Pov. Martin Cooper
Chego na empresa bem antes do que estou acostumado, tudo aqui parece mais quieto do que já é normalmente, respiro fundo e encaro meus dedos da mão direita com leves cortes e um pouco vermelhos depois da minha conversa com Augustos Polaki, só de pensar no que ele fez com a minha assistente já sinto meu sangue começar a ferver.
Eu sempre fui fã de uma boa putaria, de qualquer coisa que nos coloque em risco, parece ser mais excitante, mas abusar de alguém sem que ela esteja ciente e de acordo, isso não é legal.
Miller ficou terrivelmente chateada na tarde de ontem depois do ocorrido, e não é para menos, ela tem todo o direito de se sentir dessa maneira e eu tive todo o meu direito em ir defendê-la, não por ser ela, eu faria isso por qualquer outra mulher, esse tipo de coisa não é certo.
Me surpreendo que Augustus Polaki com toda sua idade ainda não tenha aprendido que isso é completamente errado, eu, em todos os meus 45 anos nunca ultrapassei o limite com alguém, pelo menos não que eu saiba.
As portas do elevador se abrem em um baixo ruído, assumo a carranca de sempre assim que piso fora do mesmo, eu odeio esse andar, tudo aqui me lembra Rebeca, desde o piso até a decoração, absolutamente tudo!
Minha linda e adorável esposa, me ajudou a erguer a empresa do zero, em todos os detalhes, tem um pouco dela, mas esse andar em especial, era o nosso andar, nosso canto, nosso escritório, respiro fundo parado no meio do corredor encarando o lugar ainda apagado, a imagem de Evan correndo ainda pequeno por esses corredores me vem à cabeça, principalmente quando posso vê-la, nitidamente em minha frente, correndo atrás dele com seus cabelos ruivos encaracolados esvoaçando, quase posso ouvir sua risada alta, meu peito se aperta.
— Sinto sua falta — sussurro tão baixo que até eu acho que não saiu nada.
Desde que ela se foi, desde o maldito acidente de carro, é como se eu tivesse um buraco enorme no peito que cresce cada dia mais.
Suspiro jogando a dor de lado como sempre faço desde que ela partiu, a alguns anos atrás, deixando o louco do meu filho em meus cuidados.
Sigo para o meu escritório, a mesa da Senhorita Miller vazia, é estranho chegar aqui e ela não estar, Miller sempre chega antes de mim, antes do seu próprio horário e eu como sempre adoro irritá-la assim, logo cedo.
Os minutos parecem passar devagar, parece que quanto mais trabalho mais coisas tenho para fazer, mais ainda o tempo demora a passar, levanto os olhos por cima dos óculos para a porta aberta a fim de conferir que ela já tenha chegado, mas nada, nem a sombra, confiro as horas no relógio em meu pulso, 08:00, Miller nunca se atrasa.
Uma parte minha se preocupa, temo que ela tenha se sentido tão mal ontem pelo ocorrido que nos deixe, isso seria terrível, arrumar outra pessoa que me aguente da maneira que ela aguenta, e principalmente pela sua eficiência, são três anos de convivência, ela me conhece apenas pelo meu jeito de olhar, é notável, assim da mesma maneira que eu a conheço, apenas pelas reviradas de olhos e bufadas que significa que está a poucos segundos de me mandar para o inferno.
Em poucos segundos escuto o tilintar dos saltos pelo corredor, mais rápidos do que o necessário e eu já sei quem é, balanço a cabeça rindo baixo, tiro meus óculos e encaro a porta a ponto de vê-la passando correndo indo direto para sua mesa, escuto algumas coisas sendo jogadas dentro do armário e algumas caindo, um pequeno palavrão e então ela está parada na porta.
— Bom dia Senhor — diz um tanto ofegante.
Corro meus olhos por ela apenas para garantir que esteja intacta, e também porque eu gosto da maneira que ela se veste, cada dia me surpreende mais, hoje ela usa um vestido justo ao seu corpo em vinho, não tem decote e nem é curto, um pouco abaixo dos joelhos, salto muito bem escolhido nos pés, o cabelo como sempre preso em um rabo que normalmente bate quase no meio de suas costas, meus olhos encontram os seus, ela me encara cautelosamente, eu tento sorrir para ela, mas algo me prende, ao invés disso suspiro.
— Atrasada — repreendo apenas para não perder o costume, as suas bochechas começam a ficar rosadas como sempre ficam e eu estranhamente gosto disso, me encosto na cadeira cruzando os dedos sob o peito - sente-se, vamos repassar a agenda.
Vejo seu peito subir e descer com a respirada funda, como se criasse coragem para pisar em minha sala e passar um tempo comigo, é o mesmo que fez ontem antes de entrar no carro.
Miller entra na sala pisando com cautela enquanto eu acompanho seus passos calmamente, ela se senta na cadeira em minha frente abrindo a agenda em seguida, como todos os dias, se perdendo em inúmeros papéis, eu apenas espero e espero, até que ela esteja completamente certa do que está fazendo.
Assim que ela termina de se arrumar, eu volto a me encostar na mesa, apoiando as mãos sob a mesma, seus olhos rapidamente vão para minha mão que está machucada, é possível ver quando eles ficam maiores que o normal e me encara rapidamente.
— Como você está se sentindo? — pergunto rapidamente para ela antes que possa me encher de perguntas.
— Eu me sinto melhor hoje — diz desviando os olhos de mim e foleando a agenda como se precisasse se distrair.
— Eu achei que não iria vir hoje — assumo.
Ela sobe os olhos, são ternos, um leve sorriso me acalma, sorrio de volta para ela e novamente as maçãs do rosto começam a ficar vermelhas.
— Senhor, eu gostaria de me desculpar por ontem — começa a tagarelar estragando o instante de paz entre nós dois, mas eu só consigo apreciar o quanto ela está ficando corada aqui em minha frente, estranhamente imagino o quanto sua pele na bunda deve ficar vermelha apenas com um tapa, engulo em seco com o pensamento e volto a me concentrar nela - eu exagerei, me desculpe, não vai mais acontecer.
Não sei nesse momento o que me deixa mais irritado, se é o fato de lembrar o que o Augustus fez com ela ou dela se culpar por algo que não tem culpa nenhuma.
— Você errou ontem Miller — ela fica mais vermelha ainda e baixa o olhar para suas próprias mãos em seu colo, respiro fundo e aperto os lábios tentando amenizar o tom em minha voz que às vezes sai mais rude do que o necessário — você devia ter me falado antes o que estava acontecendo, não ter esperado a reunião terminar, isso não é legal, não é certo, eu não admito esse tipo de comportamento vindo da parte dele, nunca mais faça isso, não me deixe de fora se acontecer de novo.
Seus olhos levantam e encontram os meus, estão marejados, eu quero poder levantar daqui e abraçá-la, mas ao invés disso engulo em seco apertando os lábios e mantendo meu maxilar travado me segurando para não fazer a mesma coisas que Augustus fez ontem.
— Obrigada pro me entender — diz baixo e respira fundo como se estivesse empurrando toda a tristeza e constrangimento goela abaixo.
Deixo um sorriso leve escapar e ela faz o mesmo, como se fossemos ligados, um lindo sorriso em seus lábios vermelhos.
— Me diz, o que eu tenho para hoje — falo voltando ao trabalho e desviando os olhos do dela dolorosamente.
Nós ficamos repassando a agenda e alguns documentos por quase a manhã toda, como sempre não saímos da faixa do serviço, não como ontem, onde entramos em assunto um tanto quanto pessoais, Miller saiu da sala apenas para poder tomar água, eu até ofereci a que fica dentro da minha sala, mas ela insistiu que precisava da sua, ela tem umas manias estranhas, como sua água, sua comida, mas, o importante é ser eficiente.
Após deixarmos tudo alinhado Miller voltou para sua mesa um pouco antes do seu horário de almoço, e assim como se costume quando deu o horário a tela do meu computador piscou com a sua mensagem.
Melanie Miller - Estou saindo para almoço, o Senhor precisa de mais alguma coisa?
Rapidamente digito a resposta.
Martin Cooper - Não.
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Gloria Lima
Foi bem merecido a surra que deu naquele nojento!
2024-10-13
5
Fatima Vieira
ela nem percebeu q ele machucou a mão por ela
2024-10-04
0
Maria Aparecida Nascimento
Com a mão machucada foi a surra que ele deu no escroto que desrespeitou a sua assistente
2024-09-27
2