CAP. 4

A reunião segue como planejado, pelo menos é que o aparenta, Senhor Cooper que era para estar ao meu lado, mas devido à constante insistência de Augustus para que eu me sentasse ao seu lado agora está em minha frente, ele discute alguns termos do contrato para aquisição dos produtos da Polaki, mas em nenhum momento seus olhos encontram os meus, o que eu agradeço até sentir uma mão espalmada em minha coxa, por cima do tecido da calça.

Augustus conversa com o pessoal na sala questionando e gesticulando com a mão livre enquanto a outra está espalmada em minha coxa, eu estou presa, em meu próprio corpo, nunca tinha passado por isso, nunca ninguém me tocou sem que eu permitisse, a sensação de nojo me invade, eu quero gritar com ele e socar o seu rosto ao mesmo tempo, mas a única coisa que eu consigo fazer é ficar completamente imóvel e totalmente sem jeito com a situação.

Meus olhos começam a ficar marejados, principalmente quando sua mão sob e desce pela minha perna, pisco diversas vezes espantando o choro preso na garganta para longe e então ele aperta minha coxa que me faz pular na cadeira ficando de pé em segundos, todos os olhos estão em mim, inclusive aqueles que eu tanto temia, completamente emanando irritação.

— Precisa de alguma coisa Miller? — Senhor Cooper pergunta tentando parecer cordial, mas sua voz que eu conheço tão bem emiti mais que isso, ele está irritado, completamente irritado.

Eu abro a boca algumas vezes, mas as palavras simplesmente sumiram, sinto o choro preso querendo explodir, meu peito apertado, principalmente com todos aqueles olhos curiosos me encarando.

— Me desculpe — falo tão baixo que eu não tenho certeza se todos puderam me ouvir.

— Sente-se — ordena indicando a cadeira na sua frente com a cabeça.

Em minha mente eu já gritei e dei um soco bem-dado no Senhor Polaki, mas a realidade é completamente outra, apenas baixo a cabeça e me sento ao lado dele novamente e não demora muito para sua mão aparecer de novo em minha coxa.

Durante toda a reunião eu fui assediada, a mão dele brincava em minha coxa, por mais que eu me mexesse ou empurrasse sua mão para longe discretamente, ela voltava ali, mais firme, apertando minha pele cada vez mais.

Assim que a reunião terminou eu levantei, parecia que eu tinha corrido uma maratona, meu corpo estava cansado, minha mente estava detonada, eu estava acabada, não pela reunião, mas por tudo o que passei nessas horas, eu só queria poder sair daqui correndo e se possível nunca mais voltar.

— Foi um prazer fazer negócios com o Senhor — meu chefe estica a mão cumprimentando o Senhor Polaki, eu me encolho no canto a alguns passos atrás, os olhos de Augustus me fitam e ele tem sorriso malicioso nos lábios que me dá náuseas.

— O prazer foi todo meu, você tem sorte de ter uma assistente tão linda assim Cooper — conclui e eu quero vomitar.

Meu chefe vira o rosto para mim, seus olhos pela primeira vez depois que chegamos aqui encontram os meus, ele me fita por alguns segundos e depois volta a olhar para Augustus.

— Miller é muito eficiente — conclui por fim.

Eu não sei o que mais me enjoa, se é Augustus Polaki me assediando ou Martin Cooper tirando totalmente minha beleza do jogo e falando apenas do meu profissionalismo, isso não deveria me preocupar, ou me deixar dessa maneira, mas hoje, em especial, me sinto nada mais que eu pacote de lixo.

É o ápice para mim, respiro fundo e saiu da sala de reuniões pisando duro, não me importo com mais nada, nem com o emprego de merda que eu tenho, pela primeira vez eu desejo finalmente estar em meu descanso eterno, pelo menos não precisaria aguentar pessoas como Cooper e Polaki para me manter viva.

Paro na frente do elevador e aperto o botão com mais força do que necessário, escuto o bip deste subindo os andares devagar, cruzo meus braços como se estivesse me abraçando e deixo uma lagrima escorrer pelo canto molhando minha pele, escuto ao longe os passos precisos que se aproxima e então rapidamente enxugo o rosto, segundo depois ele está ao meu lado.

— Você está irritada — afirma.

Não soa como uma pergunta, viro o rosto para ele que está me fitando com cautela, segura o meu olhar, aperto os braços com mais força em meu corpo e suspiro desviando.

— Você é linda Miller, eu não preciso te dizer isso, não é?

Eu não acredito que esse idiota está falando isso para mim?

Ele realmente acha que fiquei irritada por isso? Quer dizer, eu fiquei incomoda, mas não me importo se ele me acha feia ou bonita, só me importa ser competente para ter o meu trabalho. Agora ser assediada, isso, sim, é motivo de sobra para ter toda a minha irritação.

— Ah por favor, não me enche — respondo grossa e totalmente sem pensar.

— É melhor você medir as palavras Miller.

— Jura gênio? — respondo irritada me virando de frente para ele, que se mantém no mesmo lugar, seus olhos fervem em cima de mim e eu acho que se ele pudesse ter me mandado para qualquer lugar — eu fui assediada, estou irritada, obviamente — resmungo sentindo o tom da minha voz mais ardido e irritante, o elevador se abre na nossa frente ele indica para que eu entre.

— Te dizer que é linda não é assedio, é? — pergunta confuso apertando o botão do térreo com as portas se fechando na nossa frente.

— Porque vocês homens acham que as mulheres sempre querem sair com vocês? — começo a tagarelar, Cooper fica na minha frente de costas para porta e me encarando — quer dizer, que brincadeira idiota, falar que eu estou como sua assistente e você tem sorte por eu ser linda? Mas que merda! Você tem sorte por eu ser eficiente e ótima no que faço! Eu estudei muito para isso, eu aguento muita coisa por dia e sou reconhecida pela minha beleza? Que se dane minha beleza! — explodo em palavras e gestos com as mãos enquanto Martin se mantém fixo como uma pedra em minha frente.

— Miller...

— Não, sem Miller dessa vez, olha, eu te respeito muito como meu chefe, mas você me trouxe aqui hoje como um prêmio, não como sua assistente competente que te ajuda a resolver problemas diariamente, foi porque o babaca ficou encantado comigo, isso foi muito ruim Senhor — desabafo sentindo os olhos começando a ficar marejados, mas eu não poderia e nem queria dar esse gostinho para ele, eu não poderia mostrar que sou realmente como todos dizem, mulheres são frágeis e só sabem chorar, eu não quero ser esse tipo de pessoa.

— Eu não te trouxe aqui como um troféu — afirma ficando irritado, sua voz se eleva e eu dou um passo para trás encostando na parede do elevador atrás de mim — de onde tirou essa merda? Eu acabei de dizer que você é eficiente!

— Jura? Então me trouxe por quê? O senhor nunca me traz a reuniões e me trouxe para essa somente porque o Polaki exigia minha presença! E para quê? Para ficar passando a mão me mim durante a porra da reunião? — a minha voz explode entro do elevador, as lagrimas escorrendo depressa sem controle pelo canto dos meus olhos, meu peito sob e desce depressa com a respiração pesada, não tão diferente da dele.

Senhor Cooper me encara, seu peito assim como o meu sob e desce, os olhos claros parecem estar em fúria, quase que um vermelho que fervem ardentemente, o maxilar travado.

Eu vou ser mandada embora, certeza.

— Ele o quê? — a voz se eleva e como se crescesse mais dez centímetros quando seu corpo se levanta ficando ereto totalmente, e então as portas do elevador se abrem para o térreo da empresa.

— Diz como se não tivesse visto — resmungo enxugando as lagrimas do rosto depressa, passo por ele empurrando seu corpo levemente para o lado que sai sem reclamar, saiu do elevador pisando duro pelo salão da recepção, com a irritação tomando conta totalmente de mim.

Paro a alguns passando quando percebo que ele não está atrás de mim, me viro para poder vê-lo parado na porta do elevador, como se estivesse se concentrando em algo, as portas tentam fechar mais o sensor detecta seu corpo e volta a se abrir, Martin não olha para mim, ele se mantém com o olhar fixo no chão e após parecer uma eternidade me encara.

Merda!

— Peça para o motorista te levar, nos vemos amanhã — é a última coisa que me diz e então entra no elevador que se fecha em seguida.

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