Capítulo 15

Mariana

Encarava o homem alto, forte, imponente, cheiroso e muito, muito lindo. Mas nem toda a beleza do mundo me fará baixar a guarda.

Eu creio que Deus tem um propósito para todas as coisas, embora eu às vezes não entenda, mas prefiro apenas confiar, pois os planos dEle são maiores que os meus.

Porém nesse momento, eu só quero me certificar de que esse moço não entre demais nas nossas vidas. Parece egoísmo? Sim, eu sei que parece.

Mas eu sou mãe, sempre fui só eu e minha Isy. Nunca precisei de uma figura paterna pra ela. Eu não sou burra, sei bem que faz falta, mas daí eu vou expor meu ponto de vista...

- Sr. Blake, eu posso expor umas coisas? - ele apenas assente. - Se quiser, pode se sentar. A senhora e seu esposo também, dona Sofy. - ela me encara daquele jeito sério por eu ter chamado ela de senhora, mas foi assim que minha avó me educou, então vai demorar um pouquinho pra perder o hábito.

Todos se sentam nas poltrona e o Sr. bonitão senta ao meu lado e fica me encarando.

- Mari, posso segurar minha netinha? - Dona Sofy pede, e eu lá consigo dizer não pra essa mulher? Dou minha pequena nos braços da avó e ela logo faz manha, virando a cabecinha e olhando o pai, com carinha de choro. - Oh, minha neném de vovó, você quer o papai?

O moço bonito logo sorri e prontamente pega minha pequena Isy, que logo fica toda sorridente...menininha sapeca!

- Você quer o papai? Hum? - ele fica todo bobo com minha filha nos braços.

Não posso negar a ligação forte que eles têm. Mesmo tendo se conhecido à poucos minutos, parece que os laços de sangue realmente falam mais alto, e com a Maria Isis e o pai, parece ser esse o caso.

- Bom...- eu começo e o moço bonito logo volta a atenção para mim. - Eu estou muito assustada com tudo isso. Espero sinceramente que me entenda, Sr. Blake. Até poucos minutos atrás éramos somente eu e minha filha e ela só tinha à mim. - ele tenta falar, mas eu ergo a mão, o impedindo. - Por favor, me deixe terminar. - ele respira fundo, mas assente. - Como eu dizia, a Isy só tinha a mim, e agora o Sr. apareceu. Eu não vou negar que a ligação que ela sentiu com o Sr. é forte e bem visível, mas isso não quer dizer nada. Minha filha é apenas um bebê, e eu entendo seu encanto por encontrar uma filha, e sinceramente eu agradeço por não tê-la rejeitado, como eu sei que poderia acontecer. Se quiser fazer parte da vida dela, ok. Eu não posso e nem vou tirar da minha filha o direito de conviver e ter o amor e carinho do pai, mas eu te pergunto. E se esse encanto todo acabar? Se a responsabilidade pesar e o Sr. descobrir que não era exatamente isso o que queria? Eu fui pai e mãe da Isy durante toda a gestação e até o dia de hoje, e acredite, ser responsável por uma criança não é como dar uma volta no shopping. Uma criança requer cuidado, atenção, carinho, respeito, abdicar de coisas com as quais você está acostumado e pensar primeiro no bem estar do seu filho e depois em você. Eu sei bem o que eu quero e o papel que tenho na vida da minha filha, e eu não quero que o Sr. faça parte da vida dela, do dia a dia, da rotina, que faça ela se acostumar com seu contato, sua atencao e presença, e depois descubra que não era isso o que queria, que se enganou e decida se afastar. Porque, me desculpe, mas ser pai requer muito mais do que pagar uma pensão, colocar seu nome num papel e custear a criação. Ser pai é se doar, participar e amar uma criança, e isso qualquer um pode ser e dar. - respiro fundo. - O que eu quero dizer, é que o Sr.pense se realmente quer fazer parte da vida da Isy? Ela é só um bebê, mas como viu, já sentiu uma ligação pelo Sr. E se descobrir que ser pai não é o que queria? Minha filha vai sentir sua ausência, sua falta, e sinceramente eu não desejo isso pra ela. Posso estar parecendo radical? Sim. Mas acredite, eu prefiro cortar qualquer possibilidade desde já do que ver minha filha sofrendo por se sentir rejeitada.

Ele me observa atentamente e parece ponderar tudo o que eu disse.

- Filho, essa moça têm meu respeito! - o marido da dona Sofy diz. - Realmente ser pai vai muito além do que ser provedor.

-Concordo com você, meu bem. - Dona Sofy diz. - Mas, eu e meu marido queremos fazer parte da vida e criação da nossa neta, Mari. Claro, se assim você permitir. - diz, meio receosa.

- Dona Sofy, a senhora foi um anjo que Deus colocou na minha vida e da minha filha. Se a senhora e seu marido aceitarem a responsabilidade afetiva de participar da vida da Isy, de ser presente na criação e dar o amor de avós que ela vai precisar ao longo da vida, eu aceito sim. - digo, sorrindo pra ela. - Quero que me entendam...- olho novamente para o moço bonito, que continua em silêncio. - Eu não quero te negar o direito de ser pai da Isy, só quero te tenha certeza de que quer realmente levar a minha princesinha pra dentro da sua vida e participar do mundinho dela. Se não estiver pronto ou confortável com a ideia, eu vou entender. Mas, se quiser dar uma chance à vocês dois e ter uma relação de pai presente e participativo, eu vou estar aqui pra te ajudar à ser o melhor pai que a minha pequena poderia ter.

Ele me olha e desvia o olhar para nossa pequena, que já começava a cochilar em seu colo.

E eu? Eu estou num misto de medo e ansiedade...

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