Capítulo 12

Acordei às 6 da manhã. Não me senti indisposta e muito menos cansada.

A cama macia e confortável me permitiu ter uma noite de sono maravilhosa e revigorante.

Levantei devagar e observei minha princesinha que dormia profundamente. A noite de sono dela foi tão tranquila que ela só acordou uma única vez pra mamar, mas logo que estava satisfeita, dormiu novamente.

Incrível como um ambiente tranquilo e aconchegante faz tanta diferença no sono de um bebê. Mas acho que ela percebeu que eu estava tranquila e essa calma passou pra ela também.

No lugar onde morávamos era muito úmido, ela vivia com a alergia atacada, e isso a deixava desconfortável, principalmente à noite, quando a temperatura caía muito e mesmo com cobertores eu não conseguia deixá-la totalmente aquecida, pois os buracos que eu tapava na janela sempre passavam um pouco de vento. E eu nunca dormia totalmente tranquila, pois era um bairro bem Barra pesada. Haviam tiroteios com frequência, brigas, pessoas drogadas e gritando na rua quase a noite toda. Também não confiava no dono do prédio. Um homem nojento, que sempre me olhava com desejo e isso me deixava temerosa. Sei lá, vai que ele tentasse entrar na minha quitinete durante a madrugada e fazer algo comigo? Eu ficava sempre alerta à qualquer barulho, por menor que fosse, e assim eu mal dormia.

Mas aqui, com segurança na portaria, uma porta reforçada e a sensação de que eu e minha filha estamos protegidas e suguras, finalmente eu pude ter uma boa noite de sono. Sem falar que dormi alimentada e não precisei acordar durante a noite pra beber água e tapear a fome.

Então, me levanto e vou até o armário enorme que tem no quarto. Ele vai de uma parede à outra e quase até o teto. Tem tantas divisórias, gavetas, cabideiros...

Escolho uma dentre inúmeras roupas que a dona Sofy comprou pra mim ontem e vou direto pro banheiro. Tomo um banho gostoso no chuveiro quentinho e depois passo o hidratante de morango com champanhe que também ganhei.

Visto um roupão e vou até o quarto, onde minha pequena já está acordada, brincando com as mãozinhas na boca.

- Bom dia minha florzinha! - digo e ela logo vira o rostinho pra minha direção e abre aquele sorriso lindo. - Ai que sorriso mais gostoso, mamãe! - digo pegando ela no colo e enchendo de beijinhos. - Hum...acho que alguém precisa de uma banho e trocar essa fralda, né mocinha?

Ela sorri tão gostoso, como se entendesse tudo o que digo.

Levo ela pro banheiro e dou um banho gostoso nela, que sorria o tempo todo, parecendo sentir que estamos numa nova fase e compartilhar da minha felicidade em estarmos bem.

- Vamos colocar um vestidinho bem lindo, porque hoje você vai conhecer o trabalho da mamãe!

Escolho um vestido bem quentinho, um dos poucos que consegui comprar e o mais arrumadinho que ela tem.

- Mamãe promete que assim que receber o primeiro salário vou comprar muitas roupas lindas pra você, porque suas roupas estão ficando pequenas, minha bolinha fofa. - beijo sua barriguinha.

Depois eu a amamento e a deixo na cama enquanto me arrumo e faço uma maquiagem leve.

Coloco a Isy no sofá, escoro ela com as almofadas pra não cair, e vou pra cozinha. Preparo um café reforçado e volto pra sala, me sento ao lado da minha princesinha no sofá e começo a tomar meu café.

Preciso levar a Isy comigo hoje porque não consegui ninguém pra ficar com ela e a dona Sofy me mandou mensagem ontem, antes de eu ir dormir, me avisando que lá na empresa tem uma creche/berçário para as mães que precisam poderem deixar seus filhos. E eu terei intervalos para poder amamentar numa sala reservada. Eu fiquei tão feliz. Vou poder trabalhar e alimentar minha filha, é um sonho.

Quando termino de tomar café, escuto a campainha tocar.

- Estranho, quem será? - questiono, confusa.

Só dona Sofy sabe que eu estou aqui, mas ela não viria me buscar pessoalmente. A Van que leva os funcionários sai daqui uma hora...

A campainha toca novamente e eu me levanto e vou até a porta. Abro, meio receosa, e dou de cara com a dona Sofy, que sorri meio tímida.

Mas antes que eu diga algo, vejo dois homens muito bem vestidos aparecerem ao lado dela.

- Bom dia, querida! - ela diz. - Nos desculpe aparecer assim de repente...

Minha princesinha dá um de seus gritinhos no sofá e dona Sofy alarga o sorriso.

- A pequena Isy já está acordada?

- Sim, ela sempre acorda cedo. - digo.

Eu me sinto confusa, mas o que me deixa incomodada, é quando o homem mais jovem se coloca à frente da dona Sofy e me encara intensamente com um par de olhos verdes que, estranhamente, me parecem familiares...mas onde foi que eu vi?

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