Pov. Martin Cooper
O caminho para casa de Miller é extremamente longo e cansativo, me pergunto qual horário ela deve acordar para estar todos os dias antes do horário na empresa, uma parte de mim se sente culpado por ser tão mal-humorado com ela todas as manhãs, a pobre coitada deve levantar mais cedo que o próprio sol para sofrer da minha fúria assim, logo cedo.
Principalmente depois do que soltou na mesa, eu fui um tremendo idiota com ela essa manhã, e pelo jeito estava tendo uma má notícia. Me pergunto o que ela poderia ter que a prejudique assim de tal maneira e ter que se restringir muito e a fazer ficar passando mal por aí.
Outro dia quase desmaiou no escritório, tem restrições alimentares, e eu não me recordo de vê-la tomando algum tipo de bebida alcoólica, nem nas festas de confraternização da empresa.
Desde que entrou no carro ela se mantém calada e olhando pelo vidro a paisagem que passa depressa, aproveito o momento para poder observá-la entre um sinal vermelho e outro.
— O Senhor está muito quieto, isso é estranho, até para você — a sua doce voz invade o carro sob o som baixo da música que mal consigo identificar.
— Eu já disse que não sou ótimo em conversas — comento desviando o olhar rapidamente do trânsito a minha frente para ela que agora mantém os olhos em mim, a cabeça encostada no banco, o rosto completamente virado para o meu lado, estranhamente a sensação de querer acariciar sua bochecha que começa a ficar vermelha me invade, preciso desviar o olhar e aperto as mãos no volante controlando a sensação estranha.
— Você parecia bem à vontade conversando na mesa, aliás, você sempre parece bem à vontade conversando com todo mundo, menos comigo — sua voz sai baixa, mas um tanto quanto acusadora.
Em partes ela pode até ter razão, mas conversar com Evan é bem diferente do que conversar com ela, ele é meu filho, sempre terei assuntos para falar, qualquer coisa vira um assunto interessante entre nós dois.
Das outras vezes que ela me viu conversar até onde me lembro são com investidores, então é obrigatoriamente que sempre tenha algo a dizer, mas com ela, é realmente complicado. Seria até engraçado, imaginar ter algum assunto com ela assim, espontaneamente, é tão diferente.
— Está me cobrando sobre conversar com você? — pergunto, tentando ao máximo não parecer ser grosseiro e não afetar o seu ego que parece estar quebrado hoje.
Miller não me responde, e isso é estranhamente frustrante.
Assim que paro no sinal já próximo a sua casa viro meu rosto para ela, que me olha atenta, seus olhos pequenos me fitam curiosos.
— Achei que eu te tratasse mal, não prefere que eu permaneça em silêncio?
— Às vezes eu prefiro mesmo — responde com petulância, mas não me deixa irritado, pelo ao contrário, sorrio com a sua resposta e novamente aquela vontade de acariciar seu rosto me invade.
— Posso dizer o mesmo — respondo no mesmo tom que ela é assim como a mim ela sorri voltando a olhar para a frente quando o sinal abre e eu sigo virando a próxima esquina.
— É ali, a direita, a casa amarela — diz apontando para uma pequena casa entre dois muros altos, para o carro no pequeno espaço que seria para sua vaga de carros e olho o pequeno lugar.
As paredes, poucas, diga-se de passagem, amarelo-creme terrível, um minúsculo portão branco que mal passaria o meu carro por ali, é fechado de fora afora, duvido que entre alguma luz nesse espaço, fico me imaginando como deve ser lá dentro, se é tão chamativo quando aqui por fora, e os móveis? Tão pequenos quanto a casa?
— Assume, você a amou!! — ela sorri para mim debochada assim que meus olhos encontram os seus.
Amar? Seria uma palavra fora do meu vocabulário e muito menos fora do que realmente achei desse lugar.
— Miller... — começo a dizer, seus olhos atentos em cima de mim, eu fico a olhando segurando o sorriso que ameaça sair pela sua dedução, como eu posso amar essa casa tão estranha? — sabe, você é estranha — falo para ela que instantaneamente se explode em riso, uma risada alta que faz o meu sorriso brotar sem o meu controle em seguida.
Aliás, ultimamente isso vem acontecendo com frequência, não o meu sorriso que também é um fato recorrente, mas sim a minha perca de controle quando ela age assim, estranha.
— Eu sei, ela é muito feia né — comenta virando o rosto para a casa, vejo seus ombros se encolherem e um suspiro logo em seguida, se virando para mim depois — eu amo ela, mesmo sendo feia, é minha, não de ninguém mais, minha — diz orgulhosa de si, e eu acabo tendo o mesmo sentimento, orgulhoso dessa mulher que me surpreende a cada minuto que passamos juntos — eu convidaria o Senhor para entrar, mas acho que já passamos muito tempo juntos, é perigoso dar um choque — brinca me fazendo revirar os olhos.
— Está cheia das gracinhas — falo e destravo o carro — nos vemos na segunda, obrigada pela companhia.
Ela sorri para mim, um lindo sorriso que me tira o ar por alguns segundos, novamente as maçãs do seu rosto ganham um rosado bonito, preciso controlar meus dedos que sentem uma vontade tremenda de tocá-la bem ali.
— Obrigada pelo convite, nos vemos na segunda — diz e aperta os lábios parecendo esperar por algo, vejo seu peito subir e descer devagar com a respiração, deito a cabeça para o lado observando enquanto ela corre os olhos pelo meu rosto e sorrio.
— Memorizando? — zombo.
— Sim, não sei quando Deus vai me abençoar com o Senhor de bom humor novamente — fala zombando da minha cara e sorri novamente saindo do carro me deixando aqui igual um idiota olhando para ela que some do portão para dentro.
A volta até a minha casa não chega nem perto do quanto divertida e intrigante foi o pequeno trajeto do restaurante até a casa dela, da pequena e linda víbora que está me fazendo perder a noção de algumas coisas ultimamente.
Como em tão pouco tempo Miller decide mudar assim comigo de uma hora para outra? Ela é intrigante e se não fosse minha assistente a tanto tempo seria a presa perfeita para me fazer esquecer os problemas.
Eu tento de todas as maneiras possíveis parar de pensar em Melanie Miller desde que cheguei em casa, ainda resolvi algumas coisas em meu escritório antes de subir e tomar um banho a fim de me distrair mais, porém por mais que eu tente, seu sorriso e as bochechas rosadas não saem da minha mente, é como se tudo se voltasse para ela, o desejo de tocá-la, de fazê-la sorrir de novo, me consome aos poucos até me pegar sentado em meu sofá procurando na internet que tipo de doença poderia causar tantas restrições alimentares.
Obviamente achei coisas terríveis que me fizeram instantaneamente jogar o celular para a poltrona ao meu lado, respiro fundo e passo as mãos pelo rosto, preciso realmente me distrair, então a ideia de ficar em casa, hoje, não vai mais estar em meus planos, eu preciso de algo mais forte para me distrair, eu preciso ir na Desaire e é exatamente isso que faço.
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Neuza Silva
ansiosa para ver o primeiro beijo deles
2024-11-16
4
Fatima Vieira
quanta demora
2024-10-04
2
Maria Aparecida Nascimento
Eles vão se encontrar na boate
2024-09-28
0