CAP. 8

Pov. Melanie Miller

Essa semana com toda certeza foi a pior em anos, eu nunca imaginaria que em alguns dias eu poderia ficar tão exausta desta maneira, tanto mentalmente quanto fisicamente, meu corpo está pedindo socorro e eu sei exatamente o porquê.

Como se já não bastasse o pequeno incidente na segunda com o Senhor Polaki, ainda me senti mal, com queda de glicose quase no final do outro dia, passando a maior vergonha da minha vida na frente do meu chefe.

Falando no Diabo, ele está diferente, me enviou mensagens a noite no mesmo dia me perguntando se eu estava bem e se iria trabalhar no outro dia, eu me pergunto se era preocupação com a minha saúde mesmo ou se estava interessado em procurar alguém para me substituir.

Confesso que o Senhor Cooper me surpreendeu nos últimos dias, principalmente pelo fato de ter socado Senhor Polaki pelo ocorrido, ele não me contou é obviou, mas Evan contou a Carolina que posteriormente correu para me contar, a partir de então ela me enche o saco todo santo dia dizendo que ele me quer, o que chega a ser cômico se não fosse triste, como alguém pode querer alguém e tratar mal do jeito que ele me trata?

Isso não deveria me incomodar, ou me fazer perder o sono, mas ultimamente é o que anda acontecendo, eu mal consigo me concentrar pensando nisso, fora que não consigo nem olhar mais na cara dele sem pensar besteira.

O bip do telefone em minha bolsa me faz sair do meu devaneio, dessa vez eu confiro a tela do celular, uma nova mensagem de Carolina, pela milésima vez só está manhã.

(Carolina) - "Já foi atendida?"

(Melanie) - "A resposta ainda é a mesma de cinco minutos atrás... estou esperando"

(Carolina) - "Está convivendo demais com seu chefe, a grosseria é contagiante"

Reviro os olhos lendo sua mensagem e suspiro.

(Melanie) - "Desculpe, só estou nervosa demais"

(Carolina) - "Vamos torcer para ter melhorado, não piorado, seja positiva"

(Melanie) - "Estou tentando"

Respondo e enfio o celular de novo dentro da bolsa assim que começa a vibrar com o nome do meu ilustre chefe estampado no visor, uma nova chamada, das inúmeras que já ligou.

Eu o avisei, após passar mal e ir parar no hospital, não tive escolha, eu precisava dessa consulta a tempos, sei que é o último dia da semana e normalmente é mais corrido que os outros dias, mas eu precisava pelo menos uma vez na vida me colocar em primeiro lugar.

Aguardo na recepção do consultório do Doutor Bruno Garcia, minhas pernas cruzadas estão tremendo freneticamente de ansiedade e eu não consigo mais controlar, aperto os dedos tão firmes em meu colo praticamente brancos, fixo meus olhos na televisão presa na parede, mas sinceramente eu não estou prestando atenção em nada, obviamente, minha mente viaja em tanta informação.

— Senhorita Miller — a recepcionista me chama e eu levanto em um pulo — Doutor te espera na sala dele.

Concordo com a cabeça e passo por ela seguindo pelo corredor na lateral, a sala aberta no final dele é o que ilumina parcialmente o mesmo sem ventilação alguma, parece que quanto mais eu me aproximo pior ficam meus batimentos cardíacos, já que meu coração parece que a qualquer momento vai saltar pela boca.

— Melanie! — Doutor exclama assim que atravesso a porta, um sorriso lindo estampado em seu rosto faz com que eu me acalme, parcialmente — achei que tinha se esquecido que precisa vir aqui regularmente.

— Me desculpe, eu ando sem tempo — fico sem jeito, na verdade, não é tempo, sim, dinheiro.

— Eu entendo — sorri para mim e indica a cadeira a sua frente — por favor, sente-se, vamos conversar sobre os seus exames — concordo com a cabeça sentindo as mãos suando, respiro fundo e me sento encarando Doutor que ainda sorri para mim, mas não é um sorriso simpático, sim, de compaixão, algo me diz que não estou nada bem — bom Melanie, infelizmente devido ao seu longo período sem acompanhamento seu grado se agravou um pouco, vamos precisar de novos exames e é mais provavelmente que precise de aplicações diárias do medicamento.

Suas palavras caem para mim como um baque pesado em meu estômago, sinto o mesmo se embrulhar o choro ficar preso na garganta, a última coisa que eu precisava nesse momento era uma notícia ruim, e essa é muito, muito ruim.