Capítulo 17

Shopping, em pleno dia de semana, logo pela manhã? Pra mim isso era algo impensável!

E aqui estou eu, andando pelos corredores, com uma bolsa rosa de bebê no ombro e um sorriso no rosto. O que a gente não faz por amor à um filho, não é mesmo?

- Mariana, você pode pegar tudo, absolutamente tudo o que quiser e gostar. Eu vou pagar! - digo.

- Sr. Blake, eu volto a dizer, só precisamos de um bebê conforto e um carrinho, nada além disso. - ela diz, já irritada.

- Mas e essas roupas? - aponto pra vitrine de uma loja. - Vamos entrar!

Antes que ela possa reclamar, eu seguro em sua mão, ignorando momentaneamente o calor gostoso que percorre meu corpo e envolve meu peito só com esse simples toque. Saio conduzindo ela para dentro da loja.

- Bom dia! Em que posso ajudar? - uma vendedora com um decote um tanto exagerado para estar em uma loja de artigos para bebês vem nos atender.

- Bom dia! Eu quero ver aquelas roupinhas da vitrine. Qual tamanho, Mari? - me viro para a morena, que encara algo atrás de mim, e eu me viro e a vendedora esquadrinha a morena de cima a baixo, parecendo descontente.

- Tamanho 6 meses! - Mariana diz, seca.

- Nossa, a Isy tem 3 meses e já veste tamanho 6?! - olho pra minha filha, que observa tudo curiosa, no colo da mãe. - Filha você é muito precoce,sabia? - faço carinho no pezinho dela, que logo sorri.

- Ela é sua filha? - a vendedora chega mais perto. - Que gracinha! - tenta tocar, mas Mariana se afasta. - Calma, babá! Eu não vou fazer mal à filha do seu patrão. - faz cara de ofendida.

Vejo Mariana fuzilar a mulher com os olhos, e até eu teria medo desse olhar.

- Mari...- seguro o braço dela com carinho.

- Eu quero ir...- ela diz, visivelmente chateada por ter sido confundida com a babá e não a mãe da nossa Isy. - Acho que a Maria Isis precisa descansar. - ela faz menção de sair, mas eu não permito.

- Nós só vamos sair quando comprarmos tudo o que precisamos para a NOSSA FILHA! - olho bem na cara da vendedora, que fica branca feito papel. - Se a senhorita não puder nos atender e trouxer o que pedi, eu posso perfeitamente ir à outra loja.

- Oi...- minha mãe vêm até nós. - Desculpa gente, me distraí olhando uma pulserinha de ouro linda pra princesinha da vovó, não é meu anjinho. - minha mãe estende os braços e a Isy quase se joga no colo dela, que logo a pega e enche de cheirinhos no pescoço. - Mas porquê vocês ainda não compraram nada filho?

- Porque a vendedora passou mais tempo confundindo a Mari com a babá do que nos atendendo.

- Babá?! - minha mãe diz, indignada.- Desde quando minha nora é babá da própria filha? - eu e Mariana encaramos minha mãe...nora? - Mocinha, eu espero que você preste bem atenção nesses rostos. - ela aponta pra nós. - E olhe bem pra esse cartão Black, sem limites..- quase esfregou o cartão na cara da moça. - Você nunca mais verá nenhum deles aqui nessa loja!

- Mas senhora, eu só me confundi, isso é normal...

- Normal porque? Normal pra quem?

- Ora, a criança é tão clarinha, de olhos claros e a suposta mãe...- torce a boca, com desdém.

- Suposta? - pronto, agora dona Sofy desce do salto. - Escuta aqui garota, você não vai ofender nem desmerecer minha nora na minha frente não!

Nessa altura já tinham algumas pessoas olhando e a gerente já tinha chegado.

- Ah, mas que prazer! Sofy Donartti na minha loja! - a gerente vem toda sorridente.

- Pois é, pena que não vou ficar e nem vou comprar nada.

- Mas porquê? O que houve?

- Sua funcionária esqueceu que empatia e respeito são essenciais para lidar com os clientes. E ainda ofendeu minha nora fazendo insinuações que eu, como advogada, poderia claramente enquadrar como racismo. - diz, séria. - Mas não vou me dar ao trabalho de lidar com gente desse tipo que se destrói sozinha.

- Me desculpe. Eu...eu não sabia...eu vou tomar as devidas providências e atender vocês pessoalmente...

- Não será necessário.- digo, segurando a mão da Mariana, que permanecia calada. - Onde minha mulher não é respeitada, eu não piso mais. Vamos amor!

Mariana arregala os olhos e eu sigo pra fora da loja, sem soltar a mão dela. Minha mãe vêm logo atrás, com minha filha no colo.

*Fala sério...Mandei bem pra caramba, né?!

Defendi e ainda chamei de minha mulher*!

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