Observando Maia

PONTO DE VISTA DE CAUÃ

Há alguns dias fiquei sabendo de uma delegada jovem humana que conhecia sobre o mundo natural.

O meu coração dizia que poderia ser Sakari. Não perdi tempo e chamei Wally para me acompanhar, pois Jake tinha ido atrás de outra pista do paradeiro dela.

A cidadezinha Mystic Land era longe do nosso território, porém eu precisava conferir. 

Quando chegamos à cidade passamos pela delegacia, porém a Delegada não estava e só voltaria no dia seguinte.

À noite resolvemos ir até o bar mais badalado da cidade e descobrir mais informações sobre ela.

Pouco tempo depois de nos sentar, ouvimos o dono do bar dizer sobre mais uma rodada de bebidas para a mesa da delegada. 

Uma mulher humana de cabelos pretos e longos assentiu com a cabeça, lançou um lindo sorriso para o homem.

Não sei o motivo, mas não gostei daquele sorriso direcionado a outro macho e o meu coração acelerou.

Sei das regras e proibições do nosso mundo, mas aquela humana mexeu comigo desde o primeiro momento.

— Cauã, parece que você quer devorar aquela mulher.

"Devorar? Eu queria devorá-la no bom sentido, isso sim." — Pensei, porém, fiquei incrédulo com o meu próprio pensamento.

"Que absurdo! Estou ficando louco?" — Outro pensamento surgiu.

— Cauã, por que está tão pensativo?

De repente, algo passou pela minha cabeça.

— Wally, depois de tudo que lhe contei, você acha que essa mulher poderia ser a Sakari? 

— Sinceramente, não sei. Não me lembro do rosto dela. 

— Eu também não me lembro bem. E aqueles imprestáveis dos Hathaway não tinham nenhuma foto dela. 

— Os cabelos da Sakari eram prateados e ela tinha olhos azuis, essa mulher é o oposto. 

— Eu sei, mas no mundo humano, eles têm diversas formas de mudar a aparência, não tão bem quanto a um metamorfo, mas conseguem mudar um pouco. Ela está de blusa de gola alta e jaqueta, não dá para saber se tem a tatuagem que Jake comentou.

— Isso é verdade. E ela tem um Renegado ao seu lado, você sentiu o cheiro dele, certo? 

— Sim. Foi o primeiro que identifiquei quando entramos neste lugar. Havia mais dois deles na delegacia.

Wally assentiu.

— Acredito que ela só saiba do mundo sobrenatural por causa deles. Talvez seja amante de um deles, credo! — Fez cara de nojo.

Nessa hora, eu queria pegar no pescoço dele e exigir que nunca mais dissesse aquilo. 

"Eu estou com ciúmes de uma humana? Não pode ser. Isso é um absurdo! Uma pessoa que acabei de ver pela primeira vez... Estou louco ou ela é realmente Sakari e o nosso vínculo ainda existe?" — Pensei revoltado.

Quando estava em luta com os meus pensamentos, senti o cheiro de uma vampira. Em seguida, olhei para a Delegada. Ela e o Renegado levantaram na mesma hora. Talvez Wally tivesse razão.

A mulher imponente conversou com a vampira sem qualquer receio e com a minha audição de lobisomem, eu ouvi a rápida conversa entre elas enquanto estavam perto do balcão..

Depois, elas foram para um canto distante. 

O barulho das pessoas à volta aumentaram, ficando difícil ouvi-las claramente.

Vi o Renegado sozinho, encarando as duas, pronto para atacar se algo acontecesse com a mulher. Fiz o mesmo.

Fui me aproximando e parei ao lado dele. 

— Renegado!

— Alfa Cauã! A que devo a honra para falar comigo?

Ele falou sem olhar na minha direção, porém, continuava olhando para o canto, onde as duas mulheres conversavam.

— Que bom que sabe quem sou! Você conhece a Delegada há muito tempo? 

— Há quase quatro anos? Por quê? 

— Foi você quem lhe informou sobre o mundo sobrenatural? 

— Por que? Vai me castigar? 

— Não. Só estou curioso, assim como todo mundo. 

O Renegado suspirou e disse: 

— Não fui eu. Quando nos conhecemos, ela já sabia o que eu era. Ela apenas tem o dom. 

— Dom? Não acredito que seja esse o motivo… Quando você a conheceu ela já tinha esta aparência? 

— Como assim, essa aparência? 

— Quero saber se ela sempre teve cabelos pretos.

Ele olhou bem para mim e depois disse:

— A delegada Maia deveria ter outra cor de cabelos? 

— Maia!? Esse é o nome dela? 

— Sim. Maia Willian e aquele homem de camisa preta na nossa mesa é o seu pai. 

Ele apontou com a cabeça para onde o homem estava.

— Interessante! Sabe se por acaso ela já teve cabelos prateados e olhos azuis? 

— Não sei. — O Renegado respondeu rápido e firme.

— Já conheceu outra mulher com essas características?

Ele virou o pescoço e olhou para mim rapidamente. Parecia confuso. 

— Por quê? Está procurando essa pessoa? É uma humana ou uma lobisomem?

— Sim, estou procurando. E há muitos anos... Só preciso que me diga se conhece ou conheceu alguém com essa discrição. — Disse e continuei observando-o.

— Desculpe-me, Alfa. Mas todo o mundo sobrenatural sabe que você procura a sua companheira. E essa fêmea que procura é ela?

— Talvez seja. 

— Posso saber como ela desapareceu? Pelo jeito já a conhecia e sabia do vínculo, antes dela sumir… Como poderia procurar a sua companheira através da aparência física e não pelo olfato?

— Não precisa saber sobre o motivo do seu desaparecimento, quanto ao vínculo, é outra história. Já viu alguém assim ou não?

— No mundo humano, há muitas mulheres assim. Já vi muitas delas. Quanto ao sobrenatural, não me lembro. — O Renegado disse e saiu. 

A vampira se afastava e a morena voltava para a sua mesa.

Eles trocaram olhares e acenos de cabeça, sentaram-se.

Maia olhou para mim e sussurrou no ouvido do Renegado.

O meu lobo interior se agitou. 

Respirei fundo algumas vezes para acalmá-lo.

Eu não tinha certeza, mas independente da mulher ser Sakari ou não, ela era diferente e especial para deixar o meu ser sobrenatural não tão inquieto e o meu coração também.

Após mais duas rodadas de bebidas na mesa da Delegada, o grupo se levantou para ir embora.

Enquanto conversavam e se despediam, levantei e fui para o lado de fora do bar. Fiquei na lateral que dava acesso a um beco, vi as pessoas se dispersando, inclusive o grupo da delegada.

O Renegado acompanhou a outra mulher na sua moto. 

Maia colocou o capacete e subiu em outra moto, assim como o seu pai montou na dele. 

De repente, cinco vampiros rodearam os dois. Não havia ninguém mais nas ruas. 

Se para nós, lobisomens, não era fácil lidar com vampiros, imagina uma humana…

Quando dei um passo à frente, Wally que nem havia percebido quando se aproximou, segurou no meu braço. 

— Não! Vamos observar primeiro. — Ele me impediu.

Escutei quando Maia calmamente tirou o capacete e disse: 

— Fala sério! Vocês realmente querem fazer isso aqui na frente de todos? Estão querendo conhecer as minhas famosas celas?

Um vampiro avançou.

Ela jogou o capacete nele e falou.

— Droga! O meu capacete era novo.

Com um único movimento mobilizou o primeiro. O seu pai, o segundo e o terceiro. Maia deu mais alguns golpes e os outros dois ficaram imóveis no chão quando olhei de novo. Ela era muito rápida, assim como o homem ao seu lado. Eles lutavam artes marciais, já havia visto filmes humanos que retrataram esses golpes, porém parecia ter outros movimentos de outras lutas, como se fosse uma adaptação ao estilo do oponente.

— Ela é muito rápida e inteligente. Usou como algemas, coroas interligadas de espinhos para prendê-los. São poucos os seres que conhecem essa arma contra vampiros, geralmente só os europeus. Além das estacas, cruzes e água benta dos humanos, fogo, os espinhos não são suportados por eles, principalmente banhados em água benta ou veneno… — Não terminei de falar quando ouvimos Maia dizer:

— Se não querem se machucar, não forcem as algemas, estão banhadas com veneno de lobisomem.

Olhei para Wally e ele para mim. Levantei as sobrancelhas e fiz um movimento de cabeça como se dissesse: viu como eu estava certo?

— Não é à toa que o mundo sobrenatural está incomodado com a presença dela. — Wally comentou.

Maia pegou o celular e fez uma ligação:

— Mande duas viaturas agora para o bar Encontros.

Cinco minutos depois, as viaturas com os dois outros Renegados apareceram e levaram todos eles. 

— Levem-os para as celas especiais. — Ela ordenou.

Ela os acompanhou de moto, seguida pelo pai.

Naquele início de madrugada, tomei a decisão que poderia mudar minha vida, resolvi ficar alguns dias a mais na cidade e convoquei Jake para ir até lá.

" Maia, você é ou não a Sakari?" — Pensei.

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Comments

Vanda Belem

Vanda Belem

Vai ficar de quatro de novo alfa.

2024-04-08

1

Angela Valentim Amv

Angela Valentim Amv

Estou louca pra saber qual é o presente que a bruxa deu pra ela .

2024-03-17

6

Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

MAIA QUESTÃO E VC E OU NÃO LOBISOMEM. KKKKK

2024-01-23

6

Ver todos
Capítulos
1 O Castigo
2 O Teste
3 A Busca
4 A Suposta Companheira
5 A Atrocidade
6 Verdade Parcial
7 Nova Identidade
8 O Cargo de Delegada
9 Reencontro
10 Observando Maia
11 Quem é Você de Verdade
12 A Casa de Maia
13 A Suposta Companheira do Alfa
14 O Rei Dos Vampiros
15 Esperança
16 O Lobo
17 Visitantes
18 Cauã X Vlad
19 Outra Visão
20 Emoções de Cauã
21 Conselho de Amigo
22 Branca Como Papel
23 Submetam-se
24 Novidades para Maia
25 Meu Irmão
26 Pedido de Perdão
27 Quase Te Chamei de Papai
28 Invasão de Privacidade
29 Presente de Aniversário
30 Agradecimentos Feitos Pessoalmente
31 Conversa a Sós
32 O Beijo
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34 A Aberração
35 Dádiva E Não Maldição
36 Especulações ou Certezas
37 Não Seja Um Lobo Mau
38 É Ela
39 Talvez Fosse Uma Despedida
40 O Medo de Maia
41 A Chegada de Lucena
42 Difícil Esconder Algo
43 Arquitentando Um Plano
44 Procrastinação e Descuido
45 Permissão do Supremo
46 Início do Plano
47 Ouvindo Rumores
48 Encontrando o Supremo
49 Ainda Tem Dúvida
50 Visita Rápida
51 O Grande Dia
52 Insegurança
53 Plano Concluído
54 Assunto Pendente
55 Ameaça do Supremo
56 Julgamento: Parte I – Os bruxos
57 Julgamento: Parte II — Sakari Vive
58 Julgamento: Parte III — O Filho
59 Julgamento: Parte IV – Verdades Expostas
60 Nova Voz do Oráculo
61 Final do Julgamento
62 Segunda Chance
63 A Nova Era
Capítulos

Atualizado até capítulo 63

1
O Castigo
2
O Teste
3
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4
A Suposta Companheira
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Verdade Parcial
7
Nova Identidade
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O Cargo de Delegada
9
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Observando Maia
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A Casa de Maia
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A Suposta Companheira do Alfa
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