A Suposta Companheira do Alfa

PONTO DE VISTA DE MAIA WILLIAN

No interior da casa, eu recebi a atenção e os cuidados do meu pai.

Após aferir a minha pressão e verificar os meus batimentos cardíacos mais uma vez, pois já fez tudo isso na delegacia, ele falou:

— Maia, aparentemente não há nada errado com o seu físico, mas provavelmente tem a ver com o gasto de energia ao ter as visões.

— Pai, foi muito estranho. Muito mesmo. Parecia observar a vida do Noah numa enorme tela. O que está acontecendo comigo?

— Talvez tenha a ver com o suposto presente que bruxa disse que lhe daria...

— Que presente horrível! De péssimo gosto, isso sim.

— É uma suposição, mas...

— Parece não ter outra explicação, certo? Será que a partir de agora, terei que ter cuidado quando uma pessoa encostar em mim?

— Não sei, querida. Podemos fazer alguns testes, mas será em outro momento. Ainda está fraca e pálida.

Levantei devagar e fui até a janela.

— O que foi? — O meu pai perguntou.

— Desde que saímos da delegacia, estávamos sendo seguidos.

— Por uma caminhonete. — Respondeu de imediato.

— Então, também percebeu?

Ele assentiu.

— Eu acho que era o seu amigo Cauã.

— Meu amigo? Não sabia que era irônico, também, Dr. Willian.

Ele sorriu.

— Ele está desconfiado de mim. — Comentei.

— Desconfiado como?

— Cauã perguntou a Noah se eu já tive cabelos prateados e olhos claros.

— Maia!

— Não se preocupe! Acho que que ele não quer me fazer mal.

— Todo cuidado é pouco. Será que ele sabe que todo o poder que ele tem pertencia a você?

— Não sei. O pai dele ou o Grandão pode ter contado. — Eu disse e suspirei.

— Se ele está desconfiado, vai testá-la até descobrir a verdade.

— Eu também pensei sobre está possibilidade. Terei que redobrar a minha atenção.

Joe ficou pensativo.

— O que foi? — Perguntei ao vê-lo cabisbaixo.

— Estou aqui pensando se o Cauã herdou a índole do Blackwood. Se assim for, ele pode estar se sentindo ameaçado por estar viva.

— No passado ele era um covarde, mentiroso, mas não parecia ser como o pai dele.

— De qualquer forma, tenha muito cuidado.

— Eu terei.

Por volta das 16h, retornei ao trabalho após sentir completamente bem.

Quando adentrei ao prédio, Killa, Shaw e Noah vieram até mim.

— Deveria ter permanecido em casa. — Noah repreendeu-me como um irmão mais velho.

Apesar dele ser lindo, nós dois nos considerávamos como irmãos. Quando estávamos no exército quem nos via juntos sempre perguntava se éramos gêmeos. Não que fôssemos parecidos fisicamente, mas pela cor dos cabelos e dos olhos.

— Não aguentei de saudades de vocês. — Brinquei.

— Até parece ser verdade. — Shaw disse.

— Larga de ser chato, Shaw. O importante é que a delegada Maia está bem. — Killa falou.

— Estou ótima! Foi só uma queda de pressão, problema recorrente da vida humana.

— Ainda bem que não temos essa fragilidade. — Shaw agitou.

— Nem queira. É horrível, sentir-me mais frágil do que já sou... Agora, vamos voltar ao trabalho. Aconteceu algo diferente na minha ausência?

— O Alfa Cauã Blackwood pediu para avisar que amanhã passará aqui para conversarem. — Shaw deu o recado.

— Ele falou do que se tratava? — Perguntei, apesar de saber muito bem que ele queria me testar.

— Não. Mas ele parecia muito interessado no que acontecia hoje pela manhã quando passou mal.

— Como assim? — Noah perguntou e olhou para mim em seguida.

— Quando impedi a sua entrada, ele, claramente, estava usando o seu poder da audição para ouvir o que falavam quando Joe veio buscá-la.

— Entendi. Vamos aguardar o que ele tem a dizer... Embora, trabalhar. Façam a ronda, hoje, ficarei aqui na delegacia. — Falei.

Algo me dizia que o rei dos vampiros apareceria. Um dos presos na noite anterior, era o seu braço direito.

— Eu também. — Noah enfatizou.

Kylla e Shaw saíram, eu e Noah fomos para a minha sala que ficava bem em frente ao balcão de informações da entrada, agora vazio, pois, restaram só nós dois.

— Você realmente está melhor? — Noah perguntou.

— Estou bem melhor! Mas, confesso que a minha energia ainda não está 100%.

— Eu sabia. Algo me dizia que deveria estar em casa descansando. Se o rei dos vampiros aparecer já não éramos páreos para ele de qualquer maneira.

— Desse jeito, você me desanima. Eu achando que o meu amigo galã daria uma surra nele. TSC-TSC-TSC! — Brinquei fazendo barulho com a língua como reprovação.

— Quem me dera! Bem que você podia conseguir a voltar a ser como antes. Seríamos uma dupla imbatível. — Disse e piscou com um dos olhos.

Começamos a rir.

— Maia, como você passou mal tem algo que não te contei sobre a conversa com o Alfa Cauã.

— Então, diz.

— Espere um minuto.

Noah saiu da sala, foi até a rua e voltou.

— Não tem nenhum lobisomem por perto.

Olhei para ele desconfiada, peguei um copo com água e comecei a beber, esperando que contasse o que não foi dito.

— Aquele Alfa parece acreditar que você é a suposta companheira dele que nunca foi encontrada.

A surpresa foi tanta que cuspi toda a água que estava na minha boca em todos os documentos dispostos sobre a mesa e para completar, engasguei.

Comecei a tossir e ao conseguir respirar, falei com um pouco de dificuldade:

— Você ouviu isso da boca dele?

— Não com todas as letras, mas antes dele falar sobre a cor dos seus cabelos, perguntei-lhe se a pessoa que procurava era a mesma que ele buscava há anos, a sua companheira. Ele disse que talvez fosse.

Dei uma crise de risada, não conseguia parar. No bar foi improvisado, agora era de nervoso.

Após um tempo, parei. Noah apenas esboçou um sorriso.

— Imagina se isso fosse verdade!? Eles, o antigo Alfa e o avô de Cauã, destruiram a própria felicidade do filho e neto, pois jamais poderíamos ficar juntos. — Falei e comecei a rir novamente.

— E se ele se tornasse um Renegado, você o aceitaria?

— Noah, que conversa é essa, sem chances.

Conversamos mais um pouco e cada um foi realizar as suas rotinas.

Eram 20h quando o ar no ambiente mudou e o cheiro de um vampiro impregnou o lugar. Desta vez era um aroma muito mais forte que o da espécie.

Noah veio até mim no mesmo instante. Quando ele chegou na porta da minha sala, o intruso já estava dentro dela, olhando-me fixamente pelas minhas costas.

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