CAP. 12

Eu os sigo logo em seguida, mesmo sem olhar para trás cinto a tensão emanando do corpo atrás de mim, que, anda bem colado ao meu sem necessidade, como se estivesse marcando um território inexistente, ou melhor, um território que não é dele.

O lugar realmente vale cada centavo, a estrutura é completamente diferente de que qualquer restaurante que eu já fui, assim que passamos pela pequena recepção adentramos para um lugar completamente mágico, o grande salão cheio de mesas é aberto e extremamente claro, o teto de vidro cobre todo o ambiente e eu me imagino como seria mágico comer aqui a noite, literalmente sob a luz das estrelas.

Nas laterais há algumas videiras caindo sob alguns pilares, nela a pequenas flores rosas, tão pequenas e delicadas que deixam o lugar um pouco mais aconchegante do que já é, tento decifrar qual flor seria, mas não me lembro de nada parecido, corro os olhos pelo lugar praticamente lotado, mas mesmo assim não tira a beleza de Belmont.

— Você parece ter gostado daqui a — Senhor Cooper comenta apenas para que eu possa ouvir enquanto puxa a cadeira para que eu me sente, e assim faço.

— Sim, realmente, muito — sorrio correndo os olhos pelo local de novo observando e memorizando cada detalhe, até porque talvez seja a primeira e última vez que eu consiga entrar em um lugar tão lindo e luxuoso quanto a esse.

— São as flores de ameixa — diz sorrindo enquanto se senta ao meu lado e Evan e Isabella se acomodam em seus lugares parecendo conversarem entre si, da mesma maneira que nós dois fazemos.

— Senhor conhece flores?

— Rebeca era apaixonada por flores de ameixa — comenta desviando o olhar do meu, a sua voz falha um pouco assim que diz o nome da sua esposa falecida.

— Ela tinha um bom gosto — comento sorrindo esperando pelo seu olhar que vem logo em seguida, assim que batem no meu é como uma onda de calor que me faz puxar o ar com mais vontade que o necessário.

Não demorou muito para sermos atendidos, todos pediram com tanta classe seus pratos que eu me senti tão constrangida em pedir o que menos poderia me causar problemas, passar mal aqui no meio do restaurante não seria uma opção, não agora.

A conversa entre os três na mesa começa a embargar, o assunto preferido de Isabella, o casamento, ela conta alguns detalhes da cerimônia que será realidade no quintal do Senhor Cooper, ele no caso, não parece estar muito feliz com isso, é possível ver pela sua carranca a cada vez que ela menciona o quanto terá que mexer em seu jardim para poder colocar as coisas do casamento.

Aproveito o momento de distração de todos e confiro meu celular, há inúmeras mensagens de Carolina, me pergunto como ela não chamou a polícia para mim ainda, decido ignorar as mensagens e apenas envio.

(Melanie) - "Você não vai acreditar onde eu estou"

Não demorou muito para a sua resposta chegar.

(Carolina) - "Eu espero que no céu, porque é para lá que você vai quando eu te matar por me deixar assim, sem uma resposta por tanto tempo"

(Melanie) - "Estou almoçando com os Cooper's e Isabella, que, aliás é realmente linda"

Fico encarando a tela do celular, o digitando aparece e apaga de baixo da foto dela algumas vezes, sorrio com sua reação, posso imaginar ela totalmente frenética em sua cadeira de trabalho, tentando entender tudo o que está acontecendo.

(Carolina) - "Como assim? Almoçando com o Diabo?"

(Melanie) - "Hoje ele não está totalmente o senhor do inferno, está mais para quase..."

(Carolina) - "Eu preciso de detalhes, TODOS"

(Melanie) - "Hoje, na Desaire, ok?"

(Carolina) - "😈"

Riu baixo com o emoticon que me envia e bloqueio o celular enfiando o mesmo dentro da bolsa, assim que subo meu olhar para a mesa percebo par de olhos claros me fitando de perto, muito perto.

— Olhar o celular alheio é falta de educação — respondo baixo me ajeitando na cadeira enquanto a atendente traz os pratos de comida.

— Ficar no celular durante o almoço também — responde rapidamente desviando os olhos de mim e começa a se arrumar para comer.

Eu olho meu singelo prato de comida, mas com tantos talheres em volta dele, que mal consigo raciocinar qual seria o que eu teria que usar, passo a língua pelos lábios sentindo o nervosismo me consumir, respiro fundo e tento me direcionar o que seria a melhor escolha até dois dedos longos assumirem minha frente indicando o

talher ideal.

Levanto o olhar para ele e sorrio um pouco sem jeito.

— Obrigada — sussurro sentindo as maçãs do rosto começando a ficar quentes, Senhor Cooper sorri para mim de volta me deixando ainda mais envergonhada e apenas acena com a cabeça.

— Eu gostaria muito de ter o seu apetite — Isabella comenta um pouco depois que começamos a comer, eu sorrio para ela ciente que o pequeno comentário foi especificamente para mim — é sério, depois que engravidei o que mais faço é comer.

— Ao contrário de você eu gostaria muito de ter essa liberdade de comer — comento e sinto os olhos do Senhor Cooper presos em mim, completamente entretido pela minha resposta, assim como todos na mesa, mesmo que eu não queria entrar em detalhes sinto que ninguém vai falar nada enquanto não continuar, então faço — eu não

posso comer de tudo devido a um problema de saúde, infelizmente, mas nada que não posso controlar depois que estiver tudo em ordem.

— Qual problema de saúde? — Senhor Cooper pergunta ao meu lado se inclinando sob a mesa procurando

meu olhar.

— Nada com que devam se preocupar — respondo sorrindo desviando o olhar para ele rapidamente a ponto de ver seus olhos curiosos em cima de mim, depois volto a olhar para Isabella que nos observa — só preciso começar o tratamento direito, aí já posso ter uma vida razoavelmente normal.

— Mas você já está em tratamento? — Evan pergunta dando uma garfada em sua comida, algo em seu olhar me faz entender que ele sabe, Carolina.

— Ainda não — respondo dando de ombros e desviando o olhar, tomando atenção em meu prato e desejando aos céus que esse assunto simplesmente evapore.

— Por quê? — novamente Evan insiste e eu volto a olhar para ele, ignorando que seu pai está me fitando, posso sentir seus olhos praticamente queimando minha pele me deixando ainda mais constrangida.

— Porque eu fiquei sabendo hoje qual seria o melhor tratamento, fui ao médico hoje de manhã — respondo tentando ser o mais breve possível, desvio o olhar rapidamente de Evan para Senhor Cooper que continua me fitando, seu olhar é escuro e o maxilar travado.

— Eu sinto muito por isso — Isabella diz chamando minha atenção, volto a olhar para ele que me encara tentando ser simpática e reconfortante, sorrio brevemente em resposta ao seu olhar sincero — espero que passe tudo logo.

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