CAP. 10

Caminho até a sua mesa quieta depois disso, nós dois seguimos repassando a agenda e mais alguns itens que estavam pendentes, o clima ficou muito estranho do nada, sem sorrisos, sem brincadeiras, sem grosserias ou palavras baixas, Senhor Cooper estava extremamente educado, até demais, porém evita olhar em meus olhos o que me incomodou de imediato.

Houve um pequeno momento que ele estava tão concentrado em seu computador, procurando por um arquivo que precisávamos que me peguei prestando atenção em mais do que deveria, os olhos dele tão claros, azul limpo, rodando rapidamente pela tela do computador, o maxilar ainda travado apoiado sob uma das mãos, seu dedo indicador passando pelos lábios e barba delicadamente, meus olhos conferem cada parte, é como um parque de diversões, todos os detalhes estranhamente me agradam, até os fios brancos perdidos pela sua face.

O seu dedo acaricia seu lábio de um lado para o outro, enquanto meus olhos estão fixos ali como uma tentação absurda, me pergunto qual seria a sensação se fizesse isso comigo, em meus lábios, seu dedo rodando para lá e para cá, ou melhor, qual seria a sensação da sua boca tocando a minha.

Minha cabeça me envia imagens que só acontecem aqui, enquanto meu corpo responde a cada imaginação errada, sinto meus lábios entreabertos perdidos em seu movimento, mas é quando subo o olhar e encontro as águas cristalinas me encarando e tudo parece ficar pior.

Uma corrente de energia corre pelo meu corpo, da ponta do meu pé até o couro cabeludo, instantaneamente sinto as maçãs do rosto começarem a pegar fogo, os lábios abaixo do dedo sorriem parecendo brevemente satisfeito com a minha reação.

Uma batida alta, ecoa pela sala silenciosa que me faz pular na cadeira saindo completamente do transe que ele me mantém, puxo o ar com força e engulo em seco, mas Senhor Cooper ainda me encara por alguns segundos antes de subir o olhar para quem está atrás de mim.

— Posso te ajudar em algo filho?

Eu me ajeito na cadeira desconfortável, ainda sinto meu rosto pegando fogo e por Deus evito a todo custo virar meu rosto para Evan que agora está ao meu lado, com toda certeza me olhando, posso sentir seus olhos presos em mim, me fazendo ferver ainda mais.

— Vim te chamar para almoçar — diz, a sua sombra ao meu lado que eu ainda evito olhar —mas não sabia que estava ocupado, é que já passou das 13:00hrs.

Merda!

Confiro o relógio no pulso rapidamente, realmente já são quase 13:30, eu me esqueci completamente de Carolina, ela deve estar preocupada, mas que droga!

— Nós já estamos terminando e eu já vou com você, acredito que Miller também esteja com fome, já passou do seu horário — diz se dirigindo a mim, subo o olhar do chão para ele, que me encara sério.

— Sim — é a única coisa que consigo responder.

— Carolina já saiu para almoço, acho que vai ter que ir sozinha — Senhor Cooper conclui, mas antes que eu pudesse ao menos questionar ou ele falar alguma coisa Evan é mais rápido.

— Almoce com a gente — Evan diz se dirigindo a mim, eu olho para Senhor Cooper rapidamente que me encara sem dizer uma palavra e depois volto para Evan.

— Não sei se é uma boa ideia — porque realmente não é.

— Porque não seria? — pergunta curioso.

Como posso explicar?

Por que eu tenho restrições alimentares? Porque eu fiquei tão obcecada em olhar o seu pai essa manhã que mal consigo encará-lo por mais de alguns segundos?

As palavras fugiram e eu só consigo ficar olhando para Evan que aguarda uma resposta.

— Miller traz sua própria comida — Senhor Cooper responde em meu lugar após perceber o momento um tanto constrangedor.

— Na verdade... hoje eu não trouxe — respondo rapidamente no automático e o encaro, ele me fita curioso e seus olhos se apertam em cima de mim, parecendo tentar me entender.

— Então está resolvido, vem almoçar com a gente — Evan responde confiante — vou te apresentar Isabella - toca em meu ombro levemente chamando minha atenção.