Mariana
- Eu estava há mais de um ano trabalhando numa empresa, e nesse período sempre me chamavam pra sair mas eu recusava porque sabia bem onde essas festas terminavam e eu nunca tinha tido um namorado, sequer tinha beijado um homem antes. Mas nessa noite, seria a comemoração do aniversário de uma das minhas colegas mais próximas, a Denise. Ela era brasileira também e foi através dela que consegui a vaga na empresa, então achei que seria chato eu recusar. Contei para a minha avó sobre a festa e ela me incentivou a sair, conviver com pessoas da minha idade. Eu tinha acabado de completar 19 anos e nunca tinha ido à uma boate, mas nessa noite eu estava até um pouco animada. Passei a tarde me produzindo, comprei roupas novas e até fui ao salão fazer os cabelos. Às 21:00 em ponto a Denise veio me buscar. Ela é morena como eu, mas tem os cabelos estilo black, e é lindíssima e bem desinibida. Ela com seu jeito todo espalhafatoso achou o fim eu estar de calça pra ir à uma boate, mas eu pensei assim, se alguém tentar algo ou eu acabar sentando de mal jeito, mesmo que minhas pernas fiquem meio abertas,não vou mostrar mais do que deveria. - sorri fraco. - Se esse fosse o meu problema....- respirei fundo, buscando as palavras, mas continuei. - Eu cheguei na tal boate e logo a Denise me deu uma máscara rosa com alguns brilhos e me disse que seria tipo um baile de máscaras, mas ela tinha esquecido de me avisar. Bom, até aí tudo bem, os jovens tem dessas coisas, manias esquisitas mesmo. Nós subimos pra área VIP, e eu me permiti aproveitar aquela noite. Eu dancei muito, mas sempre atenta, nunca deixando minha garrafinha d'água na mesa dando sopa. Sempre fui fraca pra bebidas, então preferi ficar só na água mesmo. Até que uma das meninas do RH da empresa disse que iria pedir uma rodada de drinks sem álcool e eu aceitei. O garçom trouxe tudo numa bandeja e entregou uma taça a cada uma de nós, que brindamos e bebemos. Um tempo depois o pessoal resolveu descer para de pista de dança, eu estava me sentindo leve e mais solta, até pensei que talvez o tal drink tivesse algo à ver com meu estado, mas as outras moças que beberam me garantiram que o delas também não tinha álcool, então eu descartei essa possibilidade. Eu cheguei na pista e sentia meu corpo suar e parecia estar em chamas, como se precisasse de algo que eu não sabia o que era. Então decidi ir até o banheiro e lavar o rosto pra ver se aquilo passava, mas acabei esbarrando em alguém no corredor. O homem era bem maior e mais forte que eu e me segurou, impedindo que eu caísse. Mas foi nesse esbarrão que eu vi os olhos verdes tão intensos. Eu nem sei como ou quem começou, mas quando dei por mim eu já estava nos braços de um desconhecido e meu corpo parecia ter encontrado o que precisava. Eu que nunca tinha sequer beijado um homem estava agora aos beijos com um complemento estranho. - respiro fundo novamente, esperando o olhar de julgamento da dona Sofy, mas ela apenas me ouvia sem esboçar nenhuma repulsa ou algo assim, e segura minha mão, me incentivando a continuar. - Bom, eu estava estranha, eu nunca tinha estado com um homem antes, mas nem consegui resistir ou negar quando ele me convidou para sairmos dali, eu simplesmente fui com ele e depois de estarmos aos beijos dentro de um carro, chegamos à um apartamento muito grande. Ele subiu comigo até um quarto e, com as luzes apagadas eu não conseguia enxergar seu rosto. Nós estávamos molhados porque ao sair da boate estava caindo um temporal. Foi tudo muito estranho, mas eu estava gostando, eu não sei como...eu realmente nunca fui dessa maneira, nunca saí por aí me agarrando com qualquer um...- sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto, mas continuo. - Eu e esse rapaz acabamos nos entregando um ao outro. Eu não lembro de muitas coisas, são mais flashs que vêm e vão. Mas me lembro de ele ser carinhoso e me beijar durante todo o tempo. Eu lembro de poucas coisas, mas eu parecia gostar de tê-lo comigo.
- Minha querida, eu...eu nem sei o que dizer. - ela diz, parecendo confusa. - Esse rapaz...ele sabia? Será que...
- Não! - digo, firme. - Eu não acredito que ele sabia e minha avó também pensava assim. Eu era só uma moça que praticamente pulou nele e o agarrou, aceitando sair da balada e ir com ele até seu apartamento. Ele não teria como saber e não é exatamente isso o que os rapazes vão em busca nas baladas? Uma noite quente com uma moça fácil? - digo, triste.
- Não diga isso, Mariana. Você não é uma moça fácil, e eu acredito que você pode ter sido drogada nessa boate. Isso é algo muito sério.
- Eu sei, dona Sofy, mas como vou provar? E também, já se passou tanto tempo, não vale à pena mexer nisso. - respiro fundo novamente. - O que eu não consigo entender é como eu fui engravidar da Maria Isis. Eu lembro de ter acordado bem dolorida no dia seguinte, com uma forte dor de cabeça e na cama de um estranho. Quando entendi o que tinha acontecido eu me desesperei. O rapaz dormia profundamente, mas eu percebi que tanto eu quanto ele continuavamos com as máscaras. Eu só queria sair dali o mais rápido possível, me sentia suja por ter me oferecido pra um homem que eu nem conhecia, me sentia desonrada por ter entregue algo que pra mim era tão valioso à um completo estranho. Mas quando fui pegar minhas roupas eu vi os preservativos no chão, então eu nem pensei em tomar um contraceptivo, e o resultado foi a minha princesinha. - sorrio ao olhar minha princesa, que me olhou e abriu aquele sorriso banguela mais lindo do mundo. - De tudo o que eu passei durante a gestação, de todas as dificuldades quando me vi grávida de 6 meses e totalmente sozinha no mundo quando perdi minha avó, toda a vergonha que senti por ter engravidado nessas circunstâncias, é esse sorriso lindo que eu recebo todas as manhãs que faz tudo valer à pena e me dá forças pra continuar.
Dona Sofy me olha e depois observa minha pequena atentamente.
- Ela tem uns traços seus, mas...
- Ela se parece com o pai. - digo, forçando um sorriso. - Eu não vi o rosto dele totalmente e a pouca luz da boate e a máscara não ajudavam muito, e na manhã seguinte eu estava tão nervosa e envergonhada que só queria sair daquele lugar o mais rápido possível. Eu catei minhas coisas, me vesti e saí de lá correndo.
- Eu nem sei se consigo imaginar o que você passou minha querida. Mas eu quero que saiba que eu agora estou do seu lado. - ela olha minha filha com carinho. - E já me sinto avó dessa pequena princesinha.
- A senhora não vai desistir de me ajudar? - pergunto.
- Querida, primeiro, chega desse história de senhora, por favor. - diz, séria. - E segundo, porque eu desistiria? Você é uma moça de fibra, mesmo tendo engravidado de uma forma diferente e inesperada, você não desistiu da sua filha, pelo contrário, assumiu a responsabilidade e Cuidou dessa pequena colocando as prioridades dela acima das suas. Eu só a admiro ainda mais por isso.
Eu estou realmente emocionada com todo o carinho dessa mulher comigo.
- Mas...desculpe a indiscrição. ..você não lembra de nada, algo que te faça identificar o pai da Isy?
Eu tento me lembrar, mas só me recordo de um detalhe.
- Bom, eu saí correndo do apartamento, então não fiquei olhando muito.. mas tem algo que tanto ele quanto a minha pequena têm. ..
- E o que é? - ela parece curiosa.
- Uma mancha nas costas.Eu lembro de ter visto antes de sair do quarto, quando fui pegar meus sapatos. É uma manchinha que lembra o formato de um coração.
- Um...um coração? - ela engole em seco.
- Sim. Quer ver?
Ela assente e eu levanto um pouco a blusa da minha filha e mostro à ela.
- Minha nossa! - ela põe a mão na boca.
- O que houve dona Sofy? - pergunto. - Dona Alzira, pega um copo d'água por favor.
.
.
.
Sofy
Depois de conhecer a pequena Maria Isis eu senti uma ligação imediata com ela.
Mas depois de ouvir a história de como ela foi concebida e ver a marca em suas costinhas eu tive a confirmação das minhas suspeitas.
Tentei disfarçar da melhor forma, e logo ajudei a Mariana a arrumar as malas dela e da pequena Isy. Paguei o aluguel que estava atrasado, sob protestos da Mari, mas eu quero ver ela e a filha o mais longe possível daquele lugar sinistro.
Depois de deixar as duas no novo apartamento e sentir um aperto no peito ao me separar da pequena Isy, eu fui até um supermercado próximo e comprei várias coisas e pedi pra entregarem no apartamento da Mariana.
Então segui direto pra empresa. Já era final de expediente e eu precisava conversar com meu marido e meus filhos, e o assunto não podia esperar.
Entrei no prédio e subi até a presidência. Eu sou a dona, não preciso bater pra entrar em minha própria sala, que divido com meu marido.
- Aaron...- digo, assim que entro, e sinto meus olhos marejando, o que faz meu marido correr ao meu encontro e me amparar.
- Sofy? Sofy amor....o que aconteceu? Alguém fez algo com você? Amor...
Ele estava desesperado, mas eu só conseguia chorar e chorar...
- Sofy, por Deus.. fala comigo amor...por favor...
- Amor...o Nicollas...- digo entre soluços.
- O que? O que tem ele? Ele fez algo? Te desrespeitou?
- Não.. ele...nós...nós temos ....uma neta...ele tem ...uma filha...
Meu marido me encara e arregala os olhos.
- O Nicollas tem uma filha?!
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Silvia Cristina
Comecei a ler ontem 31/01 2025 e estou gostando muito.
2025-02-01
0
Maria Ruth
Estou começando a ler hoje 18.01.25 estou gostando
2025-01-19
0
Teresa Jordão
me emocionei agora!!!caiu um cisco no meu olho.
2024-12-23
0