em câmera lenta. A cena se desfazia lentamente em um borrão de luzes e sons, até que a escuridão tomou conta da tela.

Enquanto isso. A mansão dos Banksy estava mergulhada em um silêncio absoluto, com apenas o sutil farfalhar das cortinas movidas pelo vento noturno quebrando a tranquilidade. No quarto no andar superior, uma mulher dormia profundamente, envolta em lençóis de cetim. Seu rosto, sereno e despreocupado, de repente se contraiu em uma expressão de pavor. Sob suas pálpebras fechadas, os olhos se moviam freneticamente, como se tentassem escapar de algo.

O som de água borbulhando começou a surgir, distante no início, mas rapidamente crescendo, até se tornar ensurdecedor. Ao mesmo tempo, vozes ecoavam, indistintas e estranhas, como se chamassem por ela de um abismo. A mulher que é Cleide, tentava gritar, mas não conseguia. De repente, no meio do pesadelo, a figura de Arthur apareceu, estendendo a mão em sua direção. Ele parecia distante, os braços agitados enquanto tentava alcançá-la, mas a correnteza os separava. O desespero tomou conta de Cleide, o coração batendo forte em seu peito.

— Arthur! Me ajuda! — ela gritava, a voz afogada pelas ondas que a puxavam cada vez mais para o fundo.

Cleide acordou assustada, ofegante como se ainda tentasse escapar do pesadelo. Suas mãos agarravam os lençóis com força, e seu corpo estava coberto de suor frio. Levou alguns segundos para controlar a respiração, o coração martelando em seus ouvidos. Ainda ofegante, ela passou a mão na testa suada, tentando se recompor. O medo ainda estava preso em sua garganta, como um nó.

— Meu Deus! Mas que sonho terrível foi esse? — Cleide sussurrou para si mesma, olhando para as sombras das cortinas que balançavam lentamente. — E por que meu filho Arthur estava nele?

Em seguida, ela se levantou da cama, os pés descalços tocando o chão frio de mármore. Seu corpo ainda tremia levemente, e uma sensação estranha, quase premonitória, a envolvia. Cleide deixou o quarto, o medo no coração ainda mais forte do que antes, como se a sombra do pesadelo estivesse prestes a invadir sua realidade.

O corredor da mansão estava mergulhado em sombras enquanto Cleide caminhava rapidamente em direção à cozinha. Ela entrou na cozinha, iluminada apenas pela luz fraca da lua que atravessava as janelas. Com mãos trêmulas, abriu a geladeira e pegou uma jarra de água. Seus pensamentos eram um redemoinho de medo e confusão, o rosto de Arthur ainda vivo em sua mente. Quando Cleide se virou para a pia, algo mudou. Uma luz branca e intensa preencheu a cozinha de repente, tão forte que ela quase deixou a jarra cair. O brilho era quase insuportável, cegando-a por alguns segundos, até que seus olhos ajustaram-se. E então ela o viu.

Arthur estava ali.

Ele estava de pé, no meio da cozinha, sorrindo. Seu rosto parecia calmo, tranquilo, como se nada do que havia acontecido tivesse qualquer importância. Cleide paralisou. Seu corpo não conseguia se mover, os olhos arregalados pela surpresa e descrença. Ela piscou várias vezes, tentando confirmar se estava acordada ou se ainda estava presa em algum tipo de sonho bizarro.

— Mãe, eu te amo. Já está na hora de eu ir. — a voz de Arthur era suave, familiar, e ressoou profundamente dentro dela.

Cleide sentiu as lágrimas queimando seus olhos. Ela tentou falar, mas por um momento, nenhuma palavra saía. Estava presa entre a alegria de vê-lo e o desespero de perder algo que ela nem sabia que tinha perdido.

— Meu filho, para onde você vai? — ela finalmente conseguiu perguntar, a voz embargada pelo choro que começava a brotar.

Arthur deu alguns passos em direção a ela. O sorriso em seu rosto nunca vacilou, mas à medida que ele se aproximava, um vento frio e sobrenatural invadiu a cozinha. As portas se abriram com estrondos, e as janelas escancararam, deixando o ar gélido invadir o ambiente. O cabelo de Cleide esvoaçava, e ela envolveu os braços ao redor de si mesma, lutando contra o vento e a dor crescente em seu peito.

— Para um lugar onde todos nós vamos quando chega nossa vez! — Arthur respondeu, sua voz ainda calma, como se estivesse apenas aceitando algo inevitável.

— Não vai embora! — Cleide soluçou, as lágrimas correndo livremente por seu rosto. Ela deu um passo à frente, estendendo a mão para tocar o filho, mas ele estava sempre fora de alcance, como uma miragem que se dissipava no ar. — Fica aqui comigo! — ela implorou, a voz falhando em meio ao desespero.

— Não posso. — Arthur parou por um momento. Seus olhos, cheios de amor e compaixão, encontraram os de Cleide. Ele se inclinou para frente e, com um gesto delicado, passou a mão suavemente pelo rosto da mãe, secando uma das lágrimas que desciam por sua bochecha. — Agora eu tenho que seguir o meu caminho. Te amo, Mãe.

Aquele foi o último momento. A luz ao redor de Arthur começou a brilhar com mais intensidade, ofuscando toda a cozinha. Ele se afastava lentamente, sua figura tornando-se indistinta, até que não era mais que um feixe de luz branca que subia e se dissipava nas sombras. Cleide, em completo desespero, deixou a jarra de água escorregar de suas mãos. O vidro se chocou contra o chão, explodindo em mil pedaços, mas ela mal ouviu o som. Seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas, e sua mente não conseguia processar o que acabara de acontecer.

— O que aconteceu com meu filho? — ela sussurrou, sentindo o peso da perda que acabava de ser confirmado. Arthur estava morto, e agora até sua presença fantasmagórica a havia deixado.

A dor no peito era tão intensa que ela mal conseguia respirar. A cozinha escureceu, as luzes ao redor parecendo se apagar enquanto seu corpo cedia à exaustão. Seus joelhos fraquejaram, e antes que ela pudesse lutar contra o desmaio, caiu no chão, desacordada, cercada pelos cacos de vidro.

Um apartamento estava mergulhado em um silêncio tenso, com exceção do som abafado da respiração pesada de Carlos. Ele estava agachado ao lado de Pilar, abanando-a desesperadamente com uma revista, na esperança de que ela acordasse. Após o que pareceram horas, o som da porta se abrindo preencheu o ambiente, quebrando o silêncio pesado. Alessandra entrou, sorridente, o rosto iluminado por uma felicidade que contrastava com o clima sombrio da sala. Ela carregava várias sacolas de compras, animada com seu dia, sem perceber a tensão no ar.

— Mas o que foi que eu perdi? — Alessandra perguntou, surpresa, ao ver sua mãe no chão e Carlos com a expressão abatida.

— Minha filha. — Carlos levantou a cabeça lentamente, seus olhos carregados de exaustão e frustração. — Isso é hora de você chegar em casa? — ele disparou, sua voz cortante e cheia de reprovação.

— Pai —, Alessandra, ainda alheia à gravidade da situação, deu de ombros e sorriu. — Estava na casa do meu noivo. E depois eu fui ao shopping, fiz umas comprinhas e assisti a um filme... nada demais!

— Parabéns, dona Alessandra! — Carlos, já à beira de explodir, começou a bater palmas de maneira sarcástica, seus movimentos tensos e sua voz gotejando ironia. — Sua mãe está tendo um piripaque e você fazendo compras, né?

A frase cortou o ar, e Alessandra ficou imóvel, a confusão estampada em seu rosto. Ela abriu a boca para retrucar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um gemido baixo veio de Pilar. A mulher começou a se mover lentamente, seus olhos piscando enquanto recuperava a consciência. Carlos, agora em pé, observava com um alívio crescente, esperando que ela estivesse bem. Pilar se levantou com dificuldade, o corpo ainda fraco. Seus olhos, no entanto, estavam cheios de uma raiva crescente. Ela olhou diretamente para Carlos, sua voz baixa e cheia de uma fúria controlada.

— O que aconteceu? — ela perguntou, sua expressão firme e exigente.

— Meu bem —, Carlos engoliu em seco, sentindo o peso da pergunta. Ele hesitou por um momento, mas antes que pudesse responder. — Você está melhor? Você passou o dia inteiro apagada!

— Carlos! — Pilar deu mais um passo à frente, sua raiva agora evidente em cada movimento. — Você vai me explicar tim-tim por tim-tim por que estamos falidos?

O impacto da pergunta fez Alessandra congelar no lugar, sua expressão de surpresa se transformando rapidamente em medo. Ela deu alguns passos hesitantes em direção aos pais, as sacolas de compras balançando ao seu lado, quase esquecidas.

— Pelo amor de Deus, tudo que é mais sagrado nessa terra, me fala que isso é mentira! — Alessandra exclamou, sua voz trêmula e cheia de pânico.

Carlos olhou para as duas, o peso do momento tornando cada palavra que ele precisava dizer ainda mais difícil. O olhar em seus olhos era duro, mas também carregado de arrependimento e tristeza. Finalmente, ele soltou a verdade que tanto evitara.

— Eu queria muito que fosse mentira, mas não é. — Carlos fez uma pausa, seu rosto pálido e abatido. — Nós somos pobres agora.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Pilar e Alessandra trocaram olhares incrédulos, como se as palavras de Carlos ainda não fizessem sentido. A realidade da situação demorava a se instalar, mas quando o fez, foi como um golpe no estômago. Pilar se jogou nos braços da filha, e as duas começaram a chorar desesperadamente, suas lágrimas compartilhadas pelo peso da perda. A vida luxuosa que elas conheciam estava desaparecendo diante de seus olhos. Carlos, incapaz de se juntar a elas, ficou parado, observando a cena com um olhar angustiado. O rosto das duas mulheres que ele amava estava desfigurado pela dor e pelo desespero. A sala de estar, antes um símbolo de conforto e riqueza, agora parecia pequena e opressiva, cheia de tristeza. Carlos se afastou, deixando Pilar e Alessandra abraçadas em meio ao caos emocional. Ele se aproximou da janela, o olhar perdido no horizonte noturno, enquanto a escuridão lá fora refletia a escuridão que agora pairava sobre sua família.

A luz suave do abajur lançava sombras tênues pelo quarto de Lorena, que estava sentada na cama, imersa em uma pilha de papéis que exigiam sua atenção. A noite avançava lentamente, e o silêncio da casa era quebrado apenas pelo farfalhar das folhas que ela manuseava, até que passos apressados ecoaram pelo corredor. A porta se abriu bruscamente, revelando André, ofegante e visivelmente abalado.

— Mãe, você não vai acreditar no que saiu agora na internet! — ele exclamou, o rosto marcado por uma expressão de urgência que Lorena raramente via no filho.

— Aí, meu filho, pra que essa correria toda? — perguntou ela, que levantou o olhar das folhas, franzindo a testa diante da agitação repentina.

— É porque, mãe —, eu fiquei sabendo agora mesmo de um assunto muito delicado daquela sua amiga rica! —, a voz trêmula.

— Sim, a Cleide. — Lorena franziu ainda mais o cenho, agora deixando os papéis de lado. Seu corpo ficou tenso, e a preocupação começou a se instalar de maneira mais profunda. — O que é que tem ela?

— Mãe, o filho do meio dela, o que foi embora de casa... ele morreu em um acidente de ônibus.

— Meu Deus, o Arthur morreu! — exclamou ela, a voz quase um sussurro. A incredulidade estava estampada em seu rosto, e seus olhos pareciam brilhar com lágrimas contidas.

André, ainda abalado pela notícia, se aproximou e mostrou o celular para Lorena, onde um site de notícias exibia a manchete trágica. Lorena leu rapidamente, seus olhos correndo pelas palavras duras e definitivas, enquanto sua mão subia involuntariamente para cobrir a boca, em um gesto de puro choque.

— Meu Deus, coitada da minha amiga! — ela repetiu, como se estivesse falando consigo mesma, tentando processar a profundidade da perda.

— Mãe, se você for lá na casa da Cleide, eu quero ir com você. Quero estar perto do Felipe. — disse André, a voz suave, tentando oferecer algum tipo de apoio.

— Amanhã a gente resolve isso. — Lorena respirou fundo, ainda lutando para processar a magnitude da notícia. Seu olhar estava distante, perdido em pensamentos. — Agora vai dormir, e não fale nada para o Felipe. — respondeu ela, com uma voz firme, mas baixa, como se precisasse de tempo para digerir tudo antes de enfrentar a realidade.

André acenou com a cabeça, respeitando o pedido da mãe. Ele deu meia-volta, caminhando devagar em direção à porta. Lorena ficou sentada na cama, os olhos fixos em um ponto distante. Sua mente estava cheia de lembranças de Arthur, de sua amizade com Cleide, e agora da dor insuportável que sua amiga estava prestes a enfrentar. As lágrimas que ela tentava segurar finalmente começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto enquanto o silêncio da noite voltava a envolver o quarto.

...(...)...

O sol da manhã entrava suavemente pelas grandes janelas da mansão dos Banksy, iluminando o ambiente opulento da sala de estar. Felipe descia as escadas lentamente, ainda sentindo o peso do sono em seus ombros, quando um movimento incomum no andar de baixo chamou sua atenção. Ao chegar à sala, ele se deparou com uma cena preocupante: os empregados estavam reunidos em torno de sua mãe, Cleide, abanando-a enquanto ela permanecia desacordada no sofá.

— Mas o que aconteceu? — perguntou Felipe, a preocupação tomando conta de sua voz.

— Hoje de manhã —, uma das empregadas se aproximou dele, com uma expressão séria. — Encontramos a sua mãe desacordada no chão da cozinha.

— Meu Deus —, Felipe arregalou os olhos, surpreso e alarmado. — Eu vou levar ela para o hospital agora mesmo!

No entanto, antes que ele pudesse agir, Cleide começou a se mexer no sofá. Lentamente, abriu os olhos, ainda um pouco desorientada, mas forçou-se a sentar-se. Ela olhou para o filho e balançou a cabeça.

— Não precisa me levar para nenhum canto. Eu já me sinto melhor. — disse, tentando soar firme, mas sua voz estava frágil.

Felipe ainda estava preocupado, mas antes que pudesse insistir, Bruno entrou na sala. Ele mantinha a cabeça baixa, o semblante abatido, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros. Ele trocou um olhar silencioso com a empregada.

— Chame o Albert, por favor. — pediu Bruno, sua voz grave e firme.

Cleide, notando o comportamento estranho do marido, franziu a testa, a preocupação crescendo em seu peito.

— Mas o que está acontecendo? — perguntou, aproximando-se de Bruno.

— É melhor você sentar. — Ele a observou por um momento, com olhos pesados de tristeza, incapaz de esconder a dor que começava a transbordar de dentro dele. — Eu tenho uma péssima notícia.

— O que está acontecendo? — Cleide hesitou, seus olhos ansiosos procurando por alguma pista no rosto de Bruno. — Me fala pelo amor de Deus!

— Arthur... — Bruno respirou fundo, suas mãos tremendo levemente enquanto tentava encontrar as palavras certas. Ele olhou para Cleide, o rosto tomado pela dor. — Ele morreu em um acidente de ônibus.

— Não, não, não... meu filho não. — Cleide chorou, seu corpo pareceu enfraquecer instantaneamente, e ela levou as mãos ao rosto, o desespero tomando conta de cada fibra de seu ser.

— O nosso filho se foi para sempre... — Bruno, que até aquele momento tentava manter o controle, também cedeu à dor. As lágrimas escorriam de seus olhos enquanto ele se ajoelhava ao lado de Cleide, compartilhando o luto imensurável que ambos sentiam.

Felipe, que até então estava em estado de choque, finalmente foi vencido pela tristeza. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto enquanto ele se aproximava dos pais. Ele os observava se abraçarem, chorando juntos, e o desespero de perder um filho e irmão enchia o ambiente. A imagem parecia congelar no tempo, com a dor dos três transbordando de maneira quase palpável. O ambiente ao redor deles parecia escurecer lentamente, como se o mundo estivesse em luto junto com aquela família. O som dos lamentos de Cleide e Bruno ecoava, carregando a tristeza avassaladora enquanto o capítulo se encerrava...

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