CAP. 11

Como sempre eu me meto nas piores enrascadas que a vida pode me dar, como se já não bastasse tudo o que passei a semana toda, a discussão com meu chefe ao pequeno constrangimento quando ele me pegou o observando... para fechar com chave de ouro estou eu, aqui sentada ao lado dele, novamente em seu carro, para ir almoçar, mas dessa vez não estamos de carona com o seu motorista ou como eu gosto de chamar, mais um dos seus escravos, ele dirige dessa vez e um lado meu acha isso estranhamente sexy.

Posso sentir a tensão vindo do seu corpo, desde que saímos não há uma palavra se quer, nada, apenas a carranca no rosto e as mãos apertadas no volante por vezes.

Me pergunto o que pode estar se passando pela sua cabeça diabólica nesse momento, se deve estar amaldiçoando o próprio filho por meter ele dentro do carro comigo, ou quem sabe tentando entender o porquê de eu ter aceitado.

— Você realmente queria ir almoçar com a gente? — Senhor Cooper pergunta quebrando o silêncio chato entre nós.

Bingo!

Ele com toda certeza estava se lamentando por eu estar aqui.

— Eu acredito que qualquer coisa que eu falasse Evan iria achar uma solução — respondo sem olhar para ele, seus olhos estão fixos na paisagem que passa rápido pela janela — mas e você, tudo bem eu ir junto? — pergunto para ele agora virando o rosto para poder fitá-lo e esperando desvendar alguma vez a sua carranca chata.

Senhor Cooper corre os olhos para mim rapidamente, as sobrancelhas juntas, depois volta a olhar para frente apertando os dedos no volante.

— Eu não vejo problema em te ter junto — responde e aperta os lábios enquanto começa a estacionar o carro.

Mentiroso!

— O Senhor não liga mesmo de eu estar aqui? Sério?

Ele para o carro em silêncio, sem me olhar, mas eu só espero encarando-o até finalmente desligar o carro e se virar para mim repentinamente, o que me faz ir um pouco para trás, as sobrancelhas dele se levantam e novamente aquele sorriso em seus lábios.

— Por que eu ligaria? Ultimamente estou gostando da sua companhia — diz me deixando boquiaberta e então ele se vai saindo do carro rapidamente.

— E eu odiando cada vez mais — resmungo baixo enquanto saiu do veículo e bato a porta em seguida com mais força do que o necessário, escuto o reclamar dele baixo, mas não o encaro apenas sorrio satisfeita.

Em partes essa é uma grande mentira, eu não estou odiando a companhia dele, estou até achando agradável e confesso que sinto até um pouco mais de vontade de ficar com ele ao meu lado.

Assim que dou a volta no carro consigo perceber onde realmente estamos, meu estomago se contrai, mas não de fome, sim, preocupação.

Restaurante Belmont, um dos lugares mais caros da cidade, a comida deve ser feita de ouro só pelo valor estabelecido em cada prato, coloco a mão sob o estômago quando se aperta de novo.

— Tudo isso é fome? — brinca olhando para mim de canto enquanto me aproximo.

— Não — respondo constrangida, fitando ele que dá um sorriso de lado e continua.

— Não se preocupe, eu pago — seu olhos me transmite calma, puxo o ar com vontade e ele sorri ainda

mais me fazendo sorrir de volta instantaneamente — exceto se você queira fazer isso por mim — brinca.

Fico encarando seu rosto, seu lindo sorriso e me pergunto mentalmente quando foi a última vez que ele brincou comigo e chego a incrível conclusão que nunca, isso é estranho, até para ele, mas é incrivelmente bom.

— Só se meu chefe aumentar meu salário — zombo da sua cara e um som estranho me faz paralisar, até eu poder decifrar de onde, e vem dele, Senhor Cooper solta uma risada, baixa, mas é uma risada, meu Deus esse homem sabe fazer isso? — você pode fazer isso de novo? Não sei quando vou poder ouvir novamente.

Vejo seu sorriso desaparecendo enquanto revira os olhos e a carranca volta a tomar conta da sua face, eu sorrio satisfeita por tê-lo de volta, pode parecer estranho, mas prefiro ele carrancudo, para mais o Senhor Cooper que eu conheço, o outro lado dele ainda é um terrível mistério.

Evan desce do carro finalmente e dá a volta no mesmo enquanto eu e Senhor Cooper estamos parados próximos apenas olhando pequena cena romântica.

Evan abre a porta do carona como um perfeito cavalheiro, acho que posso ouvir o bufar do seu pai atrás de mim, mas não ouso olhar, a linda moça morena desce do carro.

Isabella, linda, morena e alta, quase no mesmo tamanho que Evan e olha que ela está sem salto, ao invés disso usa um tênis, as pernas compridas cobertas pela calça social solta em seu quadril, uma blusa amarela mostarda chamativa demais, os cabelos preto soltos batendo em seus ombros, tão lisos que eu imagino que nada poderia

prender esses fios.

Os dois se aproximam de nós dois sorrindo um para o outro, perfeitamente apaixonados, seria lindo de ver se não estivesse me dando enjoos pela felicidade alheia.

— Senhor Cooper — Isabella cumprimenta meu chefe que estende a mão atrás de mim, ela sorri para ele lindamente, mas ele ainda mantém a carranca, não posso aguentar e reviro os olhos pela sua falta de simpatia — você deve ser Melanie, certo?

— Eu mesma — sorrio tentando parecer simpática por mim e pelo sem educação do sogro da pobre coitada, estendo a mão pegando a dela que sorri para mim um tanto sem jeito — é um prazer te conhecer.

— O prazer é todo meu — solta minha mão ainda sorrindo — Evan fala muito de você e da sua amiga, Carolina, fez questão de fazer convites para vocês para o casamento.

— Evan chega a ser inconveniente de tão insistente às vezes — Senhor Cooper finalmente abre a boca atrás de mim, sua voz grossa faz minha pele arrepiar, é tamanha grosseria que eu não sei de onde ele tira tanta baboseira.

— Chega de falar de mim, vamos entrar — Evan diz mudando de assunto, um tanto desconfortável enquanto indica a entrada do estabelecimento para Isabella, que segue sem reclamar.