capítulo 18

Wat estava deitado na maca do hospital, ainda inconsciente, com a respiração pesada e o rosto úmido de suor. As bochechas coradas denunciavam a febre persistente. Seus lábios entreabertos murmuravam um nome como um mantra: Kim... Kim...

Alex segurava firme o celular enquanto Kim, do outro lado da tela, assistia à cena com os olhos marejados. A imagem do seu noivo naquele estado despedaçava seu coração a cada segundo.

— Alex... o que houve com ele?, perguntou Kim com a voz embargada, o rosto trêmulo tentando manter a compostura.

— Ele… ele desabou, Boss. Não suportou sua partida. Chorou tanto que entrou em crise, teve febre alta. Está sedado agora, mas só repete seu nome. — respondeu Alex, baixando os olhos, sentindo-se culpado por não ter evitado aquilo.

Kim apertou o celular contra o peito por um instante, tentando conter a dor que o invadia como um vendaval. Depois voltou a olhar para a tela. Seus olhos tremiam, desesperados.

— Me mostre ele de novo, por favor...

Alex aproximou o celular da maca. Wat dormia como uma criança machucada. O Boss tocou a tela como se, com isso, pudesse acariciar o rosto do seu amor.

— Wat… meu amor, me ouça. Sou eu, Kim. Eu estou aqui. Mesmo longe, estou com você. Por favor, reaja. Volte pra mim…, sussurrou o Boss com um nó na garganta.

Do outro lado, algo quase imperceptível aconteceu: Wat franziu levemente as sobrancelhas. Os lábios tremeram. O nome escapou entre os dentes como uma prece:

— Kim...

Alex arregalou os olhos.

— Boss… ele ouviu! Ele está reagindo!

Kim não conseguiu conter uma lágrima que escorreu silenciosa pelo rosto.

— Meu homem corajoso... lute por mim, por nós. Eu prometo, assim que resolver tudo, volto correndo pra te buscar. Vamos superar isso juntos.

Wat se remexeu, os olhos ainda pesados tentando se abrir. Sua mão frágil se moveu sobre o lençol, como se buscasse algo — ou alguém. Alex rapidamente aproximou o celular de sua mão.

— Estou aqui, amor. Sinta minha voz, meu calor, mesmo que por uma tela. Eu te amo mais do que tudo, e você é a minha força. Você vai ficar bem, eu sei disso. — murmurou Kim com firmeza, apesar da dor.

Wat, mesmo em estado febril, esboçou um leve sorriso, ainda inconsciente. Mas era o suficiente. Kim sabia que seu amor o ouvira.

— Fique ao lado dele, Alex. Não o deixe sozinho. E por favor… me mantenha informado. Cada segundo longe dele está me matando.

— Pode deixar, Boss. Eu vou cuidar do nosso menino. Ele vai ficar bem, eu prometo.

Kim encerrou a chamada, deixando a tela escura refletir apenas seu próprio rosto molhado de lágrimas.

— Espere por mim, Wat… eu voltarei. Nem o oceano entre nós é capaz de separar esse amor.

---

Os dias que se seguiram foram longos e silenciosos. No hospital, Wat permanecia em repouso, sua febre oscilando como as marés. Às vezes abria os olhos, confuso, perguntando se Kim já havia voltado. Outras vezes, apenas murmurava o nome do Boss em meio a sonhos febris, como se em outra realidade ainda estivesse sendo abraçado por ele.

Alex estava sempre ali, ao lado da cama, lendo mensagens de Kim em voz baixa, mandando áudios, tentando manter viva a presença do Boss, mesmo à distância. Ay vinha diariamente com alguma comida, que muitas vezes voltava intocada — Wat ainda não tinha forças para sorrir, mas, no fundo, sabia que não estava sozinho.

Enquanto isso, em São Paulo, Kim se encontrava em uma sala envidraçada no alto de um edifício imponente. Estava cercado por empresários, contratos e decisões urgentes, mas sua mente estava longe dali. Em seus olhos havia cansaço. Em sua alma, um peso que não conseguia disfarçar.

— Boss, o senhor está bem? — perguntou uma assistente, ao vê-lo encarar o celular pela quinta vez em cinco minutos.

— Não. Mas preciso estar. — respondeu ele secamente, levantando-se.

No intervalo entre as reuniões, Kim ia até a sacada do hotel, ligava para o hospital e para Alex. E à noite, mandava mensagens para Wat, mesmo que ele não respondesse:

> "Você é o motivo da minha pressa em voltar. Fique forte. Não me deixe sozinho nesse mundo, Wat."

No hospital, Wat começava a mostrar melhoras. Ainda frágil, mas agora conseguia sentar-se. Seus olhos já não estavam tão perdidos.

— Ele mandou mensagem hoje? — perguntou baixinho, olhando para Alex.

— Mandou sim. Quer ouvir?

Alex deu play no áudio. A voz de Kim era doce, porém firme:

> "Wat, meu amor… meu coração pulsa com a esperança de te ver bem de novo. Cada dia aqui é uma eternidade. Cuide-se por nós dois. Estou com você em cada batida do seu coração."

Wat chorou silenciosamente. Mas dessa vez, suas lágrimas não eram de desespero — eram de esperança.

Dias depois, já em casa, Wat finalmente conseguiu levantar da cama, ainda com o corpo fraco. Foi até a sacada do apartamento. O sol da manhã tocava sua pele pálida. Ele olhou para o céu e sorriu, um sorriso tímido, mas verdadeiro.

Pegou o celular, gravou um áudio com a voz rouca:

> "Oi, meu Boss… ouvi sua voz todos os dias. Acho que foi isso que me manteve vivo. Te amo. Volta logo, tá? Vou te esperar aqui, onde é o nosso lugar."

Kim ouviu o áudio ainda no hotel. Apertou os olhos para conter o choro. E ali, pela primeira vez desde que chegara, permitiu-se sorrir.

— Esse é o meu homem… o meu Wat.

Do outro lado do mundo, dois corações continuavam batendo em sintonia. Mesmo separados por quilômetros, estavam ligados por um laço mais forte que a distância: o amor que resistia a tudo.

Entre a ausência e o amor

As madrugadas eram as mais difíceis. No hospital, o soro pingava num compasso solene, enquanto Wat, mesmo adormecido, agitava-se em meio a sonhos confusos. Alex, exausto, não arredava pé. Estava ali mais como guardião do que como amigo — zelando por um amor que não era seu, mas que aprendeu a respeitar.

Certa noite, Wat abriu os olhos repentinamente.

— Kim? — murmurou.

— Ainda não, irmãozinho… Mas ele volta. Prometeu. E o Boss nunca quebra promessas, né?

Wat sorriu fraco. Era como se o nome de Kim tivesse o poder de aquietar os fantasmas que o febre despertava.

**

Do outro lado do oceano, Kim era o oposto da fragilidade de Wat. Ou fingia ser. Em São Paulo, cada passo dele era seguido por executivos atentos, advogados sem tempo e investidores exigentes. Mas mesmo envolto em luxo, Kim se sentia nu — como se tudo aquilo perdesse o sentido na ausência de uma única voz.

No meio de uma reunião tensa, o celular vibrou. Ele tentou ignorar. Não conseguiu.

> Mensagem de Alex: "Ele está acordando mais vezes. Hoje falou teu nome com força. Tá reagindo."

Kim fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu, havia determinação. E dor.

— Precisamos encerrar por hoje — disse com firmeza, levantando-se. — Tenho um compromisso mais importante do que qualquer número.

— Senhor Kim, o conselho... — protestou um dos empresários.

— Que espere.

No hospital, os sinais vitais de Wat estavam estáveis. Ele já respondia a estímulos com mais clareza, e os médicos falavam, pela primeira vez, em alta próxima. Ay apareceu com uma sopa quente, insistindo até que Wat comesse três colheres.

— Se não for por mim, coma por ele. Por aquele maluco que te chama de meu amor mesmo do outro lado do mundo.

Wat riu fraco. Pela primeira vez, um riso de verdade.

**

Na suíte do hotel, Kim finalmente se permitia desmoronar por dentro. Ficava horas olhando para a foto de Wat no fundo da tela. Em uma delas, ele o segurava pela cintura no topo da Torre Namsan, os olhos fechados no beijo.

> "Preciso voltar", pensava. Mas havia coisas a resolver. Contratos a assinar. Inimigos à espreita.

E mesmo assim… Wat estava ganhando força. E ele, perdendo.

Naquela noite, Kim gravou um vídeo. A câmera tremia um pouco — não por medo, mas por saudade.

> “Meu Wat… Eu estou te esperando também. Aqui, onde tudo parece cinza sem você. Já decorei o som da tua risada, e às vezes finjo que ouço só pra enganar o tempo. Aguenta firme, porque eu tô voltando. Dessa vez… pra ficar.”

**

Do outro lado do oceano, Wat viu o vídeo com os olhos marejados. Sentiu o peito apertar, mas o sorriso que nasceu em seus lábios era sereno. Pela primeira vez, acreditava que tudo ficaria bem.

E naquela madrugada, sem febre, sem dor, Wat dormiu tranquilo.

Porque mesmo longe, Kim ainda era seu porto seguro.

---

Mais populares

Comments

Anasilva

Anasilva

Amei demais . Mais capítulos autora

2023-06-13

0

Loucas por leituras online 🤭

Loucas por leituras online 🤭

Tadinho do boss ... volte logo meu amor .

2023-05-30

0

Loucas por leituras online 🤭

Loucas por leituras online 🤭

Mais um casal gostosos 😋

2023-05-30

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!