Capítulo 18

Saímos da loja e eu parei num banco e me sentei, fazendo Mariana se sentar também.

- Você está bem? - perguntei, olhando pra ela, que respirou fundo, mas não me encarou.

- Sim, não se preocupe. E obrigada por me defender. Além da minha avó, ninguém nunca me defendeu assim. Obrigada de verdade.

- Não precisa agradecer, Mariana. - segurei o queixo dela, fazendo com que me olhasse. - Eu fiz o certo, o que meu coração pediu pra fazer. - digo, sincero. - Você é a mãe da Isy, eu jamais permitiria que qualquer pessoa dissesse o contrário ou te ofendesse.

Ela dá um sorriso desanimado.

- Acredite, eu estou acostumada com esse tipo de situação. - ela esfrega as mãos. - Quando eu levava a Isy ao pediatra ou nas poucas vezes em que tinha uns trocados para fazermos um passeio simples, muitas pessoas me confundiam com a babá, por eu ter a pele morena e ela ser branca. Uma vez uma mulher insinuou que eu tinha sequestrado a Isy. Ainda bem que sempre andei com nossos documentos e pude comprovar que ela é minha filha, mas foi bem difícil a situação.

- Eu fico horrorizada! Em pleno século XXI as pessoas ainda têm esse pensamento racista e tão ofensivo. Sinto muito, Mari. - minha mãe afaga as costas da morena, que dá um leve sorriso. - Eu garanto que de agora em diante nós não vamos mais permitir que você passe por esse tipo de situação sozinha. Agora você tem a nós e os Donartti são conhecidos por protegerem muito bem a família.

- Eu agradeço, dona Sofy. Mas eu não faço parte da família de vocês, a Maria Isis é quem faz.

- Engano seu. - eu digo, acariciando o rosto dela, que tem uma pele tão macia e delicada. - Você e nossa filha fazem parte da nossa família agora.

- Isso mesmo querida! - minha mãe reforça. - Antes de saber da existência da minha neta, eu conheci você, me afeiçoei a você e ter essa gostosura da vovó no pacote foi um presente maravilhoso.- minha mãe beija os cabelinhos da minha filha. - Mas antes de saber que você é a mãe da Isy, eu já tinha decidido em meu coração que te ajudaria e cuidaria de você como uma mãe cuida de uma filha, e isso só se reforçou com a notícia maravilhosa de que você e o meu Nicollas tiveram esse fruto lindo e abençoado que é a nossa pequena Isy.

- Mariana...- digo, carinhoso. - Você e nossa filha são minha prioridade agora. Não interessa o que temos, se vamos estar juntos ou separados, e eu quero deixar bem claro que prefiro o juntos, mas isso nós vamos vendo com o tempo. - ela me olha, desconfiada e minha mãe dá um sorrisinho discreto.- O ponto aqui é: Não vai haver no mundo pessoa capaz de fazer eu mudar minha decisão! Eu decidi e vou proteger e cuidar de vocês duas e esse instinto de proteção é coisa de família, que os homens da família Donartti aprendem desde o berço. Nossas mulheres e filhas pra nós são as joias mais preciosas e delicadas que existem e devem ser cuidadas, amadas, mimadas e protegidas sempre.

- Mas eu não sou sua mulher! - Diz, séria.

- Isso porque você não quer. - dou de ombros e ela estreita os olhos pra mim. - O que? Eu lá sou peão pra gostar de rodeio, mulher?

- Ah, pronto! - minha mãe diz, rindo. - Ferrou, Mari. Quando um Donartti chama de mulher, não tem mais volta. - ela segura a mão da Mariana. - Se prepara minha filha, porque ele vai investir pesado e acredite, vai querer te vencer nem que seja pelo cansaço. - minha mãe me olha. - Mas não dá mole pra ele não! É meu filho? É sim. Eu o amo? Com todas as minhas forças. Mas merece sofrer e arrastar corrente um pouquinho sim, só pra deixar de ser besta!

- Mãe! - falo, indignado.

- Pode deixar, dona Sofy. Eu não sou fácil de mudar de ideia, e nesse momento, embora eu esteja muito grata pela forma como ele me defendeu, isso não muda o fato de que eu prefiro continuar com nossa relação pessoal restrita a sermos apenas pais da Isy. Nada além disso.

Encaro a morena de postura firme e minha mãe, minha própria mãe, apoiando ela. Esse mundo tá perdido minha gente!

Bufo, mas logo o celular da minha mãe toca.

- Oi amor da minha vida...- ela atende, e já sei que é meu pai. - Não...estamos no shopping...uhum...tivemos um problema em uma loja...- ela conta resumidamente ao meu pai o que aconteceu. - Não Aaron...mas amor, a vendedora já deve ter sido demitida, não precisa fechar a loja...eu sei, mas eu já resolvi...sim, o Nicollas também a defendeu...claro, né Aaron, eu sei que a Mari é da nossa família e os homens protegem as mulheres...eu já vi...vou lá comprar amor, não se preocupe...pra Isy e pra Mariana...presente do sogro, hum que chique...tá vovô babão. ..também te amo! - ela se vira de frente pra nós. - Resumo, seu pai ficou muito, muito irritado com o que aconteceu, queria fechar as lojas dessa rede, mas eu consegui contornar, pois acho injusto várias pessoas pagarem pelo erro de uma.- eu e Mariana concordamos. - Maaas, ele quer a cabeça da vendedora afrontosa. - Mariana arregala os olhos e eu e minha mãe rimos. - Calma, minha filha, é só modo de falar. Pois bem, ele vai dar um jeito e eu apoio. Seu pai ficou muito feliz por você ter se comportado como um homem de verdade e ter defendido a Mari. Ah, antes que eu me esqueça Mari. - segura a mão da morena. - Meu marido reforçou o que eu já disse, que você agora tem família, a nossa família, e nós sempre, sempre protegemos uns aos outros. Portanto, agora você e Isy terão segurança particular, sem direito a questionamento, pois isso é para a segurança de vocês. E também terão joias com rastreador. Todas as mulheres da nossa família têm, e com vocês não será diferente,então vamos logo escolher na loja da franquia do Ricardinho e da Sam, que são meus primos e têm as melhores joias separadas à dedo para atender a nossa família e "seu sogro" disse que você deve escolher o que quiser, pois será um presente dele pra vocês.

- Mas dona Sofy, isso é mesmo necessário ?

- Sim, morena, é necessário! - digo, segurando a mão dela e me levantando, puxando ela comigo. - Mãe, me dá a Isy. - pego minha princesinha no colo, que logo sorri. - É muito amor de papai essa neném! - sorrio feito bobo. - Vamos comprar roupas princesa? Um montão de brinquedo? E as coisas pra montar seu quartinho?

- Quarto? Mas ela sempre dormiu comigo, Nicollas! - e agora eu paro e fico absorvendo essa informação...ela me chamou pelo nome?

- Gostei! Quero que me chame só assim à partir de agora.

- Assim como?

- De Nicollas ué?! - ela me olha,sem jeito.- Viu, foi tão natural que você nem percebeu.Mas não precisa ficar vermelha, morena. - me aproximo bem dela, e com o braço livre envolvo sua cintura. - Eu sou paciente, e quando você menos esperar, vai estar me chamando de meu amor. - dou uma piscadinha pra ela, que parece até um tomatinho, e nem preciso dizer que estou doido pra dar uma mordidas nesse tomate😏...

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